Segundo o último comunicado do consórcio da imprensa (a única totalização confiável dos dados disponíveis sobre o avanço da pandemia no Brasil), os casos confirmados são 1,111 milhão; e o número de óbitos, 51,4 mil.
Mas, o quadro da contaminação pode ser bem pior, segundo o diretor-executivo da Organização Mundial da Saúde, Michael Ryan: 3, 671 milhões de casos!
Um indício de que o número real seja acentuadamente maior é a porcentagem de testes de coronavírus que dão resultado positivo no Brasil: 31%. “Nos países que aplicam grande número de testes, a porcentagem de positivos fica perto de 5%”, afirmou Ryan, lembrando que ainda é bem pequena a quantidade de testes efetuados em nosso país.
Mas, em quanto o número real seria maior? O Imperial College britânico, baseado no total de mortos declarados na última semana, calculou que o Brasil esteja registrando apenas 34% dos casos possíveis; ou seja, o número de brasileiros infectados seria o triplo do informado.
O Imperial College parte da premissa de que a taxa de mortalidade por caso de coronavírus é 1,38% —para cada morte relatada, 72,5 pessoas infectadas. Neste domingo, o país atingiu 50.659 mortes, o que equivaleria, portanto, às tais 3,671 milhões de contaminações.
Acham muito? Segundo o Hélio Schwartsman, colunista da Folha de S, Paulo, é possível que o Brasil já tivesse 5,4 milhões de contaminados no início deste mês.
Isto porque a segunda fase do estudo Epicovid-19, com trabalho de campo efetuado entre os últimos dias 4 e 7, apontaram que 2,6% da população pesquisada em 83 municípios já haviam sido infectados.
Quanto às mortes, Marcelo Soares, num levantamento para O Globo, calculou em 21 mil os óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave que foram registrados sem identificação do agente etiológico, mas deveriam ter sido atribuídos à pandemia
"Quadros respiratórios são a principal apresentação grave da Covid-19, mas não a única. Uma fatia dos óbitos por vasculopatias, que incluem infartos, AVCs, TEPs e insuficiências renais, também pode ser creditada ao vírus", acrescentou Schwartsman.
Jair Bolsonaro, que não leu nada disto –e, ainda que houvesse lido, provavelmente não teria entendido bulhufas e logo desistido, pois não suporta textos longos–, voltou a defender a retomada plena das atividades econômicas, alegando que as precauções contra a Covid-19 seriam exageradas...
Exagerados são os totais de contaminações e óbitos, para cuja maximização ele faz tudo ao seu alcance, o tempo todo. Daí a necessidade de seu afastamento urgente de um cargo do qual jamais esteve à altura, inclusive em termos morais. (por Celso Lungaretti)
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