sexta-feira, 31 de julho de 2020

VARGAS, DE INSPIRAÇÃO FASCISTA, FAZIA-SE PASSAR POR "PAI DOS POBRES". SERÁ ESTE O EXEMPLO QUE O BOZO DECIDIU IMITAR?

vinícius torres freire
BOLSONARO, O COMUNISTA
.
Jair Bolsonaro fez caravana pelo Nordeste. 

Fez um minicomício em São Raimundo Nonato, sul do Piauí, cidade que está no quinto daquelas de menor desenvolvimento humano do país, segundo o ranking da Firjan, mas que muito progrediu nos anos lulistas. 

Inaugurou uma obra de abastecimento de água em Campo Alegre de Lourdes, na Bahia, ainda mais pobrinha que sua vizinha piauiense.

De dezembro de 2019 a junho de 2020, o Nordeste foi a única região em que Bolsonaro ganhou algum prestígio, segundo o Datafolha. Quando se trata de renda, apenas entre as famílias que ganham menos de dois salários mínimos o presidente ganhou pontos.

Os economistas de Bolsonaro querem tributar o 1% mais rico do país, embora também desejem uma CPMF, que não pega só a elite, pega 1%, pega geral, imposto especialmente detestado por banqueiros.

Paulo Guedes propôs um tributo que deve aumentar o custo de serviços consumidos pelos mais ricos (escola e saúde privadas, advogados etc.), a Contribuição Social sobre Bens e Serviços. Seus economistas dizem pelos jornais que querem diminuir as deduções de saúde e educação no Imposto de Renda (em geral, coisa de ricos).

Querem tributar lucros e dividendos, o que vai mexer com profissionais que são empresas de si mesmo no Simples, entre outros, além de pegar parte do dinheiro que rendem aquelas ações da Bolsa. 

Querem uma alíquota de IR maior do que 27,5% para pegar quem ganha mais de R$ 36 mil (que está no 1%), como disse a esta Folha Guilherme Afif Domingos, assessor de Guedes, como se fora um líder do Occupy Faria Lima.

Guedes quer criar um Bolsa Família ampliado. É verdade que o dinheiro extra do seu Renda Brasil é por ora apenas um catadão de recursos de outros programas sociais. Mas já poderia discutir o assunto com sociólogos de esquerda.

Como todos os governos da esquerda que domina o Brasil faz 30 anos (de acordo com Guedes), Bolsonaro se alia ao PP e suas variantes de ontem, hoje e sempre. 

Pelo menos desde abril, corre o boato de que alguns de seus generais querem mais obras públicas, intervenção do Estado. O presidente aceitou a contragosto a reforma da Previdência, coitado.

O presidente agora ataca não apenas Sergio Moro, ex-cruzado e trânsfuga do bolsonarismo, mas também a Lava Jato e o lava-jatismo, tal como petistas. Por isso ganhou um Fora, Bolsonaro do Vem pra Rua, parte marchadeira da frente que depôs Dilma Rousseff.

Com essa ficha, um Jair qualquer passaria por comunista ou esquerda lixo nas redes insociáveis da extrema-direita. Não é bem o caso, né, mas os planos de gastos e impostos do governo têm interesse político.

A CPMF não vai passar, repete Rodrigo Maia, mas Bolsonaro (e o próprio Maia) vão levar adiante a tributação dos mais ricos? 

A fim de abrir espaço para um programa de renda básica mais gordo e não mexer no teto, vão confiscar parte dos salários dos servidores federais (além de juízes e procuradores. Militares inclusive?)?

O protesto do 1% (ou dos 10%) vai derrubar parte relevante da reforma tributária? Ou vai ter reforma na marra e o Congresso vai pagar o preço de aumentar os impostos da classe média (como quase todos os ricos se chamam)?

Como não se trata de um governo normal ou racional, é difícil discutir direito tais assuntos. Mas as realidades da penúria e da sobrevivência político-eleitoral vão fazer Bolsonaro trombar com essas questões. 

Como dizia a propaganda do Exército, chega um momento em que o jovem tem de escolher a sua carreira. (Vinicius Torres Freire)

10 comentários:

Henrique Nascimento disse...

Dias tristes vivemos. Aqueles que esperaríamos ter mais de discernimento sobre a real conjuntura, estão engajados em defender os indefensáveis. Aos pobres favelados, sim esses têm que ter total compaixão quando vão sacar alegremente os 600 reais. Mas, como diz o ditador popular "há males que vêm para o bem". Aguardemos então.

Anônimo disse...

O blogueiro foi muito infeliz ao intitular o texto com uma comparação de Vargas com o baixo clero do bozo.

Vargas criou o Ministério do Trabalho e a CLT; bozo desfigurou a CLT e ferrou com o trabalhador, bem como extinguiu o Min. Do Trabalho.

