Como informei no início da madrugada, a Polícia Federal só poderia cumprir o mandado de prisão do escritor italiano Cesare Battisti ao amanhecer. Foi, não o encontrou, admite que ele está em local incerto e não sabido, realiza buscas.
Uma das regras básicas das organizações que travaram a luta armada era a de que nenhum integrante deveria saber mais do que necessitava saber. Em assuntos como este, eu a sigo até hoje.
Então, como a idade e algumas limitações físicas não me permitiriam ajudar em qualquer esquema aventureiro e o Cesare prescinde das lições da minha experiência (passei um ano sendo caçado pela repressão da ditadura militar, ele ficou foragido muito mais tempo e em vários países), não tenho nenhuma informação de cocheira para lhes transmitir, lamento.
Só as hipóteses que, a partir do noticiário, formulei:
- ele pode estar escondido no Brasil, à espera do resultado das providências jurídicas que o advogado Igor Tamasauskas inevitavelmente tomará, como dar entrada em recurso no STF pedindo que a decisão sobre a liminar descartada monocraticamente pelo ministro Luiz Fux caiba ao plenário;
- neste caso, pretenderia deixar a condição de foragido dependendo das garantias que obtivesse de não ser despachado para a Itália a toque de caixa;
- ele pode ter partido para o exterior ou estar tentando fazê-lo;
- ele pode ter caído em alguma armadilha dos diversos tipos de inimigos que o perseguem.
Creio que não haja mais nada a conjecturar. Só nos resta acompanhar o desenrolar dos acontecimentos.
10 comentários:
Celso, não seria possível ele adentrar uma embaixada aqui no país? Tipo Bolívia ou Venezuela?
Suponho que estejam vigiadas. Ademais, criaria problemas para esses países, pois os governos da Itália e do Brasil alegariam que ele não é o que é (perseguido político), questionando seu direito ao abrigo.
E o Mino, hein?! PQP!Na Carta, lançou a manchete: "Entenda: Cesare Battisti não é um perseguido político". Não teve coragem nem de assinar a matéria. Ficou na conta da tal de Redação (gargalhadas necessárias).
Companheiro,
não vejo o que mudar na resposta que dei a um comentário no post da madrugada, então vou apenas repeti-lo.
Na luta travada em 2008/2011, cansei de detonar o Mino e de desafiá-lo para polemizar. Nunca ousou me encarar, nem vai. Sabe que eu esfregaria o chão com a cara ele.
Então, não vou perder meu tempo com o Mino, a menos que se arme um cenário em que a batalha de opinião tenha uma influência concreta no desenrolar dos acontecimentos.
Neste exato momento, não tem. Ou o dr. Igor consegue fazer com que o Supremo não repita o seu papelão no caso da Olga Benário, ou nada impedirá a extradição caso o Cesare seja preso com vida.
Se o dr. Igor conseguir reabrir a discussão no STF, será o caso de relançarmos imediatamente uma campanha de esclarecimento da opinião pública e de combate às distorções da imprensa burguesa.
Caso contrário, a única chance do Cesare será não deixar-se prender e obter abrigo noutro país.
Neste contexto, o que o Mino escrever no seu house organ pomposo não tem influência nenhuma. Deixemo-lo combatendo dragões que não passam de moinhos de vento. É inofensivo. Até por que poucos compreendem aquela algaravia horrorosa dele. Vá escrever mal na ponte que partiu!
Lungaretti, respeito sua posição e lhe considero uma pessoa séria e honesta, mas a defesa do Battisti é uma insanidade. A reportagem na BBC Brasil de hoje mostra como nem a esquerda italiana compra essa ladainha da perseguição política e por lá a extradição é uma unanimidade. Seus crimes sequer tiveram conotação política. Foi mesmo coisa de vingança pessoal, como em relação ao ex-carcereiro alvejado pelas costas.
No seu caso, a amizade pessoal impede que enxergue o óbvio e fantasia com a perseguição. Obviamente o alinhamento ideológico ajuda nisso também.
Infelizmente, como cidadão italiano, ele tem de voltar para Itália e cumprir a pena que a Itália deu pra ele. Se errou que pague lá e não aqui no Brasil. Desculpe minha Franqueza!
Anônimo que se informa pela BBC Brasil, várias vezes expliquei que os movimentos na esteira de 1968 contestavam a domesticação do Partido Comunista Italiano, então se travou uma verdadeira guerra na disputa pela hegemonia na esquerda.
Quanto o PCI acertou o chamado "compromisso histórico", pactuando com a putrefata democracia-cristã para gerirem juntos o Estado burguês, surgiram centenas de grupos armados (as Brigadas Vermelhas ficou sendo o mais conhecido). E foram reprimidos de forma brutal, INCLUSIVE PELO PCI!!!
O Battisti era um integrante secundário de um grupo secundário (o Proletários Armados para o Comunismo). Percebeu que a coisa descambava para uma violência sem sentido e saiu. NÃO ESTEVE EM AÇÃO NENHUMA COM VÍTIMAS FATAIS.
Mas, preso (condenado tão somente por participação em agrupamento subversivo) fugiu com a ajuda do Pietro Mutti, líder do PAC. Foi para a França, aceitando a oferta do François Mitterrand, que oferecia abrigo para os perseguidos italianos que abdicassem das atividades políticas e se limitassem a trabalhar e viver em paz.
Sabendo-o a salvo na França, o Mutti e outros presos do PAC fizeram delações premiadas, atirando as culpas em cima do Battisti. Depois, quando ele se projetou como escritor, virou alvo dos neofascistas, porque eles precisam de famosos para demonizar. E aí começou essa caçada obsessiva contra ele em dois continentes. O que lhes importa é o símbolo que ele se tornou, não o homem que não matou ninguém.
E uma voga contestatória que envolveu uns 500 grupos de esquerda armada pode lá ser considerada outra coisa que não POLÍTICA?! Aliás, nem mesmo a Itália enquadrou as ações dos ultras como crimes comuns. Foi mais uma falácia para consumo externo (dos brasileiros preconceituosos e desinformados). Lá esses absurdos não colam.
Sem falar nas tais vítimas, pintadas pela imprensa brasileira como um açougueiro e um joalheiro, porém, sem mencionar que eram membros de grupos neofascistas italianos, como o MSI, bem como os 2 demais, integrantes do aparato de segurança italiano, tido como torturadores -- inclusive um deles com processo em desfavor a esse respeito. Um processo cheio de buracos, contradições e absurdos inexplicáveis, como horários de assassinatos e distância entre cidades nas quais ocorreram estes assassinatos. Pietro Mutti --líder dos PAC -- botou na conta de Battisti -- que já estava a salvo na França -- e, após uma pequena condenação, vive livre. Já Battisti, continua sua fuga sem fim. Ah! Mas isso não interessa, não é mesmo?!
La persecução de Battisti comporta a mais rematada expressão do despotismo e a opressão. O Ministro Luiz Fux -cuja nomeação no STF é uma tragedia e representa atraso cultural para o Brasil-, é uma vergonha e fez essa decisão porque adora os holofotes e, sobretudo, para agradar al "messias" Bolsonaro.
A pretensão de extraditar Battisti para Itália constitui um absurdo. Apenas um Ministro energúmeno como Luiz Fux -cuja nomeação, ao igual que a do Ministro Barroso, comportam atraso cultural e uma verdadeira tragédia para a já deteriorada Justiça brasileira- poderia ter dado un despacho cujo escuso e unico escopo apenas foram os holofotes da imprensa venal e a obsessão por agradar a "messias" Bolsonaro. Uma vergonha para o Brasil.
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