sexta-feira, 10 de abril de 2020

FAZER DA CLOROQUINA UMA PANACEIA É APOSTA DESESPERADA DO BOLSONARO TENTANDO REVERTER SEU DECLÍNIO

Muitos internautas e até um analista da grande imprensa acreditam que o presidente em contagem regressiva para o afastamento ganhou um round na batalha da informação com o auê desmedido que insuflou sobre a excelência da cloroquina para um uso diferente do original (o tratamento da malária e da amebíase hepática).

Estão errados: trata-se de uma vitória de Pirro, que adiante se comprovará devastadora não apenas para a obsessão do Capitão Corona de reeleger-se em 2022 (sua prioridade absoluta enquanto os brasileiros morrem devido à sua falta de condições intelectuais, psicológicas, psíquicas e morais para o exercício do cargo), como até para sua permanência como presidente. É das mais remotas a possibilidade de ele continuar sendo-o em 2021. 

Repassemos a sequência dos acontecimentos. 

Tendo sido levado às cordas por sua incompetência em administrar a emergência sanitária, o presidente miliciano tentou recuperar a iniciativa com as manifestações contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal do último dia 15, evidentemente orquestradas por ele, embora não pudesse admiti-lo sem correr o risco de impeachment.

Acreditava que enormes multidões iriam intimidar parlamentares e ministros do STF, mas a patetada golpista flopou. Aí resolveu dobrar a aposta, tornando-se ele mesmo a notícia principal, de forma a colocar em segundo plano a pouca expressividade dos atos. 

Pensou mal e agiu pior, indo espalhar vírus entre manifestantes de forma alucinada, num desafio aberto às restrições sanitárias.

Foi quando ele definiu seu destino: será inevitavelmente afastado, como o único governante de uma nação importante a insistir no negacionismo da pandemia quando já estava mais do que evidenciada sua periculosidade; e também por estar se desacreditando cada vez mais como o condutor sereno de que nosso país precisa para minimizar as perdas durante os tsunamis sanitário e econômico. 

Neste exato momento, estão voltando às ruas brasileiros sem autodisciplina suficiente para suportarem o isolamento, ou sem meios para subsistirem permanecendo em casa, ou sem capacidade intelectual para aquilatarem os riscos que correm. 

Mas, quando as contaminações e os óbitos chegarem ao auge e estivermos passando por um pesadelo semelhante ao da Itália, os inconscientes e os inconsequentes procurarão um bode expiatório para a calamidade que ajudaram a propiciar. E acabarão somando suas vozes à do número crescente de brasileiros que repudia o pior presidente deste país em todos os tempos. 

Ou seja, a vitória propagandística em fazer o grande público acreditar que um último recurso para casos graves fosse uma panaceia para todos os casos, inclusive tornando dispensável a quarentena, servirá apenas para associar indelevelmente a imagem de Bolsonaro a uma calamidade pública e isto será fatal para seu mandato quando os cadáveres estiverem se empilhando nos necrotérios ou abandonados pelas ruas.

Afora ele, com sua ignorância crassa sobre os procedimentos da medicina, poder ver desabar sobre si a culpa por qualquer consequência funesta dessa febre da cloroquina que ele produziu com seu achismo de leigo e que certamente impulsionará a automedicação em larga escala.

Houve um possível precedente em 1957/59, com a talidomida, que era um tranquilizante para melhorar o sono das mulheres e começou, sem os indispensáveis testes de eficácia e efeitos colaterais, a ser utilizado contra o enjoo matinal das gestantes (vide aqui). 

Quando se descobriu que os nenês nasciam deformados, já era tarde: 10 mil infelizes haviam sido condenados a uma existência de freaks. (por Celso Lungaretti) 

5 comentários:

axel_terceiro disse...

Celso, na sua opinião: 1) a gente pode alocar o Bolsonaro no posto de PIOR presidente que o Brasil já teve? 2) Você acha que, terminada essa quarentena, ele continua presidente do país? Forte abraço!

celsolungaretti disse...

Axel, não sou profundo conhecedor da fase da "república velha", mas nenhum deles me parece ter sido pior do que o Bozo.

E também não considero válido colocar no mesmo balaio os cinco DITADORES do regime militar e o Getúlio Vargas de 1930/1945.

Então, dentre os PRESIDENTES, acredito que o Bozo, por ser péssimo em TUDO que faz, consegue superar em muito os outros piores: Jânio, Sarney, Collor e Dilma.

Obviamente, ditadores inclusos, o Médici seria imbatível.

celsolungaretti disse...

Ah, ia esquecendo: não vejo como o Bozo, perdendo a cabeça como perde sempre que a realidade se choca com seus delírios, possa começar 2021 na Presidência.

Creio que os efeitos conjugados da pandemia e da recessão forçarão o sistema a colocar logo no governo alguém minimamente apto para o cargo, rifando o Bozo.

Mas isto não se dará necessariamente até o fim da quarentena, que vai terminar bem antes de a pandemia ser colocada sob controle.

De qualquer forma, há grande possibilidade de o Bozo vazar (ou o vazarem) ainda neste primeiro semestre.

axel_terceiro disse...

Celso, 1) acho que ele como pessoa supera Vargas e os milicos em matéria de inaptidão, falta de talento político. Óbvio que o governo dele não dá para comparar com o dos ditadores, mas a figura política dá e o Jair é pior a meu ver

2) sobre um eventual impeachment, a sorte do Bozogozo é que, nesta situação, as pessoas include os parlamentares estão impossibilitados de sair às ruas e até de se articular. Caso estivessem, ele não passaria nem as fogueiras de São João no cargo. Forte abraço!

celsolungaretti disse...

Mas, ele está cada vez mais tantã. Logo não vai dar mais pra segurar e terão de achar uma solução. A interdição caberia bem.

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