segunda-feira, 20 de novembro de 2017

A MÁ NOTÍCIA: AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS ESTÃO AÍ PARA FICAR. A PIOR NOTÍCIA: NÃO SE SABE SE SOBREVIVEREMOS A ELAS.

Por Marcelo Leite
PREPARE-SE PARA A MUDANÇA DO CLIMA, POIS ELA JÁ SE
 TORNOU INCONTORNÁVEL

Terminou em Bonn, na Alemanha, a 23ª Conferência das Partes (COP-23) da convenção da ONU sobre mudança climática. Quase meio século de negociações, e mais uma vez pouca coisa saiu do lugar.

Ficou tudo para resolver, ou quase tudo, na Polônia, ano que vem, durante a COP24. Ou para 2019, no Brasil, se vingar a proposta do governo Michel Temer de sediar a conferência de quase duas centenas de países (195 mais União Europeia, para ser preciso).

Enquanto o tempo passa e nada de mais concreto se resolve, o dióxido de carbono (CO2) e outros gases do efeito-estufa continuam a se acumular na atmosfera. Partimos de 280 partes por milhão de CO2 (na era pré-industrial) para mais de 400 ppm (agora).

Os gases do efeito-estufa que lançamos hoje permanecem retendo radiação solar na atmosfera por muito tempo, até mais de um século. A gastança de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural) dos últimos dois séculos já garante um aquecimento global para lá de arriscado, não importa o que se fizer a partir de agora (e quase nada está sendo feito, perto do que seria necessário).

Veja bem: o Acordo de Paris (2015) consagrou uma meta de 2ºC de aquecimento máximo, de preferência 1,5ºC. Só que a temperatura média da atmosfera já esquentou 1ºC. E as emissões passadas, mais as que ocorrerão em uma ou duas décadas (não se desliga uma civilização de petróleo da noite para o dia), nos põem numa trajetória de pelo menos 3ºC.

A cada ano que passa, torna-se mais e mais complicado resolver a questão.

Antes se acreditava que bastaria começar a diminuir as emissões de carbono paulatinamente, até zerá-las ali por 2040 ou 2050. Como ninguém tirou o pé do acelerador para fincá-lo no freio, como é racional fazer quando há um desastre à frente, vai ser preciso dar uma guinada e correr o risco de capotar.

Será necessário recorrer à captura do carbono já emitido, para talvez injetá-lo nas profundezas da Terra –por ironia, ou injustiça poética, cogita-se fazer isso em poços abandonados de petróleo. Uma tecnologia que ninguém ainda domina direito, quanto mais provar que seja economicamente viável.
Enquanto isso, em Bonn, como fizeram desde 1992, quando a convenção da ONU foi adotada no Rio durante a Eco-92, líderes de países ricos e pobres se engalfinham em torno do princípio das responsabilidades comuns porém diferenciadas. Traduzindo: quem poluiu mais e antes deve agora financiar quem ainda acha que tem o direito de poluir (como o Brasil com seu pré-sal e seu desmatamento ainda em patamar alto).

Uma picuinha de 23 anos, sem perspectiva de solução. Ainda mais agora que Donald Trump chegou para jogar carvão e óleo na fogueira.

Prepare-se para a mudança climática, com suas secas (como a do Nordeste nos últimos seis anos), ressacas (como as que têm castigado Santos e Rio), furacões intensos (como Maria, Harvey e Irma, que devastaram Houston e o Caribe) e o desaparecimento progressivo de países insulares como Maldivas, Tuvalu e Kiribati.

Kiribati? –perguntaria Trump. Who cares?

O autor deste artigo, Marcelo Leite, é jornalista especializado em Ciências.

2 comentários:

SF disse...

Significa que veremos Nova Iorque inundada? Incluso a Trump Tower?

Who cares?!

Anônimo disse...

Para acreditar na mudança climática antropogênica é preciso crer que o clima na Terra era imutável. O problema para esses crentes é que o clima terrestre sempre teve variações intensas. Períodos mais frios e mais quentes sempre se alternaram, com variações superiores ao cinco graus Celsius.

A medição por satélite da temperatura média do planeta teve uma variação positiva de 0,7 graus desde o início da medição em 1979, com os três picos coincidindo com o efeito El Niño. Não custa nada lembrar que a coleta de dados a partir do espaço não é contaminada por alterações geográficas locais, como as ilhas de calor urbana, que passaram a afetar as estações terrestres com a crescimento das cidades.

Outro detalhe que deve ser relembrado foi a pequena idade do gelo que preocupou os cientistas há 40/50 anos atrás, com a década de 1970 mais fria que as anteriores. Logo, o início da medição espacial ocorreu num período de temperatura mais baixa que os imediatamente anteriores.

A redução do uso dos combustíveis fósseis é necessária por seus impactos locais. Ou seja, a poluição atmosférica. Não por um hipotético aquecimento global.

Outro detalhe assustador é alguém escrever um artigo por ouvir dizer, afinal, é impossível falar em efeito estufa sem citar o vapor d'água, e outros gases. O vapor d'água varia de 1/100 a 4/100 na baixa atmosfera. Um mínimo de 1% contra um máximo de 0,05% do CO2.

A paleoclimatologia tem obtido avanços na reconstrução do clima de determinadas regiões, monstrando ao longo de milênios as variações que ocorreram. Períodos secos, úmidos, frios e quentes. Há cerca de dez mil anos a região amazônica era uma imensa savana, o deserto do Saara tinha abundância de flora e fauna. O que determinou a atual situação existente nos dois locais?

Related Posts with Thumbnails