sábado, 28 de março de 2020

OS VIOLENTOS VÃO PARA O INFERNO (obs: o post é sobre um western italiano, não sobre o clã Bolsonaro e os milicianos do RJ...)

Para quem está coçando o saco em casa, eis um western italiano de boa safra (1968), que pode servir, no mínimo, como um bom passatempo: Os violentos vão para o inferno.

O diretor é Sergio Corbucci, que fazia o gênero artesão, entregando filmes geralmente razoáveis e às vezes muito bons.

Casos de Romulo e Remo (1961), Dança macabra (clássico do terror italiano que ele co-dirigiu com Anthony Dawon em 1964, sem que sua participação lhe fosse creditada), o primeiro Django (1966), o Vingador silencioso (1968) e o interessantíssimo O especialista (1968), no qual transpôs para o Oeste selvagem sua visão sobre os jovens contestadores que sacudiam a Europa.

Os violentos vão para o inferno, cujo título mais apropriado teria sido O mercenário (como nos cinemas da Itália) tangencia a Revolução Mexicana, mas sem ir fundo como Damiano Damiani em Gringo e Sergio Leone em Quando explode a vingança

Mostra um peão (Tony Musante) que se torna um rebelde foragido após reagir a uma humilhação dos poderosos e, por não entender do ofício, aceita pagar a um mercenário (Franco Nero) para ensinar-lhe a fazer a revolução.

Como vilão reencontramos uma figurinha carimbada dos filmes B estadunidenses, Jack Palance. E a trilha sonora de Ennio Morricone é diferenciada como sempre, com a canção principal destacando... assobios!

Uma curiosidade é que o bom retorno nas bilheterias resultou numa espécie de remake quase imediato (Companheiros, 1970), com enredo semelhante e novamente sob a direção de Sergio Corbucci. 

Franco Nero, mercenário polonês no filme anterior, virou um aventureiro e vendedor de armas sueco. Jack Palance continuou sendo vilão. Entraram Thomas Milian (um cubano no papel de um rebelde mexicano) e Fernando Rey como professor revolucionário.  

O enlace com a Revolução Mexicana foi acentuado. A simpática canção Vamos a matar, compañeros! acabou sendo uma das mais populares do mestre Morricone. E o desempenho nas bilheterias foi ainda melhor, mas não devem ter encontrado nenhum roteirista com imaginação suficiente para vender o mesmo peixe pela terceira vez...

2 comentários:

Anônimo disse...

Tudo bem, Celso

Opa, olha o amante de filmes antigos aqui, correndo pra seguir mais esta dica sua!!
O clássico Django, não pode faltar no meu acervo, assisto sempre que me dá vontade.
Esta dica sobre os Companheiros, seria esta?:
https://www.youtube.com/watch?v=wWEGMm7zqxI

Tenho ele, por um pedido do meu pai, que tem este clássico na memoria,
pois nos tempos de estudante de teatro, sugeriu ao diretor e colega,
que exibisse aos outros estudantes.
Se você já viu, já sabe que dava naquela época, né?! ( risos ).
Abraço do Hebert, e ótima semana.

celsolungaretti disse...

Hebert,

são filmes diferentes.

"Os Companheiros" (I Compagni, 1963) é político, sobre o organizador da greve numa tecelagem de Turim, no final do século retrasado. Curiosamente, quando eu atuava no movimento secundarista em 1968, fiz um trato com o dono do cinema de arte Bijou e o andei exibindo nas manhãs de domingo para os estudantes que estávamos conscientizando.

"Companheiros" (Compañeros, 1970) é o western a que me referia, relacionado à Revolução Mexicana. O link do trailer é este aqui: https://youtu.be/QT-uKBZSwHA

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