terça-feira, 2 de abril de 2019

A IRRACIONALIDADE DA SOCIEDADE DA MERCADORIA SE ACENTUA, TORNANDO AINDA MAIS PREMENTE SUA SUPERAÇÃO – 1

dalton rosado
AS REVOLTAS INSANAS, AS TRAGÉDIAS, E SUAS MOTIVAÇÕES INJUSTIFICÁVEIS
 MAS EXPLICÁVEIS.
O mundo está a se perguntar quais os motivos de tantos atentados terroristas aparentemente inexplicáveis, bem como de catástrofes ditas naturais ou antinaturais. Aprofundemos a questão.

As razões superficiais apresentadas como causas do  terrorismo (fundamentalismo religioso, xenofobia, misoginia, racismo, supremacia étnica, nacionalismo étnico, etc.) não atingem o cerne do problema.

As considerações que tratam como acidentes casuais as tragédias humanas e ecológicas deixam de lado, propositadamente, a verdadeira causa.

Ambas as avaliações representam aspectos exteriores (efeitos) de causas cuja gênese devem ser detidamente analisadas nos seus pontos em comum. 

Os atos de terrorismos, podemos afirmar, derivam de uma revolta individual ou grupal cuja verdadeira essência (causas) até os próprios protagonistas conscientemente desconhecem.

As tragédias decorrentes de eventos evitáveis (as barragens de mineradoras em Minas Gerais, p. ex.) e fenômenos ecológicos (as atuais inundações em Moçambique, p. ex.) têm como causa primária comum o fetichismo ditatorial da mercadoria e do lucro que tudo submete ao seu interesse desumano e antinatural.

A psicanálise, mas também a crítica da forma-valor, conseguem identificar perfeitamente as causas subjetivas mais profundas que estão na base de comportamentos terroristas genocidas e suicidas por parte de pessoas ou grupos sociais fanatizados ao extremo. 

As tragédias ecológicas também têm causas explicáveis.  

Há algo além do que é perceptível a partir de uma análise superficial, meramente simbólica, das causas apontadas e muitas vezes divulgadas pelos próprios agentes desses atos.  

Entretanto, e paradoxalmente, o senso comum que corretamente repudia atos de terrorismo e de agressões ecológicas é o mesmo que aceita passivamente uma relação social injusta na sua essência, mas que é a todos imposta e por quase todos admitida como justa. 

Tal como um pai que produz exemplos negativos, mas exige resultados positivos dos seus filhos, quer-se que um pressuposto incorreto produza comportamentos corretos. Não há como. 

Ora, vivemos na sociedade do espetáculo midiático mercadológico no qual o tido como vencedor é justamente aquele que se apropria e se beneficia do esforço coletivo de produção, sem que tenha méritos convincentes para a sua vitória, cuja resultante é a desigualdade social existente.

Tudo se resume a um espetáculo midiático-mercadológico. 

Até os representantes da sociedade (que é como a Constituição define os integrantes do Ministério Público) posam em grupo, sabe-se lá se inspirados nos revoltosos tenentistas da década de 1930 ou nos super-heróis dos comics atuais.
A fogueira das vaidades consumindo aqueles que deveriam ser discretos servidores da Justiça...


Forçam a barra para que os desavisados os tomem por salvadores da pátria. No entanto, estão apenas reproduzindo os espetáculos midiáticos da sociedade da mercadoria. 

Diz-se que os árbitros de futebol, quanto mais conseguirem passar desapercebidos, melhores serão. O mesmo critério deveria ser aplicado a magistrados, membros do Ministério Público e delegados de polícia.  

A sociedade do espetáculo, como disse Guy Debord, tem a irracionalidade de procedimentos como seu ponto em comum. O trânsito paralisado pelo congestionamento de veículos que consomem combustíveis fósseis poluentes é um exemplo flagrante das muitas irracionalidades sociais. 

Tudo se processa como se as instituições fossem as salvaguardas da sociedade, mas num quadro de miséria incompatível com um mundo que acumulou recursos tecnológicos e saber para nos proporcionar uma vida social imensamente mais gratificante do que a atual.
Tal circunstância social empírica provoca no subconsciente das pessoas, tanto nas que estão no limite da miséria de poder aquisitivo como nas que estão situadas nos estratos sociais intermediários, uma revolta subconsciente ou consciente contra a divisão entre:
— o que, tido como (hipoteticamente) justo, na verdade é intrinsecamente injusto e provoca a desigualdade social; e,
— o que é considerado injusto e criminalizado pela lei. (por Dalton Rosado)
(continua neste post)

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