PREZADO ALUÍZIO,
FIQUEI ESTARRECIDO COM A PUBLICAÇÃO RECENTE [no seu site Documentos Revelados] DE UMA VERSÃO ANTIGA, TOTALMENTE SUPERADA, SOBRE COMO CAIU A ÁREA DE TREINAMENTO GUERRILHEIRO DA VPR EM REGISTRO.
POR QUE SÓ UM DOS TEXTOS DA POLÊMICA QUE TRAVEI COM O MARCELO PAIVA, E NÃO TODOS? FORAM 5, PUBLICADOS NA FOLHA DE S. PAULO:
- O INICIAL DO MARCELO, ENVOLVENDO MEU NOME NUM ASSUNTO QUE VERDADEIRAMENTE NÃO ME DIZIA RESPEITO;
- MINHA RÉPLICA;
- A TRÉPLICA DO MARCELO;
- A RODADA FINAL, COM NOVAS INTERVENÇÕES MINHA E DELE.
DESSES 5 TEXTOS, VOCÊ COLOCOU SÓ A TRÉPLICA DELE. FICOU SEM PÉ NEM CABEÇA, ATÉ PORQUE ELE RECONHECEU MAIS TARDE QUE EU ESTAVA CERTO E ELE SE DEIXARA LEVAR POR AFIRMAÇÕES TENDENCIOSAS.
AFORA O FATO DE QUE O JACOB GORENDER MANDOU CARTA À FOLHA DE S. PAULO, QUE A PUBLICOU NO PAINEL DO LEITOR, INOCENTANDO-ME NO EPISÓDIO DA ÁREA.
TODOS ESSES TEXTOS ESTÃO REPRODUZIDOS IPSIS LITTERIS NO APÊNDICE DO MEU LIVRO "NÁUFRAGO DA UTOPIA", COM DATAS E OUTROS DETALHES.
EU TINHA TUDO ISSO SALVO NO MEU COMPUTADOR, MAS UM PAU ME FEZ PERDER UMA INFINIDADE DE ARQUIVOS IMPORTANTES. DE QUALQUER FORMA, SÃO FACILMENTE LOCALIZÁVEIS. E, NO "NÁUFRAGO", EU OS REPRODUZI COM MÁXIMA EXATIDÃO, MANTENDO ATÉ OS ERROS DE PORTUGUÊS...
DE RESTO, SE VOCÊ PESQUISAR INFORMAÇÕES MAIS RECENTES, SABERÁ QUE A IDENTIDADE DE QUEM FORNECEU À REPRESSÃO A LOCALIZAÇÃO EXATA DA ÁREA 2 DE REGISTRO (EU SÓ ESTIVE NA 1, ABANDONADA) JÁ É AMPLAMENTE CONHECIDA.
CONTINUO CONSIDERANDO DESELEGANTE EU MESMO APONTAR TAL PESSOA, MAS HOJE NÃO É MAIS MISTÉRIO NENHUM. LAMENTAVELMENTE, ESTAVA NUM PATAMAR HIERÁRQUICO SUPERIOR AO MEU, TUDO LEVANDO A CRER QUE A OPÇÃO DA VPR FOI DEIXAR A CULPA SER ATRIBUÍDA A UM JOVEM QUASE DESCONHECIDO NA ESQUERDA PORQUE A REVELAÇÃO DA VERDADE SERIA MUITO CONSTRANGEDORA E ATÉ PREJUDICARIA A ATRAÇÃO DE NOVOS RECRUTAS.
SEMPRE TE CONSIDEREI UM COMPANHEIRO HONESTO, ALUÍZIO. ESPERO QUE VOCÊ PUBLIQUE O OUTRO LADO DESTA QUESTÃO, PARA NÃO PERPETUAR UMA TERRÍVEL INJUSTIÇA E PARA SER FIEL AO COMPROMISSO QUE VOCÊ ASSUMIU, DE AJUDAR A TORNAR CONHECIDA A VERDADEIRA HISTÓRIA DOS ANOS DE CHUMBO.
PODE ATÉ SER DESCONSIDERADO O E-MAIL DE RETRATAÇÃO DO MARCELO PAIVA (QUE NÃO O DESMENTIU DEPOIS QUE O CITEI NO MEU LIVRO E ESTÁ VIVO PARA CONFIRMAR SUA POSIÇÃO ATUAL A ESTE RESPEITO --INCLUSIVE, NUM LIVRO QUE ELE PRÓPRIO ESCREVEU MAIS TARDE SOBRE OS ACONTECIMENTOS DE REGISTRO, FOI BEM MAIS EQUILIBRADO NA AVALIAÇÃO DO MEU PAPEL HISTÓRICO).
