sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

O MAR DE LAMA, DE OBSCURANTISMO, DE CORRUPÇÃO MESQUINHA E DE VIOLÊNCIA CRIMINOSA QUE NOS INUNDA

Em nosso país não há invasão do mar ou terremotos à vista. No entanto, vivemos uma situação trágica, motivada mais diretamente pela ação desumana de seres humanos.

O que era uma quadrilha de milicianos de quinta, que vivia de extorsão dos miseráveis dos bairros pobres do Rio e de pixulés arrancados de funcionários fantasmas e candidatos-laranjas, virou o governo. 

Marginais da ralé, aplaudidos pelos cúmplices que os homenageavam nas Câmaras de vereadores e deputados, integram uma quadrilha fascista com enorme poder destruidor.

Agora, além de depenar dinheiro público como já faziam às migalhas, pilotam um processo de destruição de direitos trabalhistas e previdenciários de milhões, enquanto vão soterrando a dignidade civilizatória das conquistas democráticas em todas as áreas, da sobrevivência das minorias à educação e a cultura.

O que fazer diante dessa tragédia? No terremoto da ditadura militar imperava o medo, não a alegria de viver; mas, ainda assim, houve resistência política e ímpetos de criação artística fora do controle oficial.

Mas foram 21 anos. Parece tempo demais para que o país sobreviva à atual corrida para o passado. Serão preciso diques fortes para segurar este mar —de lama, de obscurantismo, de corrupção mesquinha, de violência criminosa— que passou a nos inundar.
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(parágrafos finais do artigo A tragédia mora ao lado, de Josimar Melo, que discorre inicialmente sobre a paradoxal alegria de viver em cidades ameaçadas de sofrerem catástrofes naturais — Amsterdã e San Francisco — e encerra com a perda da alegria de viver num país devastado pelo fascismo dos desumanos)

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