segunda-feira, 6 de julho de 2020

ELES PROMETEM A VOLTA DE JESUS, MAS SUAS AFINIDADES SÃO COM O BEZERRO DE OURO, O FALSO PROFETA E O ANTICRISTO

rui martins
A VOLTA DE CRISTO EM MEIO À PANDEMIA, COMPLÔS E
CONSPIRAÇÕES DE EVANGÉLICOS COM A EXTREMA-DIREITA
Cristo vai voltar – garantem os pastores evangélicos em seus vídeos no Youtube, vistos por milhares de fiéis, que chegam a render R$ 8 mil por mês segundo informações da agitadora Sara Winter. 

[Ela anda frustrada por ter perdido a monetização de seus vídeos, nos quais ataca o STF e chama os homens para a luta.]

Outros garantem estar próximo o fim do mundo, num cataclismo planetário. A nova peste ou a pandemia do coronavírus teria vindo como anunciadora dos últimos dias da Terra.

Essa é a maneira profética e atemorizante como pastores, videntes e médiuns, em contato com espíritos, interpretam o caos sanitário, econômico e mesmo político do momento atual.

O apelo é para o arrependimento, pois se Cristo decidir mesmo retornar, vai ser para julgar vivos e mortos. O Ibope não fez ainda uma sondagem a respeito, mas se fizer o resultado será catastrófico – a maioria será considerada pecadora, culpada e boa para virar churrasco no fogo do inferno.

Mas não é só isso. Quem não se impressiona com os gritos histéricos dos pregadores pode acabar se deixando influenciar pelos rumores de complôs e conspirações que circulam pela Internet, influenciando milhares de pessoas. E o que dizem esses rumores? Coisas horríveis!

P. ex., somos governados por uma elite satânica. O povão não sabe, mas embaixo de nós, de nossas cidades, existem túneis subterrâneos, onde gente importante como políticos, atores de Hollywood, canais de televisão e os mais ricos empresários praticam atos imorais, torturam crianças e bebem seu sangue.

Quem propaga isso? 

Tudo começou nos Estados Unidos com sites ou plataformas na internet de trocas de imagens e mensagens como 4chan e 8chan, inspirados em modelo japonês. 

Mas acabaram se transformando em pontos de encontro da extrema-direita, supremacistas brancos, verdadeiros gabinetes de ódio propagadores de teorias de conspirações e complôs, hoje conhecidas como fake news

A essas plataformas pertenciam os membros mais fanatizados e extremados, responsáveis por graves atentados cometidos individualmente.

Hoje esses extremistas, com ramificações pela Europa e mesmo na Suíça, são conhecidos como membros de QAnon. Originalmente Q era um utilizador anônimo, Anon, que, dizendo-se funcionário do governo estadunidense, passou a divulgar as teorias mais malucas sobre os governos mundiais. A única esperança, dizem, é Donald Trump, capaz de utilizar o exército contra esse Estado satânico. 

Quem são os financiadores dessa sociedade secreta?
A plataforma mundial tem o nome de Qlobal-Change no Youtube. Especializado em versões fantasiosas, dizia recentemente que as manifestações Black Lives Matter eram organizadas com o objetivo de desencadear uma guerra civil e derrubar Donald Trump.

O próprio Trump e seu ex-assessor Steve Bannon já foram citados como inspiradores. No mês de maio, um grupo com o Q nas camisetas saiu do anonimato, manifestando em Zurique, para denunciar o complô mundial (!).

Considerados como potencialmente terroristas por ameaçarem entrar em luta, eles revelam a extraordinária força das redes e plataformas baseadas na Internet, como Facebook, Youtube e Twitter que, valendo-se da liberdade de informação. pregam justamente o oposto – uma sociedade totalmente controlada pelos detentores do poder.

E aqui chegamos ao Brasil, onde a campanha de Bolsonaro para a presidência foi feita à base de mentiras e falsas informações, teorias conspiratórias e de complôs, adicionada de discursos rancorosos, prevendo matar os adversários corruptos e fazer uma limpeza necessária, no que se passou a chamar de gabinete do ódio.

Ao contrário do esperado, os evangélicos (a versão populista dos Evangelhos, propagada por divulgadores sem formação teológica, mas chamados de pastores por tocarem o rebanho doutrinado e manipulado) não se opuseram ao discurso armamentista, racista, de ódio e de destruição da democracia em favor de uma ditadura.

Pelo contrário, prepararam-se para imitar o clero de outras ditaduras passadas e presentes, buscando extrair o máximo de vantagens desse concubinato com o poder.

Sem esquecer da ligação de Bolsonaro com Trump e Bannon, sem dúvida bem vista pelos terroristas fake-news da Internet do QAnon. (por Rui Martins)

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