terça-feira, 11 de julho de 2017

OS 40 ANOS DA IGREJA UNIVERSAL E OS 10 ANOS DA AVALANCHE DE PROCESSOS PARA INTIMIDAR UMA JORNALISTA EXEMPLAR - 3

(continuação, para acessar os posts anteriores clique aqui e aqui)
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PLANO DA IGREJA UNIVERSAL GERA
 DISPUTA JUDICIAL COM EX-BISPOS
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Por Elvira Lobato
A estratégia da Igreja Universal do Reino de Deus de colocar empresas em nome de religiosos já resultou em duas disputas judiciais com ex-bispos: uma em Santa Catarina e outra no Rio de Janeiro.

O ex-bispo Marcelo Nascente Pires acusa Edir Macedo de fraudar uma procuração para lhe tirar as ações das TVs Itajaí e Xanxerê, ambas de Santa Catarina. As emissoras fazem parte da Rede Record.

O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) foi condenado pela Justiça do Rio a pagar R$ 1,5 milhão ao ex-bispo Paulo Roberto Gomes da Conceição, referente a ações da TV Cabrália, de Itabuna (BA). Os dois foram sócios na emissora. Ele rompeu com a igreja e cobrou o pagamento das ações. Crivella tem 15 dias, a contar da última quinta, para pagar a dívida.

Pires – O ex-bispo Marcelo Pires também era do grupo de confiança de Edir Macedo. Além das duas emissoras de TV, foi acionista da Colonial Administração de Imóveis (imobiliária), Unimetro Empreendimentos (loteamento e incorporação de imóveis), Fênix Comunicações e Line Records. Ainda é acionista desta última.
Como os demais bispos, Pires comprou as ações financiado por empréstimos da Iurd. No caso dele, o financiamento foi pela Cremo Empreendimentos (SP), também registrada em nome de bispos. De um lado, ele devia à igreja, e do outro, assinou procurações, com datas em branco, autorizando a venda das empresas – uma delas era para Macedo.

Na estratégia da Iurd, segundo ex-acionistas, quando as empresas passam de um bispo para outro, a venda é feita pelo valor da dívida, e o comprador herda o empréstimo. Ao romper com a igreja, o acerto entre a Iurd e Pires ruiu.

A Cremo Empreendimentos entrou com ação contra ele na Justiça de São Paulo, em outubro de 2001, cobrando o pagamento dos empréstimos que ele assinara. O valor cobrado é de R$ 1,7 milhão.

O ex-bispo, por seu turno, alegou que a procuração que havia dado a Macedo, em setembro de 1996, teria sido fraudada, porque dava poderes para vender uma empresa, e foram vendidas três: as duas TVs e a Rede Fênix de Comunicação.
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Ato falho – Um ato falho dos advogados revelou que a Iurd está por trás da Cremo. Em fevereiro deste ano, a advogada Tatiana Tiburcio, da igreja, anexou um documento ao processo judicial, em São Paulo, onde a autora é a Iurd e não a Cremo.

Em janeiro de 2002, as cotas da TV Itajaí foram transferidas para o bispo Honorilton Gonçalves, vice-presidente da TV Record. O processo da TV Xanxerê se arrastou até novembro de 2002, quando as ações foram também transferidas a Gonçalves, por R$ 91 mil.

Pouco antes de a venda ter sido registrada na Junta Comercial, Pires ofereceu as ações da TV Xanxerê à penhora para pagamento da dívida cobrada pela Cremo. A Junta Comercial de Santa Catarina, em junho deste ano, suspendeu a transferência das ações, até que haja uma decisão final da Justiça sobre o caso. Até lá, o ex-bispo volta a ser sócio da emissora.
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LIVRO SOBRE BISPO AVALIA
REDE RECORD EM US$ 2 BILHÕES
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Políticos beijando a mão do Edir Macedo na inauguração de um templo faraônico
No livro O Bispo - A História Revelada de Edir Macedo – biografia autorizada do fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, recentemente publicada pela editora Larousse – a Rede Record é avaliada em US$ 2 bilhões.

A igreja não quis dar declaração ou informação sobre seu vínculo com as emissoras de TV da Rede Record, as emissoras de rádio e as empresas registradas em nome de bispos ou outros membros da instituição.

