ricardo kotscho
OS BATISMOS DE BOLSONARO: DE MALUF A
PASTOR EVERALDO, TUDO UMA GRANDE FARSA
A emblemática imagem do batismo de Jair Bolsonaro pelas mãos do Pastor Everaldo nas águas do rio Jordão, em Israel, resume a grande farsa da trajetória política de Jair Bolsonaro.
Ele começou no partido de Paulo Maluf, em que passou a maior parte da sua carreira de deputado do baixo clero, até ser adotado pela elite do atraso e virar presidente da República, com o aval de Paulo Guedes.
Católico como Maluf, que está em prisão domiciliar, o ex-capitão só mudaria de partido e de religião em 2016, quando já tinha mais de 60 anos e iniciava a sua campanha eleitoral, na mesma época em que se armava em Brasília o impeachment de Dilma Rousseff.
Devoto da Assembleia de Deus, Pastor Everaldo, que foi preso na 6ª feira (28) , não só abriu as portas do PSC para Bolsonaro, mas também dos templos das seitas evangélicas neo-pentecostais dos Malafaias e Macedos, que dividem o poder no Rio com as milícias.
Líder sindical de militares e policiais na Câmara, o então deputado do Partido Progressista nunca fez parte da bancada evangélica antes de virar candidato. Era mais próximo da bancada da bala.
Com a implosão do sistema político-partidário pela Lava Jato, Bolsonaro emergiu desse submundo da política fluminense, que já levou cinco ex-governadores do Rio para a cadeia e provocou o afastamento por 180 dias do atual, Wilson Witzel, na mesma operação que prendeu o pastor e dois filhos.
Dono do PSL, Everaldo Dias Pereira, um bolsonarista da primeira hora, já foi até candidato a presidente da República, em 2014, quando atuou como laranja de Aécio Neves, patrocinado pela Odebrecht. .
Chegou ao poder como eminência parda de Witzel e agora é acusado de lavar dinheiro desviado de contratos da saúde durante a pandemia, comprando imóveis com dinheiro vivo, depósitos fracionados e laranjas. Só lhe falta uma loja de chocolate.
Lembra alguma coisa?
No final da campanha eleitoral de 2018, Bolsonaro trocaria o PSC pelo PSL, outra legenda de aluguel, que só tinha um deputado, com a qual se elegeu e também já rompeu.
Siglas políticas e religiosas não querem dizer nada para o ex-capitão presidente. Só lhe interessam os votos. Incapaz de criar uma nova sigla para chamar de sua, agora é o primeiro presidente da República sem partido.
Eleito sob a bandeira do combate à corrupção (dos outros), conservador nos costumes e liberal na economia, não é uma coisa nem outra. Trata-se de um bufão.
Já despachou o justiceiro Sergio Moro e agora está fritando o ultraliberal Paulo Guedes, encarregado de conciliar os interesses do 1% mais rico da população, que fica com 30% de toda a renda do país, com os 5% mais pobres, que ganham R$ 165 por mês, para viabilizar o Renda Brasil, sua nova bandeira eleitoral para 2022.
Por que não cobrar dos riquíssimos para dar aos paupérrimos?, perguntou Julianna Sofia em sua coluna na Folha de S. Paulo.
Pois é, cara Julianna, reside aí o grande dilema deste presidente improvável e indescritível, que precisa do apoio do mercado de Guedes e seus bancos, e ao mesmo tempo garimpa os votos dos miseráveis, para garantir a reeleição, o único projeto da grande farsa que é esse governo bolsonarista, normalizado e sustentado pelas elites, dos generais de pijama aos rentistas, passando pelos isentões e pelos bundões (que o presidente homenageou na semana passada).
Sugestões para a próxima campanha:
— Brasil, um país onde a morte venceu a vida.
— A ignorância venceu o saber.
— As armas estão liberadas e os livros serão taxados.
— A boçalidade é empoderada.
— Todas as instituições estão ou serão aparelhadas por terrivelmente evangélicos.
— As versões das fake news venceram os fatos.
— Nada será como antes.
E pensar que tudo começou naquele batismo no rio Jordão, sob as bênçãos da Lava Jato e do mercado...
Vida que segue.
(por Ricardo Kotscho)
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