Pesquisa do instituto DataFolha, realizada nos últimos dias 25 e 26, revela que os brasileiros não querem mais ter Dilma Rousseff como presidente da República, gostariam que renunciasse (65%) ou que o Congresso abrisse um processo de impeachment contra ela (63%), mas não acreditam que venha realmente a deixar o poder (64%).
Triste retrato de um povo que, de tão acostumado a ver os podres Poderes ignorarem a voz das ruas, já se resigna à impotência, preferindo aguardar pacientemente que as mudanças desejadas caiam do céu e nem sequer cogitando a hipótese de gritar mais alto para fazer com que o escutem em Brasília.
No clássico Terra em transe, de 1967, Glauber Rocha ousou levantar uma questão que era tabu para a esquerda e lhe acarretou críticas furibundas: se a pusilanimidade dos brasileiros facilitava a ocorrência de retrocessos como o de 1964. Ou, em termos glauberianos, se a culpa era do povo, como mostrava crer o poeta Paulo Martins (Jardel Filho).
Lembrando o abandono a que foram relegados os inconfidentes do século 17 e fomos relegados os resistentes do século 20, a independência vinda pelas mãos do príncipe português e com apoio inglês, o fim da escravidão como graça concedida por outra princesa, a passividade face a uma ditadura de 15 anos e outra de 21, não hesito em afirmar: a culpa é sim, também, do povo.
Um comentário:
Pobre, sofrido e enganado povo brasileiro.
Jacob Gorender em entrevista a Mario Maestri [disponível na internet] disse que em 1964 havia possibilidade de vitória popular["poder-se-ia vencer ou perder"]. "As possibilidades da esquerda e direita eram as mesmas".
Entretanto o PCB entregou a chefia do movimento a Jango e Jango não quis lutar. Há muitos relatos das vacilações do latifundiário-presidente nesse momento crucial da nossa história.
Os militares chutaram uma porta e não houve resistência. Chutaram outra; a mesma coisa. E assim chegaram ao poder sem resistência alguma.
Poucos anos depois o sacrifício, a imolação de muitos jovens na luta armada de esquerda salvou-nos a dignidade histórica; com o preço de sangue.
Após anos da bota militar ocorre o surgimento do PT e decorrente disso o lulopetismo.
Nunca mais o capitalismo no Brasil irá encontrar uma gerência tão enganadora, tão amarradora dos movimentos sociais para as elites lucrarem sem preocupação nenhuma, sem risco, sem contestação, tendo o Estado brasileiro a irrigar financeiramente e com muita corrupção seus projetos.
Sua ação, do Lula, foi e está sendo nefasta para os trabalhadores.
Tem que desmilinguir a figura do Lula como líder da massa trabalhadora para que ela avance.
O filósofo Bertrand Russel dizia que não se combate uma organização sem estar organizado.
E o que Lula e núcleo do PT que gira em torno do ex metalúrgico fez senão desorganizar o povo nesses 13 anos?
O povo tem TAMBÉM sua parcela de culpa mas mais para o lado da alienação em entrar de cabeça nos financiamentos consignados para comprar bugigangas, escravizando-se ao sistema financeiro, dando suporte de audiência a novelas imbecis, por exemplo.
Outro exemplo da alienação do povo, no caso do povo paulista, o reacionário Alckmin só não ganhou na ultima eleição para governador numa única cidade. Inexplicável depois de décadas de desgoverno tucano no nosso Estado.
No mais a culpa é de quem estando no poder travestiu-se de esquerda.
Postar um comentário