sábado, 18 de abril de 2020

SEM QUARENTENA, VÍRUS DERRUBARÁ BOLSONARO AINDA NESTE ANO

Vamos esperar que dê certo, pois está em jogo a vida de centenas de milhares de pessoas. 

Porém a Turquia já fez isso e está dando zebra. Erdogan, o presidente turco, começou aplicando o chamado confinamento vertical, mas este só acelerou a transmissão do virus na população.

O Brasil é muito maior que a Turquia e grande parte de sua população é mais pobre que os turcos. Má alimentação dos pobres significa fraqueza ou menor resistência diante de ataques do vírus. O que pode acontecer? O que Mandetta queria evitar?

Pode aumentar o número de pessoas contaminadas com o vírus, num número maior que o dos leitos nos hospitais e muito maior que a quantidade de respiradores disponíveis.

Porque a quarentena não é um remédio, é um recurso matemático para evitar uma situação de congestionamento e falta de camas nos hospitais. 

Ou seja, com a quarentena os doentes vão chegando aos hospitais num ritmo menor e há tempo para se tratar quem corre risco de morte.  Geralmente 20% dos contaminados morrem e 80% se salvam, esta é a tendência da estatística mais ou menos observada.

Sem quarentena, se ocorrer uma explosão de contaminações, não haverá camas suficientes nos hospitais e muito menos respiradores. 

O resultado poderá ser dramático – em lugar de morrerem 20% dos infectados como agora, tal percentual pode aumentar, morrendo mais gente não pelo vírus, mas sim por falta de assistência médica.

Na Europa, a Suíça vai começar a diminuir o confinamento a partir do dia 27, a Alemanha a partir do no dia 11 de maio. Devagar, para estes países estarem preparados, no caso de haver ainda muitas novas contaminações.

Talvez em junho as coisas comecem a se normalizar com a maioria da população já contaminada pelo vírus mas sem terem ficado gravemente doentes ou terem sido curadas nos hospitais.

Ora, no Brasil, o vírus chegou mais tarde e, por isso, a propagação será mais forte em fins de maio e no mês de junho. Sem confinamento, haverá muito mais mortes, porque entrará também o fator falta de leitos nos hospitais com a decorrente falta de tratamento.

Bolsonaro agiu hoje como um jogador em Las Vegas, ele está praticamente sozinho na crítica a todos os outros presidentes de países em todo mundo.. Será que ninguém lhe mostrou a tabela geométrica da propagação das contaminações possíveis com o fim da quarentena?

Para Bolsonaro, o risco é grande: vai ser oito ou oitenta. Se sua aposta ou carta de baralho não ganhar, Bolsonaro não emplacará 2021.

Sem querer repetir Bolsonaro e jogar ou apostar, prefiro me basear nos cálculos da marcha do vírus com ou sem quarentena. 

Sem quarentena o Brasil vai perder o controle do vírus, haverá muitas mortes e Bolsonaro vai acabar perdendo o apoio até dos evangélicos. 

Tudo vai depender de o novo ministro da Saúde obrigar os governadores a acabarem agora com a quarentena. Seria uma vitória de Pirro. 
(por Rui Martins, de Genebra)

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