quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

NO 1º GRANDE JOGO DA TEMPORADA, NEYMAR COMEÇARÁ LOGO MAIS A MOSTRAR SE TEM OU NÃO A FIBRA DOS CAMPEÕES

Vai para o trono ou não vai?
Aos 26 anos recém-completados, o futebolista mais badalado do Brasil começa nesta 4ª feira (14) a enfrentar um dos maiores desafios de sua carreira.

Beneficiado pela condição de jogador mais talentoso de nosso país num período em que não despontaram foras-de-série como Pelé, Garrincha, Tostão, Rivellino, Falcão, Sócrates, Zico, Romário, Ronaldo Fenômeno e que tais, ele logo se tornou uma unanimidade nacional, a despeito de não haver realizado grandes feitos com a camisa do Santos (2009-2013): participou da conquista três campeonatos estaduais (uma competição tão desvalorizada hoje que foi até apelidada de Paulistinha), uma Copa do Brasil e uma Copa Libertadores da América, a de 2011.

Esta última seria a azeitona da empada, se a campanha do Santos tivesse sido brilhante (jogou só para os gastos, quase sempre empatando com os adversários fora e vencendo-os em casa) e se Carles Puyol não o houvesse anulado completamente na final da Copa Mundial de Clubes, quando o Barcelona teve dó ou preguiça de massacrar o time praiano, contentando-se em goleá-lo por 4x0. Foi o primeiro jogo da vida do Neymar e terminou muito mal para ele.

No Barcelona (2013-2017) os títulos importantes abundaram: uma Copa do Mundo de clubes, uma Liga dos Campeões da Uefa, dois campeonatos espanhois, etc. Mas, Neymar ficou sempre à sombra do craque do time, Messi, disparado o melhor futebolista deste século (o confronto com Cristiano Ronaldo não passa de um gancho promocional, pois o argentino é um gênio completo e o português, nada além de um hábil finalizador).

Mas, Neymar teve dois grandes momentos como protagonista: em 2016, foi o principal destaque do futebol brasileiro nas Olimpíadas (medalha de ouro); e em 2017, arrasou na vitória do Barcelona sobre o PSG por 6x1 na Liga dos Campeões da Uefa, carregando a equipe catalã nas costas e evitando que fosse eliminada já nas oitavas de final (não adiantou: cairia nas quartas).
O parto do garoto-propaganda do Qatar

Isto deve tê-lo animado a tomar a decisão mais temerária da sua carreira: trocar o Barça pelo próprio PSG, que coleciona campeonatos franceses mas nunca obteve o título europeu.

O tradicional Paris Saint Germain pertence atualmente a um fundo de investimentos controlado pelo Qatar, tendo, portanto, Neymar se tornado a peça-chave de um ambicioso projeto de estreitamento dos laços entre o país árabe, grande produtor de gás, e o mundo.

Foi o sonho de conquistar a Bola de Ouro de melhor jogador da temporada o principal motivo de Neymar ter aberto mão da confortável posição que tinha no Barcelona (dele só se cobrava que jogasse bola, enquanto as responsabilidades de líderes do time repousavam sobre os ombros calejados de Messi, Iniesta, Piquet e Suarez). 

As duas partidas contra o Real Madrid serão decisivas para a imagem de Neymar. Se o PSG obtiver a classificação para as quartas, ele continuará em alta para conquistar sua primeira Bola de ouro; caso contrário, só lhe restará a opção de chegar ao final de 2018 como um dos responsáveis pela conquista da Copa do Mundo da Rússia, um caminho comparativamente bem mais difícil. 

Do outro lado estará Cristiano Ronaldo, cujo desempenho recente alimenta dúvidas sobre uma possível decadência (afinal, já fez 33 anos e é um jogador que depende muito da explosão física). Perder o duelo para o time do jovem rival Neymar reforçará a impressão de que ele começou a descer a ladeira; então, o português também deve estar encarando o duelo com o PSG como uma prioridade absoluta. 
Sonho de Neymar é trocar os papéis. Conseguirá?
Minha opinião? É a de que serão duas partidas nervosas, dramáticas e imprevisíveis, marcando o início pra valer do ano futebolístico de 2018. 

Torcerei pelo PSG, porque quero ver o escrete brasileiro brilhar de novo, depois de seus papelões nos três últimos Mundiais da Fifa; e sei que, caso seja derrotado na sua prova de fogo, Neymar talvez não se recupere psicologicamente em tempo de fazer o que Tite dele espera e precisa nos gramados da Rússia.

Embora tenha pouquíssima simpatia por celebridades do esporte que ficam deslumbradas com prêmios e holofotes. Prefiro mil vezes a discrição de um Andrés Iniesta ou de um Xavi Hernández, com quem o Neymar poderia ter aprendido muita coisa durante seus tempos de Barcelona, se não estivesse tão fascinado com o próprio umbigo...

POST SCRIPTUM – O esperado duelo terminou de forma inconclusiva. Cristiano Ronaldo esteve apagado, desperdiçou boas chances e teve a sorte de o Lo Celso propiciar-lhe infantilmente um pênalti (que cobrou bem) e de o goleiro Areola bater roupa num cruzamento (com o rebote encontrando seu joelho). Gols achados também decidem partidas.

Neymar mostrou melhor futebol, claro, por ser melhor futebolista, com um repertório muito maior de jogadas. Mas esteve individualista e às vezes dispersivo, além de os companheiros desperdiçarem as oportunidades que criou. 

Os destaques da partida (vitória injusta do Real Madrid por 3x1) não foram os esperados, mas sim Marcelo e Asensio.

O PSG sofreu um duro golpe, pois fez por merecer pelo menos o empate. Mas, quem foi capaz de acuar o Real Madrid em pleno Santiago Bernabéu como ele acuou em vários momentos, não está morto. 

Tem time para reverter a situação em casa, dentro de duas semanas, se não perder a cabeça e souber aproveitar melhor a fluência do seu jogo. 

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