domingo, 29 de dezembro de 2019

AINDA SUPERAREMOS AS AGRURAS QUE NOS INFERIORIZAM TANTO DIANTE DA IMENSIDÃO DO UNIVERSO

dalton rosado
O MISTÉRIO
Quando olho o firmamento e vejo nele inserido o planeta Terra, que mais me parece um grão de areia em relação ao areal cósmico, fico a pensar sobre o que sou, sendo um pequeno ser nesse mesmo planeta, então constato a grandeza do mistério que é Deus. 
Quem somos nós, portanto, para definirmos e formatarmos os critérios e forma de ser desse Deus? 

Certamente não será um Deus que separa os próprios filhos entre pecadores e santos (com estes últimos merecendo privilégios ou punições na vida eterna como consequência de seus comportamentos terrenos), e se baseando em critérios estabelecidos por esses mesmos filhos a partir de suas suposições do que seja Deus!

Como compreender e explicar a sincronia dos processos de vida dos animais e vegetais tão diferentes entre si em tamanhos e formas e que definem, cada um por si, as suas defesas e consistentes mecanismos de adaptação (a exemplo do mimetismo de pequenos seres que mudam de cor para confundir os seus predadores, os quais, por sua vez, têm outros predadores, numa luta existencial em que a perpetuação de cada espécie obedece aos critérios insondáveis)?

Como aceitar que os seres humanos, dotados de racionalidade, sejam os seus próprios predadores num processo de destruição ecológica planetária irracional como agora ocorre e, paradoxalmente, como se tal comportamento se desse em nome da própria vida? 
A mais conhecida das representações que os artistas criaram de Deus
Como sabemos, há alguns milhões de anos o nosso planeta foi habitado por animais gigantescos como os dinossauros, tendo eles sido completamente dizimados por uma força exterior (uma hecatombe causada pela explosão do choque planetário com um meteoro gigante, segundo os cientistas). 

Devemos, portanto, a recriação da vida animal e vegetal aos milhões de anos de recuperação proporcionados pela própria força da natureza inerente às condições desta nossa nave especial (e espacial) chamada planeta Terra.

Assim, devemos compreender a nossa vulnerabilidade enquanto seres fisicamente diminutos diante da grandeza celeste, e aproveitarmos melhor esse dom que a própria natureza (o Deus misterioso) nos deu, que é a nossa racionalidade. 

Ela nos dá a capacidade de pensarmos e elaborarmos cientificamente proposições que possam nos manter vivos face a tal  inegável vulnerabilidade.  

Qual a razão de ser de tanto egoísmo e sede de poder, que somente causam destruição e segregação? 
Tudo terá mesmo começando num Big Bang?

Será o Deus natureza sádico ao ponto de criar seres dotados de uma racionalidade segregacionista que privilegia alguns poucos em detrimento da maioria, ou isto advirá apenas de um estágio da evolução da natureza irracional para a natureza racional? 

Talvez os pósteros, já evoluídos, olhem para nós num futuro distante com compreensão e pesar por nossa inferioridade racional, (afinal, ainda estávamos em processo de evolução...). 

Não. A natureza é sincrônica, tanto que até as suas explosões cósmicas são produtoras da vida. A natureza é prenhe de vida, e não de morte. 

Acredito que a sincronia da natureza repudia o sadismo e que ainda superaremos as agruras que nos inferiorizam tanto diante da imensidão do universo. 

Acredito que o fundamentalismo religioso que formata um Deus punidor severo e preconceituoso dará lugar a afirmação humana de um Deus natureza fraterno e sábio, capaz de proporcionar vida e emoções permanentes e que contrariem por modos comportamentais ainda desconhecidos o tédio de uma vida futura sem problemas sociais graves.

Neste natal, tive a confirmação de que em pouco menos de nove meses serei avô pela quinta vez, fruto da gestação inicial de minha filha Lara, o que me garante, sob tais critérios, a perpetuação da espécie.

Assim, esperando que esses meus netos(as) – já existentes ou que ainda virão – possam seguir a saga da perpetuação da espécie humana por milênios, termino afirmando que me considero suficientemente ignorante para compreender o grande mistério do universo e suas leis físicas, mas suficiente para especular que o universo é Deus. 

Feliz 2023. (Dalton Rosado)

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro, DR

O Homo Sapiens vivia muito bem em comunidade por 300 mil anos.

Era nômade, tinha que ir atrás do alimento ( caçador/coletor).

Até que há 10 mil anos, por um acaso do destino, descobriram que podiam cultivar a terra e criar gado...

Fixaram-se na terra... Daí a população multiplicou-se, surgiram inúmeras doenças, a propriedade, o Estado, o dinheiro, o monoteísmo, o imperialismo, o capitalismo.

Sim, houve grande desenvolvimento tecnológico. Mas também houve Auschwitz e muitos outros genocídios.

Há 10 mil anos, nós, h. sapiens, flertamos com a autodestruição...

Anônimo disse...

***
Existe algo mais misterioso que o Deus.
Existe um ser que pode pensar Deus, mas não consegue enxergar a si mesmo.
Seu olho contempla a vastidão do universo, mas não vê o cílio na pálpebra desse mesmo olho que vê...
***
Esse espaço no centro do qual está o que contempla.
O misterioso decodificador da linguagem, ratificador do discurso, autor de narrativas a respeito do universo e do seu finito e angustiado ser.
O qual ainda não é o ser de maneira própria, mas, decerto, é a concretude do ser que está neste existencial corporificado e fadado a sumir sem nunca ter conhecido o que ele é.
Nunca efetivamente conhecido de per si, nunca sendo o que poderia ser.
O grande mistério é: o que é o ser que você é?
***

Related Posts with Thumbnails