OS 5 TEXTOS DA POLÊMICA PUBLICADOS PELA FOLHA DE S. PAULO E A CARTA DO GORENDER TAMBÉM SÃO DOCUMENTOS QUE AJUDAM A COMPREENDER ESSE EPISÓDIO HISTÓRICO. AGRADECEREI MUITO SE TAL INFORMAÇÃO FOR IGUALMENTE DISPONIBILIZADA NO SEU SITE, EQUILIBRANDO OS PRATOS DA BALANÇA.
ATENCIOSAMENTE,
CELSO LUNGARETTI
(06/08/2015, sem
resposta até agora)
9 comentários:
Eita, Celsão.
Que dureza, hein, meu velho?
Tenho bastante curiosidade para saber quem entregou a área 2, não por querer azucrinar a pessoa, mas por pura curiosidade. Pois como te disse anteriormente estudei bastante teu caso, mas não consegui identificar quem foi. Deduzi a partir das pesquisas que a "delatora" foi presa no dia 10/04/1970. Alguma dica?
Daniel Oliveira
Abraços!
Por fim, a verdade é ums batalha árdua, mas prevalecerá! Força! Abraços!
Daniel,
trata-se de uma prisão posterior à minha, ou seja, aconteceu após 16/04/1970. A carta do Jacob Gorender é rigorosamente exata:
"O relatório do comandante do 2º Exército na época, general José Canavarro Pereira, co-assinado pelo general Ernani Ayrosa da Silva, sobre a Operação Registro (localidade do vale do Ribeira), confirma que, efetivamente, aquele campo de treinamento fora desativado.
Sucede, no entanto, que, quase simultaneamente, chegaram ao 2º Exército informações procedentes do 1º Exército, com sede no Rio de Janeiro, de que um novo campo de treinamento de guerrilheiros, adjacente ao anterior, se encontrava em atividade.
Sob o comando de Carlos Lamarca (então ex-capitão do Exército), um grupamento com cerca de 20 participantes realizava o treinamento de ações de guerrilha naquele local. As autoridades militares implementaram, então, uma operação de cerco, forçando Lamarca e seus companheiros a abandonar a área e a se dirigirem para a capital de São Paulo, aonde o grupamento chegou com três quartos dos participantes iniciais após vários incidentes narrados no meu livro acima citado.
A respeito dessa segunda área, nenhuma responsabilidade cabe a Celso Lungaretti, que ignorava a sua existência. Sua vinculação com o episódio restringiu-se, por conseguinte, à informação sobre a área que sabia desativada, fornecida, segundo afirma, sob tortura irresistível".
Resumindo, no fim da tarde/começo de noite do dia 16, entreguei a área abandonada, a área 1.
No dia 17, duas equipes do DOI-Codi foram despachadas para lá.
No dia 18, tais equipes voltaram de mãos abanando. Relataram que a área 1 estava abandonada.
No mesmo dia 18, novas informações, provenientes de alguém que forneceu a localização exata da área 2, levaram o Exército a articular a Operação Registro, desencadeada em seguida.
A verdade dos fatos seria muito mais conhecida e divulgada se eu não fosse um esquerdista independente. Ainda está entranhada em boa parte da esquerda a mentalidade de que, mesmo se estando certo, não se pode estar certo contra o partido.
Eu represento exatamente a postura oposta: não há partido nenhum do mundo que me faça calar a minha verdade.
Vide o exemplo recente da satanização da Marina Silva. Cansei de alertar que era extrema burrice, uma vez que o PT jamais ousaria ir contra a exigência da burguesia, que fazia questão cerrada do arrocho fiscal. Ora, se era para implementar uma política econômica diametralmente oposta aos valores da esquerda, por que não deixar tal abacaxi no colo da Marina? Será que nenhum grão petista se deu conta de quão destrutiva para o partido e para a esquerda seria uma guinada do PT na direção do neoliberalismo?!
