quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

A 'TEMPESTADE PERFEITA' QUE NOS ASSOLA

Como já escrevi anteriormente, o editorial é um tipo de cartão de visita de qualquer publicação, texto tratado com extremo rigor informativo pela redação. 

Mas, claro, nada temos a aprender com a opinião que a grande imprensa difunde por meio deles: não passa de uma defesa explícita ou implícita dos valores e interesses do grande capital.

Então, reproduzo abaixo o quadro da situação econômica que a Folha de S. Paulo apresenta no seu editorial desta 4ª feira (2), "Colapso". De forma sucinta e didática, analisa a devastação já produzida pela tempestade perfeita que nos assola e a tendência de a coisa ainda piorar muito antes de melhorar.

Vale notar que, sem muito alarde, são traçados paralelos com a recessão do Collor (que durou 11 trimestres) e até com a Grande Depressão da década de 1930. Há mesmo analistas econômicos batendo nestas teclas agourentas. A segunda foi, simplesmente, um pesadelo.

Já o antídoto proposto pelo jornal é apenas a velha retórica de que a salvação está num capitalismo maquilado/idealizado que não existe em lugar nenhum; papo furado & propaganda enganosa. 

Então, vale a pena tomarmos conhecimento dos cinco primeiros parágrafos, muito elucidativos, mas nada de útil nos trazem os quatro restantes (para quem tiver interesse, a íntegra está aqui): 

"Poucas vezes se viu, na história brasileira, um encolhimento tão expressivo de nossa economia. De abril de 2014 a setembro deste ano, o PIB ficou 5,8% menor, e inexistem sinais de que a redução será interrompida no curto prazo. Não se vê nada parecido desde o início dos anos 1980; antes disso, é preciso voltar à década de 1930.

Com os resultados do terceiro trimestre –queda de 1,7% em relação aos três meses anteriores–, o PIB deve fechar 2015 com contração próxima a 4%. Esvaem-se, com isso, as esperanças de que 2016 possa trazer algum alento. O ano que vem será de nova retração. Com sorte, o crescimento voltará, tímido, apenas em 2017.

O colapso da demanda interna afeta quase todos os setores, algo também raro. A combinação de crise em segmentos de grande peso para o investimento e o emprego –como a construção civil, toda a cadeia de óleo e gás e a indústria– torna mais difícil antever o possível caminho da recuperação.

A extensão da degradação social ainda está por ser plenamente estabelecida. Já se nota, porém, a reversão de tendências positivas da última década. Aumentam a informalidade da mão de obra e a desocupação entre os jovens, por exemplo. A se confirmarem prognósticos que não soam pessimistas, até o ano que vem o país terá perdido 4,5 milhões de postos de trabalho.

Por essas razões, a recessão atual se anuncia muito mais prolongada do que as contrações de 2003 e 2009. Nos dois casos, nossa economia voltou a se expandir menos de um ano depois e não tardou a superar o tamanho que tinha antes da crise. Desta vez, é quase certo que o país chegará a 2018 com patamar de produção inferior ao de 2014".

4 comentários:

SF disse...

Este barulho todo por causa da "crise" passa a idéia de crescimento infinito.
Ora, não é possível o crescimento "ad aeternum". Então após a expansão segue-se a retração. Mas porque?
Decorre do capitalismo. É consequência de uma mentalidade predatória onde os salários são baixos levando ao subconsumo e, principalmente, porque a produção não visa atender ao interesse social, mas ao lucro.
E o que ocorre com o lucro? No capitalismo ele é esteriliizado na forma de mercadorias de luxo, drogas, guerras e ativos financeiros. Resultando em desperdício daquele trabalho que foi roubado do proletário, graças aos baixos salários.
Em resumo, o capitalismo sempre está em crise ou a beira de uma crise.
Mas em que beneficia-se o capitalista com a crise? Com a crise ocorre a perda dos poucos ganhos dos proletários e os capitalistas menores são fagocitados pelos maiores.
É um jogo sujo.

A resposta a isto é um sistema econômico que preveja a sustentabilidade com liberdade.
O que me parece uma utopia no momento.

celsolungaretti disse...

Companheiro, o foco deste post não são as crises cíclicas do capitalismo, mas sim a derrocada brasileira num período em que a economia mundial superou seu pior momento e mesmo nossos vizinhos da América do Sul já registram evolução positiva do PIB.

Então, há algo de podre no reino da Dilmamarca; a conjuntura internacional não explica nem justifica recessão tão aguda como a nossa.

SF disse...

Também vejo que a "conjuntura internacional não explica nem justifica recessão tão aguda como a nossa".
Mas, ao que parece, esta nação é especialista em ser a pior entre as piores.
Veja-se a escravidão e por aí vai.
Aqui, além dos males do capitalismo, temos como "molho" o sadismo das elites.
Tristes trópicos!

Hugo Pessoa disse...

O PT queria continuar no governo. Se a partir da metade do primeiro mandato de Dilma o seu governo tomasse medidas que mudassem o rumo da economia haveria desagrado por parte da classe média assalariada.

Para quê consertar o rumo, deixando as contas em dia para eventualidade do adversário se eleger e encontrar um mar calmo?

Pensaram então, vamos gastar, desonerar tributos a quem não precisa, deixemos a classe média gastar bilhões no exterior e se endividar com os bancos aqui dentro.

Se ganharmos consertaremos, se perdermos a oposição tomará medidas duras que inviabilizará sua reeleição.

Simples assim. Não é o que observamos na Prefeitura de São Paulo. Não foi assim que o PT recebeu o governo de FHC?

Foi um cálculo errado, irresponsável, junto com a inépcia da presidente Dilma.

Não conseguiram consertar nada com o governo incompetente de Dilma.

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