Vargas criou a Petrobrás; bozo privatizou-a em surdina junto com os campos do Pré-sal.

Vargas tirou proveito das pressões dos istêits para entrar na 2ª Guerra e construiu a CSN; bozo lambe os sapatos do destrumpelhado e faz o país passar vexame.

Vargas criou o SESP (Serviço Especial de Saúde Pública); bozo comete genocídio com sua omissão na pandemia.

celsolungaretti disse...

Henrique,

não sei a quem você se refere como carente de "mais discernimento", mas o artigo do Vinícius Torres Freire é muito feliz ao analisar as novas jogadas populistas do Bozo, que já extraiu tudo que podia do antipetismo e do anticomunismo e não pode mais apresentar-se como paladino do combate à corrupção (já que trombou com a Lava-Jato) e à "velha política" (já que agora voltou a ser amigo do centrão desde criancinha).

Faltava-lhe um valor positivo a que se agarrar, agora que os valores negativos que o sustentavam caducaram. Parece que vai ser o de "pai dos pobres", inclusive roubando bandeiras do PT.

Duvido que o autor do artigo nutra simpatias pelo personagem histórico Getúlio Vargas. Eu, muito menos, pois sua ditadura foi precursora da de 1964/85, assim como Filinto "falta alguém em Nuremberg" Muller foi precursor do Brilhante Ustra.

Então, não estamos, nem de longe, elogiando a nova fantasia do Bozo, mas sim alertando os leitores para o que vem por aí.

celsolungaretti disse...

Anônimo das 14h41,

não me refiro ao Getúlio Vargas idealizado pelos propagandistas, mas sim ao real, óbvio admirador dos regimes totalitários europeus e que plagiou descaradamente a "Carta del Lavoro" do Mussolini.

Quanto à Petrobrás, só pode ser bandeira, nos dias de hoje, de quem quer ver a humanidade destruída, pois já passou há muito tempo o momento de prescindirmos totalmente de combustíveis fósseis.

Que se danem os exterminadores do futuro, sejam eles as multinacionais ou o Estado brasileiro! A Petrobrás pertence ao século passado e hoje nada é além de uma ameaça
letal a nós, nossos filhos, nossos netos e aos que virão depois (se existir "depois"...).

Nada ilustra melhor a prevalência do lucro sobre a vida no capitalismo do que não termos conseguido até agora eliminar a galinha dos ovos de ouro das indústrias automobilística e petroleira.

E a postura anti-EUA é outra relíquia do passado. O capitalismo é um monstro de muitas cabeças, como a Hidra de Lerna. Se cortarmos a estadunidense, num piscar de olhos ele se recomporá sob a liderança da China ou da Alemanha. Ou damos um fim ao capitalismo como um todo, ou ficaremos eternamente patinando sem sair do lugar.

Henrique Nascimento disse...

Não foi ao autor do artigo a quem me referi, muito longe disso. O Vinicius é um cara muito sensato nas suas análises. Além disso, ele não defende ninguém nesse artigo.

Me referi às pessoas como o anônimo que postou o comentário acima (que defendem um ditador oportunista que ora estava com os facistas e depois se aliou aos EUA em troca de algumas migalhas e explorando os nordestinos que vieram para cá na Amazônia explorar a borracha para a guerra). São pessoas que momento como esse não conseguem ter o mínimo de discernimento e não conseguem ver (ou se negam a ver pois deve ser muito dolorido) que Getúlio e Lula são os principais propulsores do populismo.

Anônimo disse...

Sugiro pesquisar a biografia do intelectual, advogado e revolucionário Joaquim Pimenta, que foi a figura central da comissão que elaborou as primeiras leis trabalhistas brasileiras e posterior CLT.

Quanto à Petrobrás, por que desprezar tanto suor e lágrimas acumulados para erigi-la a uma das gigantes do mundo ? Que o capitalismo tupiniquim siga o seu curso até o fim, mas sem queimar etapas a total favor dos gringos.

celsolungaretti disse...

Anônimo das 23h02,

você acha que, em vez de me ocupar das lutas do presente, eu vou escarafunchar velharias empoeiradas para dar a última palavra num assunto que divide os historiadores?! Brincou.

O fato é que as leis trabalhistas do Vargas serviram para atrelar o proletariado brasileiro ao Estado "bonzinho e protetor", afastando-o das pregações comunistas e anarquistas. Parece-me evidente que, como Mussolini, Getúlio matou dois coelhos com uma cajadada.

E, como se trata do homem que pilotou o Estado Novo, precursor do terrorsimo de Estado da ditadura dos generais, além das barbaridades que o Filinto Muller perpetrava nos porões do regime, eu tendo a crer nos historiadores que veem a CLT como inspirada pela Carta del Lavoro.

