Por Celso Lungaretti |
Hoje o Supremo Tribunal Federal tomará uma decisão vital para o destino do País: vai mostrar ao povo brasileiro se, além do pecado original de servir à perpetuação do sistema capitalista com toda a sua desigualdade econômica e injustiças sociais, não leva nem mesmo a democracia burguesa a sério.
Isto porque a delação premiada da quadrilha JBS foi um rosário de ilegalidades (vide aqui) e tem de obrigatoriamente ser anulada, caso a Constituição Federal de 1988 ainda esteja em vigor.
Avalizar arbitrariedades em nome do combate à corrupção será abrir as portas para o Estado policial.
É este tipo de Justiça que o Brasil merece?! |
Quanto ao ministro Edson Fachin, não é por meras tecnicalices que a dita delação tem de ser retirada de suas mãos, mas por haver deixado de se declarar impossibilitado de apreciá-la em função de suas notórias ligações perigosas de outrora com o barão da carne e seus comparsas. Simples assim.
Já temos um Executivo e um Legislativo desmoralizados. Agora o STF vai dizer se dele se pode esperar uma contribuição positiva para reduzir as tensões que ameaçam convulsionar o País ou cederá, como a Procuradoria-Geral da Justiça, à tentação de ir além do papel que lhe cabe como instrumento da Justiça, igualando-se aos justiceiros de bairro.
3 comentários:
Celso diz: "Isto porque a delação premiada da quadrilha JBS foi um rosário de ilegalidades (vide aqui) e tem de obrigatoriamente ser anulada, caso a Constituição Federal de 1988 ainda esteja em vigor.
Avalizar arbitrariedades em nome do combate à corrupção será abrir as portas para o Estado policial."
Celso disse: "Vale tudo para deter a Lava-Jato antes que encarcere Lula. Ou seja, mais uma vez o PT coloca a sobrevivência política do partido acima da revolução, da justiça social, dos trabalhadores, dos valores da esquerda e de tudo que se comprometeu a defender em 1980. Pactua nos bastidores com o PSDB e o PMDB para, juntos, cortarem as asas de Moro, no exato instante em que as delações premiadas de Marcelo Odebrecht e mais 50 executivos de sua empresa ameaçam decepar mãos sujas de figurões de todos os partidos, não deixando pedra sobre pedra em Brasília." https://naufrago-da-utopia.blogspot.com.br/2016/10/esquerda-centro-e-direita-se-unem.html
Agora pergunto: qual a diferença jurídica entre a delação de Joesley e a de Marcelo? Sendo que o segundo já estava preso (na modalidade da república de Curitiba, a provisória definitiva) há longo tempo sem condenação naquele moemento...
Pau que bate em Lula não bate em Michel? Contra os traidores da revolução os abusos são cometidos, para os corruptos sinceros na safadeza não?
Desta vez vc mirou o gol mas seu chute foi parar na bandeira de escanteio, Rebolla.
A diferença jurídica é que a delação do Marcelo Odebrecht se inseriu numa investigação policial e judiciária, enquanto a do Joesley foi parte de um golpe para derrubar presidente.
O sujeito recebeu uma aula para alcaguete provocador, foi tentar extrair declarações comprometedoras do Temer (ou seja, fez uma gravação ILEGAL, porque não autorizada por autoridade nenhuma, e sua forçação de barra para tentar arrancar dele alguma declaração comprometedora caracteriza uma ARMADILHA JUDICIAL), NÃO AS OBTEVE, entregou uma GRAVAÇÃO ADULTERADA e o golpista-geral da República em ação concertada com as Organizações Globo, provocou um escarcéu midiático para tentar forçar a renúncia do presidente ou sua condenação pelo TSE.
A coisa foi tão acintosa que, na 2ª feira passada, fiz uma autocrítica por não ter me posicionado antes, incisivamente, contra as delações premiadas: https://naufrago-da-utopia.blogspot.com.br/2017/06/os-excessos-autoritarios-do-festival-de.html E tenho alertado para o perigo que os TENENTES TOGADOS representam, pois este tipo de ação-desabafo acaba sempre tendo consequências AUTORITÁRIAS.
Hoje me arrependo muito de só ter acordado para tal realidade quando as coisas chegaram no limite. Mea culpa. Deveria ter continuado a pautar minha atuação pela frase célebre do Paulo Francis: "O combate à corrupção é uma bandeira da direita".
De resto, não estou batendo em Lula nenhum. Pelo contrário, se detivermos os excessos da Lava-Jato, um dos beneficiados será ele. Não que seja esta minha intenção, mas hoje eu prefiro mil vezes vê-lo inocentado do que arriscar esse salto no escuro com Janot, Globo, Fachin, etc. Como já escrevi, articulação política moralizante nascida no meio judicial já houve uma, de péssima memória: o jacobinismo. Um dos acontecimentos mais trágicos para nós, da esquerda, foi quando a revolução francesa devorou seus filhos.
Quanto a eu preferir que o Temer não seja derrubado agora, há vários motivos:
a) de nada adiantaria, porque o Congresso JAMAIS deixaria a escolha do substituto se dar em eleição direta;
b) porque a esquerda tem uma prioridade imensamente mais importante no momento, a de reciclar-se, voltando a organizar as massas e recuperando a combatividade perdida (em 2016 ficou comprovado que é inútil eleger presidente sem ter poder de fogo para sustentar seu mandato);
c) porque o combate à corrupção sob o capitalismo é como enxugar gelo, não acaba nunca, a onda moralista passa e a corrupção sempre volta, então temos de voltar nossa atenção para o que realmente precisa ser feito (derrubar o capitalismo, não seu serviçal de quinta categoria chamado Michel Temer);
d) porque a superação do capitalismo não é coisa que acontecerá tão cedo (precisamos antes reconfigurar a esquerda e depois acumular forças dentro da nova perspectiva), não vejo sentido nenhum em que o povo continua sofrendo tantos rigores apenas porque o Janot e a Globo resolveram brincar de aprendizes de feiticeiros (a pequena e lenta recuperação econômica que estava havendo não teria fôlego, claro, mas pelo menos daria chance ao povo para respirar e sair do sufoco por um tempinho, e até este quase nada os golpistas trapalhões lhe negaram!).
Sempre fui contra a elasticidade processual penal. A tradicional que abrandava a persecução de ricos e poderosos, como também da inversa.
As delações vazadas do Joesley não diferem do que temos visto desde 2014, nesta "passando o país a limpo". A diferença é que se voltou contra um grande beneficiário das anteriores.
Quanto ao Temer? Quero vê-lo como ex-presidente o mais rápido possível.
Uma eleição indireta deixaria ainda mais exposta a podridão do sistema político brasileiro. Nada de pinguela.
Já vimos os nomes das bancadas das empreiteiras e do agronegócio. Falta a principal: a do sistema financeiro. Somente com mais instabilidade e o salve-se quem puder contínuo, teremos uma pequena oportunidade que algum deles seja forçado a abrir o bico e dizer que são os operadores do investidores e dos bancos.
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