Hoje (11), coerente com sua extrema devoção pela Santa Reeleição, o
Bozo inevitavelmente sancionará a emenda bilionária que anistia
igrejas dos tributos que deveriam pagar, após 23 dos 24
partidos da Câmara Federal terem apoiado tal
mamata, escandalosa para um país à beira
da pior depressão econômica
de sua História.
.
Traídos pelos outros partidos que nos deveriam representar (com
exceção do Psol, o único que não vendeu sua alma), só nos
resta protestar, mesmo sabendo que clamaremos no
deserto. Que a paz do Bezerro de Ouro esteja
com os traíras! (por Celso Lungaretti)
IGREJAS S/A: UM GRANDE NEGÓCIO
ECUMÊNIO E SUPRAPARTIDÁRIO
Quando se trata de agradar igrejas de todas as denominações para lesar o Tesouro Nacional, desaparecem as divergências religiosas e partidárias.
Assim, siglas de todas as latitudes, da extrema-direita à extrema-esquerda, se uniram no Congresso Nacional para aprovar um projeto que anistia dívidas tributárias dos templos e os isenta do pagamento de contribuições previdenciárias.
Toda a bancada do PC do B e sete parlamentares do PT se uniram aos adversários da base do governo para apoiar esta mamata que custará quase R$ 1 bilhão aos cofres públicos.
Num país que nada em dinheiro, já está tudo pronto para o projeto ser assinado pelo presidente Jair Bolsonaro nesta 6ª feira (11), a data-limite para sancionar ou vetar o perdão das dívidas dos representantes de Deus.
Afinal, a bancada da Bíblia é um dos esteios de apoio ao governo, ao lado das milícias, com quem disputa poder político em cada vez maiores porções do território nacional.
Não tem erro: no fim de abril, Bolsonaro promoveu uma reunião entre o deputado federal David Soares, autor da emenda, e o secretário especial da Receita Federal José Barroso Tostes Neto, para acertar os débitos das igrejas e ordenar à equipe econômica a solução do problema.
Davi Soares vem a ser filho do missionário televisivo R.R. Soares, dono da Igreja Internacional da Graça de Deus e de uma dívida de R$ 37,8 milhões, além de outros débitos milionários, ainda em fase de cobrança administrativa pela Receita.
Bolsonaro já defendeu em público a possibilidade de acabar de vez com os poucos impostos e taxas ainda cobrados das igrejas, para fazer justiça com os pastores, com os padres, nessa questão tributária.
Mas os técnicos do Ministério da Economia resistiram às ordens do presidente e, ainda nesta 4ª feira (9), um parecer da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional recomendou ao governo o veto total à emenda da família Soares, contrabandeada para um projeto que determina à União o uso no combate à pandemia do dinheiro economizado em negociações de precatórios. Se não quiser desagradar o chefe, Paulo Guedes terá de engolir mais esse sapo.
O tema original do projeto não tinha nada a ver com a anistia que agora deverá ser concedida às igrejas, uma operação ecumênica e suprapartidária, que tramitou no Senado e na Câmara, para beneficiar o grande negócio das sociedades anônimas das igrejas e suas empresas associadas, que querem se livrar da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e das dívidas com a Previdência.
Engana-se quem pensa que só as barulhentas seitas neo-pentecostais dos milionários bispos da grana, das sacolinhas e seus monumentais templos salomônicos estão por trás desta nova maracutaia político-religiosa.
Na Igreja Católica, pontifica o padre Robson de Oliveira Pereira, dono da Associação Pai Eterno e Perpétuo Socorro, ligada à Basílica do Divino Pai Eterno, na cidade de Trindade (GO), também um homem de grandes negócios e pouca fé.
O padre-celebridade, que tem 3,9 milhões de seguidores no Facebook, está sendo investigado pelo Ministério Público de Goiás sobre o desvio de pelo menos R$ 130 milhões em doações de fiéis para a construção de uma nova basílica.
Uma parte, ele resolveu investir em imóveis, segundo a denúncia –entre eles, uma fazenda de R$ 6 milhões em Abadiânia, a cidade de João de Deus, e uma casa de praia de R$ 3 milhões, na Bahia, que ninguém é de ferro.
Em nota, a Arquidiocese de Goiânia afastou o padre Robson e informou que vai contratar uma empresa idônea de auditoria externa para saber o que aconteceu com o dinheiro doado pelos fiéis.
Em comum, há apenas a devoção dos fiéis, que tiram do pouco que têm para alimentar os delírios de grandeza e poder dos pastores de almas.
Só de vez em quando um João de Deus da vida vai em cana.
Vida que segue. (por Ricardo Kotscho)
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