Quanto ao capitalismo tupiniquim, o que eu quero é abreviar o quanto puder seu curso, antes que ele desgrace mais ainda o povo brasileiro e todos os demais povos, pois somos partes de uma mesma espécie. E que a Petrobrás e toda a indústria petroleira se explodam, para que a humanidade seja salva, se isto ainda for possível.

celsolungaretti disse...

Henrique,

eu realmente não tinha entendido qual era a sua posição, mas aproveitei para dar uma explicação àqueles leitores que sempre confundem os cenários futuros que projetamos com uma torcida pessoal para que eles aconteçam.

Infelizmente, muitas vezes me deparei com esse tipo de incompreensão, quando eu estava descrevendo cenários possíveis exatamente para alertar os leitores de que deveríamos nos esforçar para evitá-los.

Acho que isso me deixou meio traumatizado, a ponto de rebater críticas que ainda nem foram feitas. Talvez os tempos tenham mudado e esse risco, diminuído.

Anônimo disse...

Caro, blogueiro

Percebe-se que a sua angústia é ter dna tucano e ser obrigado a se travestir de revolucionário por força das circustâncias.

Desafio-lhe a publicar este meu comentário.

celsolungaretti disse...

E por que haveria de não publicá-lo, se você insiste em passar vergonha?

Quando alguém escreve um livro sobre toda sua trajetória política, as pessoas que querem contestá-lo deveriam informar-se um pouco antes de desandarem a escrever bobagens.

Se o tivesse lido, saberia que:
— o primeiro documento teórico que redigi foi no final de 1968, para o congresso da União Paulista dos Estudantes Secundaristas, defendendo uma linha de atuação mais contundente e repudiando as posições moderadas. Tracei um paralelo com "Reforma ou Revolução?", da Rosa Luxemburgo, colocando nossos adversários como reformistas e a nós como revolucionários;
— quando o grupo secundarista a que eu pertencia foi convidado para ingressar numa agrupamento de âmbito universitário, eu e meus companheiros da Zona Leste paulistana optamos por recusar a proposta e escolhermos, para nos engajarmos, alguma organização que já estivesse travando a luta armada (discutimos com ALN, PCBR, POC e VPR, acabando por decidirmo-nos pela última);
— na luta interna da VPR, em setembro de 1969, eu e o companheiro Moisés fomos os primeiros a levantar a bandeira do racha com a VAR-Palmares e reconstrução da VPR, exatamente por entendermos que a VAR não estava priorizando como deveria a tarefa que considerávamos principal (o lançamento da coluna móvel estratégica);
— saí do PT na segunda metade da década de 1980 após ter cumprido praticamente sozinho o dever revolucionário de prestar solidariedade à greve de fome dos "quatro de Salvador", aos quais o partido voltara as costas por temer que eles assustassem eleitores na eleição que se avizinhava (eu e os quatro fomos então xingados de "cães danados" pelo Rui Falcão que, além de negar apoio a companheiros de ideais, ainda ficou raivoso por eu tê-los salvado, levando o protesto deles à vitória);
— também fui um dos raríssimos esquerdistas a apoiar o Paulo de Tarso Venceslau, ex-ALN, expulso porque denunciou os primeiros desvios éticos do partido, com o compadre e advogado do Lula pilotando um esquema de desvio de recursos das prefeituras em mãos do PT para os cofres partidários (alertei então que a decisão impactaria como um "liberou geral" para a corrupção que acabaria por destruir o PT, e foi exatamente o que aconteceu depois);
— quando exercia meu ofício de jornalista na Coordenadoria de Imprensa do Palácio dos Bandeirantes, a convite de um ex-diretor de redação da Agência Estado, fui exonerado, juntamente com todos os jornalistas demissíveis (alguns tinham estabilidade garantida) numa troca de governo em que assumiu um tucano (ou seja, além de ter sido sempre adversário figadal das posições social-democratas, pois quero a extinção do capitalismo e não uma conciliação qualquer com ele, ainda devo ao PSDB a perda de um emprego num momento em que o mercado jornalístico estava em crise e eu tive dificuldade para encontrar outro).
— durante os mandatos presidenciais petistas (que também seguiram uma linha social-democrata) não recebi nem pleiteei nenhuma boquinha, no meu blog jamais entrou um centavo de inserções publicitárias de órgãos públicos (nem privados, aliás) e sempre estive à esquerda das posições petistas, o que me acarretou vários tipos de retaliações.

Tudo isso está documentando no meu blog, no meu livro, e numa infinidade de registros que você poderia ter acessado por meio de buscas virtuais. Então, quando quiser desqualificar alguém, faça acusações plausíveis. Vir com disparates só serve para te desmoralizar.

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