Tudo que eu previa, aconteceu. E, claro, a esquerda jamais reconhecerá que quem estava enxergando mais longe era eu. Suponho que adiante, depois da minha morte, um ou outro autor me faça justiça. Eu prefiro tentar com todas as minhas forças influenciar os acontecimentos, mesmo sem muita esperança de o conseguir. Pelo menos, quando as coisas dão errado como estão dando agora, não sinto remorso nenhum. A minha parte eu fiz, os outros é que não fizeram a deles.
Lá por 1975 eu já poderia ter me acertado com a esquerda, se não fizesse absoluta questão de esclarecer o meu papel no caso de Registro. Minha vida teoricamente teria sido mais fácil nas três décadas seguintes, mas eu perderia toda autoridade moral. Recusei a proposta e, que eu saiba, fui o único a não fazer autocrítica insincera para ser reabilitado.
É o exemplo que vou deixar para os pósteros: mesmo sozinho, você pode continuar defendendo seus ideais e sendo útil à sua causa. Não precisa ceder a quem lhe queira impor autos-de-fé inquisitoriais, que nada têm a ver com a revolução, o marxismo ou o anarquismo, não passam de um entulho religioso medieval.
Os banqueiros Safra começaram sua atividade na Síria com um pequeno banco. Mais tarde vieram para o Brasil.
Num livro recente sobre a família relata-se que o patriarca Jacob Safra aconselhou seus filhos que eles não poderiam almejar um grande banco no Brasil porque para tal objetivo teriam que contar com o apoio da política. O melhor seria ter um pequeno banco, forte, sólido, super capitalizado e independente. Foi o que fizeram.
Os banco Bradesco e Itau são esses colossos porque contaram com o "de acordo" dos governos de plantão para fazerem suas dezenas fusões e aquisições engolindo as pequenas e médias casas bancárias.
PT sempre teve ao seu lado o Bradesco. O Itau fecha com PSDB. Na última eleição com o desgaste de Serra fechou com Marina.
Bastou Marina contar com o apoio ostensivo, aberto, claro e com ajuda financeira legal de uma das herdeiras ou grande acionista do Itau para que o PT e os blogs chapa branca demonizasse a ex-ministra do governo Lula.
Como Celso disse em outros artigos, foi o grande erro do PT essa demonização, o que levou Aécio para o segundo turno.
Logo após as eleições Dilma foi buscar seu Ministro da Fazenda nos quadros técnicos do Bradesco. Essa foi uma das maiores desmoralizações do partido agravada por medidas impopulares contra a massa trabalhadora no quarto governo petista.
Não demonizar, não caluniar Marina, não tirando-o do segundo turno e caso a antiga trabalhadora dos seringais fosse eleita dar o apoio do PT tão somente para evitar perdas de conquista dos trabalhadores e a alienação dos bens pátrios que agora são permanentemente ameaçados, mesmo com o PT no poder.
Todo os demais ônus de desgaste ficaria com o governo de Marina.
Mas caro Celso, no PT não houve essa visão própria de estadistas e se houve foram pensamentos e vozes silenciadas, jogadas ao ostracismo ou expulsas do partido ou então abandonaram-no, como fizeram muitas intelectuais.
Era pedir demais para um partido com presidente, ministros sem formação ideológica ou então oportunisticamente esquecidas.
É um declínio lento e seguro e agonizante do partido.
Sim, Juliano, infelizmente a companheirada tem essa visão fetichista a respeito de governos. Considera a posse deles um fim em si e não algo a ser avaliado de acordo com as conveniências do movimento revolucionário.
O resultado está aí. Ser governo hoje está acabando com o PT, com o resto da esquerda pegando as sobras da desmoralização do maior partido que tínhamos.
Eu sempre me lembro do quanto a rendição sem luta de 1964 e a desmoralização que ela acarretou foram determinantes para a tragédia da minha geração. Todos nós, os que viemos depois, sentíamo-nos na obrigação de provar ao povo que tínhamos coragem para lutar por nossos ideais, ao contrário dos "burocratas" (era como os chamávamos) do PCB.
Temo que os petistas também deixarão um legado terrível para as futuras gerações de esquerdistas.
Obrigado, Celso!
Você é um exemplo de revolucionário!
Abraços!
Por acaso aquele fardado é o Leônidas Pires Gonçalves?
Não, os oficiais convocados para atuar nas auditorias militares eram de patentes inferiores.
E, claro, não fixei o nome de nenhum deles. Foram 16, nos quatro processos a que respondi, e nenhum me chamou particularmente a atenção.
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