Maduro segue os passos da ditadura brasileira |
O artigo abaixo, simplesmente chocante, é da Cláudia Collucci, uma jornalista especializada em saúde, autora dos livros Quero ser mãe e Por que a gravidez não vem?.
Ou seja, foi escrito por uma profissional especializada no assunto, movida por uma preocupação legítima e não por preconceitos ideológicos.
Aponta mais um componente da tragédia humanitária na qual se transformou a Venezuela.
Antigamente, os pilantras que fazem do anticomunismo uma profissão costumavam comparar os países tidos como tais a focos infecciosos.
Lamentavelmente, a Venezuela hoje merece ser assim tratada, e não no sentido figurado. Está mesmo espalhando pelo nosso continentes as doenças causadas pela miséria.
E o pior é que esconde a verdade debaixo do tapete, a exemplo do que a ditadura brasileira fez com a grave epidemia de meningite que por aqui grassou no início dos anos 70.
Ou seja, tanto quanto Médici, Maduro usa a repressão para impedir que seus profissionais conscienciosos cumpram o dever de alertarem publicamente para o perigo a que estão sendo expostos o próprio povo e os habitantes dos países vizinhos.
Ou seja, tanto quanto Médici, Maduro usa a repressão para impedir que seus profissionais conscienciosos cumpram o dever de alertarem publicamente para o perigo a que estão sendo expostos o próprio povo e os habitantes dos países vizinhos.
Canso de repetir: só resta decidir-se que tipo de governo substituirá o de Maduro. Quanto a que ele tem de vazar, isto é indiscutível. (por Celso Lungaretti)
VENEZUELA EXPORTA MALÁRIA E
ACENDE ALERTA INTERNACIONAL
Ainda é Carnaval, mas os problemas de saúde pública seguem sem pausa para a folia. Um deles tem a ver com a crise humanitária na Venezuela e o impacto que ela já traz no aumento das infecções por malária, dengue, zika e doença de Chagas.
O alerta vem de um recente estudo publicado na revista científica The Lancet para doenças infecciosas.
Alguns surtos e epidemias já avançam para além das fronteiras venezuelanas, atingindo países como o Brasil e a Colômbia, e os pesquisadores pedem para que a Organização Mundial de Saúde declare a situação como uma emergência em saúde pública de preocupação internacional.
Há razões de sobra para o temor de que a situação se torne incontrolável, tendo em vista o ressurgimento do sarampo, da difteria e o aumento contínuo dos casos de malária na região.
A dengue quintuplicou entre 2010 e 2016, atingindo uma média de 211 a cada 100 mil pessoas, e os surtos de chikungunya e zika têm grande potencial epidêmico, segundo os autores. Havia cerca de 2 milhões de casos suspeitos de chikungunya em 2014 (último ano em que os dados foram repassados à OMS), mais de 12 vezes a estimativa oficial.
Com o colapso do sistema de saúde venezuelano, a partida em massa de médicos treinados, a redução nos programas de saúde pública e de controle de doenças, além da escassez de medicamentos, as chamadas doenças vetoriais (transmitidas por insetos como mosquitos e carrapatos) estão aumentando e se espalham para novas regiões.
Com o colapso do sistema de saúde venezuelano, a partida em massa de médicos treinados, a redução nos programas de saúde pública e de controle de doenças, além da escassez de medicamentos, as chamadas doenças vetoriais (transmitidas por insetos como mosquitos e carrapatos) estão aumentando e se espalham para novas regiões.
No estudo, os pesquisadores revelaram que os casos de malária na Venezuela aumentaram 359% entre 2010 (29.736 casos registrados) e 2015 (136.402 casos). Apenas entre 2016 e 2017, o crescimento foi de 71% (de 240.613 para 411.586 casos. Lembrando que o país já foi declarado livre da doença pela OMS em 1961.
No Brasil, Roraima já sentiu os impactos. Segundo dados citados no estudo, entre 2014 e 2017 o estado registrou cerca de 48 mil casos de malária, dos quais 20% importados da Venezuela. Em outros países, dizem os pesquisadores, a situação ainda não está clara.
Com o aumento das viagens aéreas e da migração humana, outras regiões da América Latina e do Caribe (assim como algumas cidades dos EUA que abrigam a diáspora venezuelana, incluindo Miami e Houston) também correm maior risco de ressurgimento da doença, segundo o artigo.
Martin Llewellyn, pesquisador da Universidade de Glasgow e líder do estudo, que envolveu pesquisadores da Venezuela, Brasil, Colômbia e Equador, afirma que os números provavelmente estão subestimados. O governo venezuelano fechou no ano passado a instituição responsável pela coleta de dados da vigilância sanitária daquele país.
Martin Llewellyn, pesquisador da Universidade de Glasgow e líder do estudo, que envolveu pesquisadores da Venezuela, Brasil, Colômbia e Equador, afirma que os números provavelmente estão subestimados. O governo venezuelano fechou no ano passado a instituição responsável pela coleta de dados da vigilância sanitária daquele país.
Lá como cá, as milícias tocam o terror |
"Os médicos venezuelanos envolvidos neste estudo também foram ameaçados de prisão, enquanto laboratórios foram roubados por milícias, discos rígidos removidos de computadores, microscópios e outros equipamentos médicos destruídos."
Os pesquisadores pedem aos membros da Organização dos Estados Americanos e a outros órgãos políticos internacionais que pressionem mais o governo venezuelano a aceitar a assistência humanitária oferecida pela comunidade internacional para fortalecer o sistema de saúde.
Mas essa possibilidade parece cada vez mais distante, ainda mais agora com o fechamento da fronteira pelo presidente Nicolás Maduro para impedir a entrada de comboio com alimentos e mantimentos dos Estados Unidos, Brasil e Colômbia.
Para pesquisadores brasileiros como Sérgio Luz, do Instituto Leônidas & Maria Deane/Fiocruz Amazônia, um dos autores do estudo, o trabalho publicado no The Lancet reforça a necessidade de se criar um sistema de vigilância epidemiológica nas fronteiras, com uma rede de laboratórios de referência apoiados para o enfrentamento dessas situações.
Ele lembra que foi pela fronteira de Roraima que o Aedes aegypti foi reintroduzido no Brasil, no final da década de 1960, depois de o país ter recebido, em 1958, certificado da OMS de erradicação do mosquito. O fim (ou a falta de fim) dessa história a gente já conhece bem.
(por Cláudia Collucci)
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