Estavam certos os cômicos do século passado: são necessários três patetas para produzirem uma boa patetada.
Então, os dois primeiros aproveitaram um cortejo carnavalesco que atravessava o centro de São Paulo na última 2ª feira (5) para encenarem seu número particular: um pateta subiu num ponto de táxi, dançou ao som de um funk que diz falei pra minha mãe que eu queria ser mulher, introduziu um dedo no próprio ânus e, finalmente, recebeu do outro pateta um jato de urina na nuca.
Na patética visão desses dois patetas, tal encenação repulsiva equivaleu a um "ato político contra o conservadorismo e contra a colonização dos nossos corpos e nossas práticas sexuais".
Vídeo postado no YouTube, ambos os patetas acreditaram que tinham desfechado um golpe decisivo contra a repressão sexual no planeta Terra, enquanto o que fizeram foi apenas acrescentar uma besteirinha de muito mau gosto à miríade de outras tantas que pululam na web.
E tal besteirinha passaria quase despercebida se não viesse um terceiro pateta e fizesse o vídeo bombar, divulgando-o para uma plateia que jamais dele tomaria conhecimento. Apresentou-o como um exemplo "do que têm virado muitos blocos de rua no Carnaval brasileiro", o que, ficou bem evidenciado agora, verdadeiramente não foi o caso. Até os blocos de rua ele injustiça...
4 comentários:
Bom dia Celso, aqui é o Hebert, tudo bem com Você?
Bem, tentando me manter focado e entretido
em afazeres e projetos profissionais e pessoais,
fico naquela ânsia ( e esperança ), de que o tempo
e anos passem a jato no mínimo.
Do governo feito a base de urnas usadas como saco
de pancadas ( tanto do lado A quanto Lado B ),
não se espera outra coisa.
A metáfora que costumo usar ( não recordo se foi
você quem sitou ), é a de um Frankenstein, feito
de um "corpo cadavérico" das tumbas do baixo clero,
ganha vida graças a polarização,
saudosismo dos "bons tempos e bons costumes",
ganhando vida através da urna eletrônica.
O que tem chamado atenção ( creio que a você também ),
é o fato de que Progressismo de forma geral, vem se
tornando "circo" ou o "divã", ou ainda "palco" de
qualquer artista de 3ª, ou sub celebridade afim e
fazer ativismo de factoide.
Isso tem gerado este tipo de acontecimento, e
creio que até mesmo o tal empoderamento feminino,
esteja sendo afetado por algo que deveria ser levado
mais a sério.
O ativismo social é coisa muito séria, pois se trata
nã apenas da defesa de minorias, mas também é o
contra-ponto, a divergência, a controvérsia necessária
em toda Democracia.
Abraço e bom final de semana.
Essa confusão toda está me lembrando do filme "Salò ou os 120 Dias de Sodoma", do Pasolini, de 1975. Meio caricato, bem sei.
Marco Aurélio
Marco Aurélio,
também cheguei a pensar no Salò. Era um daqueles filmes proibidos pela ditadura que nos despertavam imensa curiosidade. Se bem me lembro, finalmente consegui assisti-lo na mostra internacional do Masp... e foi uma completa decepção.
Se "O Último Tango em Paris" foi muito melhor do que eu esperava, "Salò" me desiludiu de vez do Pasolini.
A sensibilidade dele era totalmente diferente da minha. E aqueles atores amadores que ele usava nessa fase me davam a impressão de estar vendo uma produção tosca da Boca do Lixo paulista, na linha do Tony Vieira ou do Zé do Caixão.
Hebert,
eu tenho a impressão de que as redes sociais produziram um monstro: as pessoas se tornaram obcecadas com holofotes e se puseram a disparar opiniões as mais disparatadas, sem a mínima noção de onde levam seus simplismos agressivos, nem a mínima vontade de aprender com os que têm uma visão de mundo mais amadurecida e elaborada.
O PT tudo fez para estimular esse populismo grosseiro, já que, decepcionando cada vez mais os quadros intelectualizados, considerou que poderia simplesmente prescindir deles. Só que o povão não só concluiu que um operário servia para presidente, como em seguida concluiu que um indivíduo inqualificável também serviria.
Ambos têm a cara do povão e, se o povão não respeita mais a capacitação intelectual e política, fica-se sujeito a uma aberração como a que estamos vendo.
É mais um motivo pelo qual a esquerda brasileira nos deve uma profunda autocrítica: porque praticamente deixou de lado suas origens, uma trajetória que remonta ao iluminismo e à luta contra a cegueira religiosa, passando pela Revolução Francesa, até desembocar nas revoluções socialistas.
Ao não apregoarmos e defendermos nosso compromisso com a civilização, a liberdade, os direitos humanos, etc., abrimos a porta para a barbárie. Estamos colhendo o que plantamos.
Postar um comentário