quinta-feira, 28 de maio de 2020

QUEM COM POLÍCIA FEDERAL DESEJA FERIR, COM POLÍCIA FEDERAL É FERIDO

josias de souza
INQUÉRITO SOBRE FAKE NEWS DEIXA BOLSONARO COLÉRICO
As visitas da Polícia Federal a endereços de bolsonaristas tiraram Jair Bolsonaro do sério. 

Na expressão de um auxiliar, "o presidente ficou colérico" com as batidas de busca e apreensão realizadas por policiais federais no âmbito do inquérito sobre fake news, relatado no Supremo Tribunal Federal pelo ministro Alexandre de Moraes. 

Para Bolsonaro, Moraes move-se para atingir "o meu governo e filho meu": Carlos Bolsonaro, o Carluxo

Chefe de uma organização familiar, Bolsonaro comporta-se como presidente de uma filhocracia. Já responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal sob a suspeita de intervir politicamente na PF para evitar "sacanagens" contra familiares e amigos. 

Agora, Bolsonaro ameaça peitar a Suprema Corte em reação à investida de Moraes contra parlamentares, ativistas e empresários bolsonaristas. Escora-se no fato de que o inquérito possui legalidade duvidosa. Foi aberto pelo presidente da Corte, Dias Toffoli, sem a participação do Ministério Público, braço acusador do Estado. 

Implacável, a conjuntura ofereceu a Bolsonaro um ensinamento: quem com PF deseja ferir, com PF será ferido. O esforço do presidente para faturar politicamente com ações policiais expôs precariedade intelectual, truculência política e inabilidade funcional. 

Bolsonaro revelou-se precário porque a mesma PF que o Superior Tribunal de Justiça colocou nos calcanhares do seu rival Wilson Witzel estoura, por determinação do Supremo Tribunal Federal, o esquema bolsonarista nas redes sociais. 

A truculência do presidente revelou-se na ligeireza com que ele anunciou, nesta 4ª feira, que "vai ter mais" ações da PF. 

Foi como se desejasse sinalizar para governadores rivais que há uma nova Polícia Federal na praça, submetida aos desejos do presidente. 

Bolsonaro mostrou-se um gestor inábil porque compromete a imagem respeitosa de órgão de Estado que a PF solidificara na Lava Jato. Até o Supremo passou a suspeitar. Preventivamente, Moraes proibiu a PF de modificar a equipe que toca o inquérito que roça no chamado gabinete do ódio do bolsonarismo. 

O mais inusitado é que Bolsonaro e os filhos produzem sozinhos as crises que drenam as atenções do governo. Dispensam o auxílio da oposição. E dão de ombros para a evidência de que a prioridade nacional é a crise do coronavírus. (por Josias de Souza)

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