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| "maltratar quem preside a Câmara é caminho para o desastre" |
josias de souza
HÁ UMA PERGUNTA NOVA NO AR:
VAI CONCLUIR
O MANDATO?
Até outro dia, piscava no letreiro da conjuntura nacional uma pergunta: Jair Bolsonaro conseguirá aprovar a reforma da Previdência?
Hoje, há uma interrogação nova no ar: será que o presidente termina o mandato? O governo ainda nem completou três meses e a carta do impeachment já voltou para o baralho.
Fernando Henrique Cardoso e Olavo de Carvalho jamais tiveram algo em comum. O ex-presidente tucano chegou a dizer que "nunca tinha ouvido falar" no polemista que virou guru do atual presidente da República. De repente, FHC e Olavo passaram a compartilhar uma opinião. Ambos avaliam que Bolsonaro pode cair.
Há dez dias, Olavo disse: "O presidente está de mãos amarradas. […] Se tudo continuar como está, já está mal. Não precisa mudar nada para ficar mal, é só continuar isso mais seis meses e acabou".
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| "ele chama os militares no governo de um bando de cagões" |
Neste domingo (24), FHC anotou no Twitter: "Paradoxo brasileiro: os partidos são fracos, o Congresso é forte. Presidente que não entende isso não governa e pode cair. Maltratar quem preside a Câmara é caminho para o desastre".
O que diferencia as opiniões de FHC e de Olavo são as razões que levam Bolsonaro a flertar com a queda. Um acha que a Presidência do capitão corre risco porque ele é incapaz de se sentar à mesa para negociar. Outro acredita que o mandato está ameaçado porque Bolsonaro demora a virar a mesa.
Para Olavo, Bolsonaro está cercado de militares que têm "mentalidade golpista". Ele chama os auxiliares fardados do presidente de "um bando de cagões". Olavista de mostruário, o assessor internacional de Bolsonaro, Filipe Martins, empilhou as ideias exóticas do grupo no Twitter na última 6ª feira.
Em meio à polêmica que eletrifica as relações de Bolsonaro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, Filipe pregou a necessidade de organizar uma "pressão popular" capaz de "mostrar que o povo manda no país", não as forças que compõem o que ele chama de "poder estabelecido", "oligarquias dominantes", "sistema de privilégios" e "sindicato do crime".
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| "vices, como ciprestes, costumam crescer à beira dos túmulos" |
Para FHC, o problema é bem outro. "Precisamos de bom senso, reformas, emprego e decência. Presidente do país deve moderar não atiçar".
Tomado por seus últimos movimentos, Bolsonaro está mais para Olavo do que para FHC.
Com a popularidade em queda, o capitão estimula os atores políticos e econômicos a prestarem atenção no vice-presidente Hamilton Mourão, um general que integra o "bando de cagões". Os vices, como os ciprestes, costumam crescer à beira dos túmulos. (por Josias de Souza)
Toque do editor: durante a campanha eleitoral, várias vezes escrevi que o predecessor de Bolsonaro havia sido o palhaço sinistro Jânio Quadros. Inepto para o exercício da presidência, ele se viu emparedado pelo Congresso e tentou aumentar seu poder com uma ridícula tentativa de autogolpe cujas consequências foram terríveis, pois colocou o país na direção de uma ditadura que duraria 21 anos.
Também previ que um eventual governo Bolsonaro, colocando no mesmo balaio (de gatos de beco) tendências políticas e econômicas tão díspares e personagens tão medíocres, não duraria sequer um ano. Pelo andar da carruagem, talvez não dure nem os seis meses do Jânio.
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| O homem do golden shower talvez não dure nem os seis meses do homem da vassoura |
Os motivos são amplamente conhecidos, não choverei no molhado. Apenas destacarei que o principal deles, neste momento, está sendo a nefasta influência do guru charlatão sobre Bolsonaro & filhos, a ponto de colocá-los em confronto com militares e parlamentares.
Ou seja, Olavo de Carvalho empurra os Bolsonaros para uma batalha no qual serão politicamente massacrados, sob o olhar indiferente do povo brasileiro, que já desencanou das ilusões forjadas por fake news.
Se vivêssemos numa monarquia, o arauto já estaria ensaiando o anúncio que em breve fará: o Bolsonaro está morto. Longa vida para o Mourão! (por Celso Lungaretti)
4 comentários:
Celso, há um vídeo no YouTube sobre como o Collor conseguiu virar presidente e seu desastroso governo, feito pelo canal Meteoro Brasil que, apesar de serem de ideologia liberal, ficou muito bom, e eu tô desejando assistir um vídeo assim sobre esse Jânio Quadros, tô quase pra tentar entrar em contato com o pessoal do canal pra sugerir que façam um vídeo desse mesmo estilo sobre ele, mas gostaria de perguntar ao senhor se há algum documentário em vídeo (de preferência, mas aceito em texto sem nenhum problema, claro) sobre Jânio Quadros, pra saber e entender tudo que se passou, como o cara conseguiu virar presidente e como foi o governo dele, com o máximo de detalhes. Se tiver alguma postagem nesse blogue sobre isso que eu não esteja sabendo a existência, também gostaria muito de ler. Obrigado e desculpa pelo desvio do assunto.
Eu me afastei muito do cinema brasileiro por causa dos meus problemas de audição: os milicos me estouraram o tímpano do ouvido direito em 1970 e um atropelamento me ferrou o ouvido esquerdo em 1993.
Da última vez que uma mini-série nacional me interessou, tive de baixá-la e acrescentar legendas espanholas para conseguir assistir.
Então, não poderei te ajudar muito. Mas, me parece que o único documentário sobre ele é JÂNIO A 24 QUADROS, mas não é bem o que você procura. O Jânio serve mais como fio condutor para o cineasta mostrar 30 anos da política brasileira, de uma forma crítica e sarcástica.
É uma pena que o Sílvio Tendler nada tenha feito sobre ele.
Cara, meus pêsames, de verdade. Já tinha lido sobre os milicos terem ferrado sua audição em um dos ouvidos, mas esse atropelamento só fiquei sabendo agora. A Ditadura praticamente lhe tirou o direito de ouvir, e o pior é ainda haver palhaço defendendo essa merda nas redes sociais.
Assistirei esse documentário, já é uma ajuda e eu lhe agradeço, valeu!
É, aquele lugar comum de que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar nem sempre se confirma.
Estava assistindo a um filme e, no momento seguinte, acordando com a perna quebrada em quatro lugares na enfermaria do Hospital das Clínicas. Minha mente apagou tudo que houve no intervalo.
Foi quando me dei conta de que podemos morrer sem nem perceber. Sabia disso teoricamente, claro. Mas aí tive uma noção de como a coisa ocorreria.
Talvez a mexida que isso deu na minha cabeça tenha pesado na decisão que tomei em 2000, de arriscar a existência confortável que tinha para realizar o sonho de ser pai biológico. Sofri o diabo como consequência disso, mas hoje minhas duas filhas são o que ainda tenho de alegria na vida.
Mesmo sabendo o preço que teria de pagar, faria tudo de novo.
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