quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

É A GUERRA, É A GUERRA, É A GUERRA! – 1

Há uma guerra que é a matriz de todas as outras nos últimos dois séculos: a guerra concorrencial de mercado

A dinâmica do capital leva a uma disputa acirrada pelo mercado, na qual sobrevive quem produz mercadorias com menor custo e em menor tempo. 

Esse conceito corresponde à busca do maior nível de produtividade; é ele quem define as transformações das lutas sociais ditadas pela guerra concorrencial de mercado (o altar onde se define quem manda e quem obedece sob o critério do valor). 

A este conceito de busca pela maior produtividade como critério desestabilizador das relações econômicas em confronto (cada capitalista é potencialmente inimigo do outro na guerra concorrencial de mercado), acrescenta-se a invenção de novos tipos de mercadorias que promovam necessidade de consumo pelo marketing comercial.

Nesse campo (da inventividade tecnológica promotora de novos consumos) pontuam aquelas mercadorias decorrentes de descobertas científicas que reservem ao capitalista produtor e detentor de suas patentes um valor agregado tecnológico que transcenda o conceito de custo de produção e que representem preços elevados (e valores elevados) para seus produtores. 

É o critério de valor agregado às mercadorias tecnológicas aquilo que supera (em menor parte) o tradicional critério do valor das mercadorias estabelecido pelo valor do tempo médio de trabalho abstrato empregado na sua produção. 

Há uma relação indissociável entre o capital privado ou estatal e o próprio Estado, no que se refere à produção de mercadorias sediadas em seu território como forma de promoção de empregos e de impostos. 

Mas o capital, tal como a água que busca uma acomodação territorial pela lei da gravidade, migra para onde possa se reproduzir, sendo este o fenômeno pelo qual a Índia e a China recepcionam o capital internacional em busca de redução de custos de produção (sem levar em conta o ecocídio causado pelo excessivo consumo energético do carvão).
Todas as ações políticas do Estado, portanto, visam proteger os interesses mercantis do capital ali ou além, localizados sob as mais diversas formas, quais sejam:
— promoção da infraestrutura da produção de mercadorias;
 manipulação do câmbio;
 política tributária;
 liberação da produção ecologicamente predatória;
 contenção das insatisfações populares pelo aparato militar;
 estrutura institucional legislativa e judiciária voltada para a elaboração de leis opressoras e seu efetivo cumprimento como se tal ordenamento jurídico constitucional e ordinário fosse voltado para a realização social da justiça; e
 parcialidade de um sistema eletivo segregacionista em nome da democracia, entre outros instrumentos acessórios à manutenção da (des)ordem sistêmica.

É evidente que essa guerra mercadológica causa contradições comportamentais que desnudam o verdadeiro objeto teleológico capitalista e seu bastião estatal: a manutenção da segregação social.

Nas relações negociais do capital tuteladas juridica e militarmente pelo Estado não existem amigos confiáveis, mas sim interesses ocasionais que promovem amizades ou inimizades entre os governantes.

É o que ora estamos observando nas relações do Brasil com os Estados Unidos. (por Dalton Rosado)
.
(continua neste post)

Um comentário:

Anônimo disse...

"Nas relações negociais do capital tuteladas juridica e militarmente pelo Estado não existem amigos confiáveis, mas sim interesses ocasionais que promovem amizades ou inimizades entre os governantes.

É o que ora estamos observando nas relações do Brasil com os Estados Unidos."

Esses dois parágrafos têm endereço certo: os generai$ quinta coluna$ que assaltaram o poder e sustentam o bozo, esse (des)governo ignaro, acéfalo...

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