A Folha encaminhou dois e-mails com detalhes sobre o conteúdo da reportagem, além de pedidos de entrevista feitos por telefone. A resposta, via assessoria de imprensa, foi de que não se manifestaria sobre nenhum dos temas abordados.

No livro biográfico de Macedo, escrito pelo diretor de jornalismo da Rede Record, Douglas Tavolaro, e por Christina Lemos, repórter especial do Jornal da Record, ele é indagado sobre quantos bens possui em seu nome, e responde: "Sou proprietário da Record e da Rádio Copacabana, do Rio de Janeiro. Além disso, tomei empréstimo bancário há pouco tempo para a compra de um apartamento nos Estados Unidos, e pretendo saldá-lo com os direitos autorais das vendas de meus 34 livros. Mas o empréstimo é para pagar em 30 anos."

Ao se declarar proprietário da Record, deixa implícito que é o dono de todas as emissoras da rede, ao passo que, oficialmente, muitas estão em nome de outros membros da igreja. Afirmou ainda que nunca recebeu dividendos da Record, e que todo o lucro é reinvestido no crescimento da rede.

No livro, ele responde à acusação de que a Universal injeta dinheiro na emissora. Diz que a igreja é só cliente da Record, e aluga espaços na programação. "A igreja paga pelo aluguel da madrugada, horário, aliás, que a Globo e o SBT não querem alugar (...) A Record está crescendo com as próprias pernas."

Riquezas – À pergunta sobre se está rico, não mensurou seu patrimônio em cifras. "Rico? Muito. Talvez seja o homem mais rico do mundo. Sou milionário. Tenho uma família maravilhosa. Faço o que gosto, falo de Jesus. Tenho liberdade. Não vivo à base de tranquilizantes. Sou uma pessoa livre. Quer riquezas maiores do que essas?"

Indagado sobre o que é feito com o dinheiro que entra na igreja, respondeu que é usado para pagamento das despesas com manutenção dos templos, programação de rádio e televisão feita por pastores, folha de pagamento de funcionários, aluguéis, ajuda de custo dos pastores, construção de igrejas e "mais um batalhão de compromissos".

A publicação comenta também os inquéritos e processos contra Edir Macedo. Desde 1990, foram 21 processos e inquéritos criminais, de curandeirismo a sonegação de impostos. Do total, segundo os autores do livro, cinco prescrevem e 15 foram arquivados por falta de provas.

3 comentários:

SF disse...

Pataquadas como a que este espertalhão montou são comuns no país.

Não sei porque, lendo o conto "O Homem que Falava Javanês" - Lima Barreto - associei o narrador "Senhor Castelo" e sua lorota de falar javanês ao caô descarado aplicado pelo "pedir maus cedo".

A fina ironia e a crítica ferina de Barreto à sociedade brasileira de sua época é o tom adequado para tratar de patifes deste naipe.

Nulidades que prosperam numa terra de nadas ambulantes.

celsolungaretti disse...

O que me incomoda, companheiro, é a inutilidade de alguém expor uma verdade de forma acachapante aqui no Brasil. Os procuradores de São Paulo devassaram seus negócios, o jornal O Estado de S. Paulo produziu uma série memorável de denúncias, a coisa toda ficou claríssima... e não aconteceu nada!

E a coitada da Elvira Lobato fez essa sensacional reportagem que eu reproduzi, mostrando uma miríade de práticas ilegais sendo cometidas às escâncaras... e só ela sofreu, obrigada a passar três se defendendo de denúncias inconsequentes.

Desanima.

O mínimo que eu podia fazer era prestar um tributo à dignidade e competência profissional da Elvira. Pena que haja poucos como ela hoje em dia.

SF disse...

Não acredito que o esforço da nobre jornalista e as consequentes agruras que sofreu tenham sido em vão. Muito menos sua decisão de divulgar estes fatos.
Aliás o portal ATEA, do face, também citou algumas coisas a respeito.

Derrotado, Galileu disse entre-dentes "e pour si muove".

A resiliência da razão é infinita.

A dos enganadores finita.

Um belo dia eles somem.

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