Não tenho como apurar se é fidedigna esta informação do blogue do Josias de Souza:
"Embaixador do Brasil em Caracas, Ruy Pereira se absteve de acompanhar a comitiva de oito senadores que foi hostilizada na Venezuela nesta quinta-feira (18). Após recepcionar os visitantes no aeroporto, o diplomata se despediu. Alegou que tinha outros compromissos. Agiu assim por ordem do Itamaraty.
O governo brasileiro avaliou que a participação direta do embaixador numa comitiva cujo principal objetivo era visitar na prisão o líder oposicionista venezuelano Leopoldo Lópes causaria problemas diplomáticos com o governo pós-chavista de Nicolás Maduro".
Nos meus 31 anos de atuação nas redações, aprendi que as informações de cocheira, provenientes de algum alto personagem que exige sigilo absoluto quanto à sua identidade:
- ou são mentiras plantadas para influenciar a opinião pública e/ou o mercado;
- ou são verdades que o informante traíra quer botar no ventilador por estar servindo a dois senhores, ou que ele sopra para receber alguma contrapartida de antemão pactuada com o jornalista ou o veículo de imprensa.
Cheira mal? Cheira. Mas, como diria o PT, todo mundo faz...
Com estas ressalvas, afirmo que, caso nosso governo tenha mesmo abandonado brasileiros às feras (sejam eles parlamentares ou garis, direitistas ou esquerdistas) para não indispor-se com um governo estrangeiro, isto terá sido mais grave do que todos os motivos até agora alegados pelos defensores do impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Estou careca de saber que pouquíssimos vão concordar comigo e que não haverá consequência prática nenhuma deste meu meio-desabafo (trata-se, repito, de uma acusação a ser ainda provada, mas que não poderá, JAMAIS, ser ignorada pelo Palácio do Planalto).
Como a alternativa é demasiado ruim, torço para que nada fique provado --desde que seja por nada ter acontecido e não por entrarem em cena os tradicionais panos quentes e o tradicional jeitinho brasileiro.
3 comentários:
"O patriotismo é o último refúgio do canalha".
Essa frase define bem sua indignação pelo tratamento dado aos nossos "gloriosos" deputados brasileiros em sua grandiosa missão para o nosso querido brasil ( com b minúsculos mesmo!!).
Celso , escreva mais sobre cultura ,música e filmes .Nesse campo , sua lucidez continua ímpar. A política lhe deixou perturbado, lamento dizer.
Cezar
Cezar, isto não tem nada a ver com patriotismo, mas sim com a defesa dos valores democráticos. Quem pregava a substituição das fronteiras nacionais por "fronteiras ideológicas" era a ditadura militar. Um dos resultados dessa mentalidade foi a Operação Condor.
Se o Brasil não defender brasileiros em situação de risco no exterior, quem os defenderá?!
Abrir janelas para a barbárie é insensato para nós, que somos a parte mais fraca. Se a força substituir o Direito, os esmagados seremos nós. Tivemos uma amostra recente disto, com a mobilização antiterrorista imposta pelos EUA ao resto do mundo, que resultou numa escalada impressionante de arbítrio e estupros dos direitos humanos.
Estou defendendo a democracia burguesa? Sim, enquanto não tivermos a condição de impor uma forma mais avançada de democracia, que prioriza a liberdade e a felicidade dos homens, e não o lucro.
Ainda lembrando a ditadura, entre 1964 e 1968, quando não se desrespeitavam totalmente as instituições democráticas, muitos companheiros conseguiram safar-se das garras da repressão, graças a intervenções do Judiciário.
A partir do AI-5, quando os juízes tiveram suas mãos atadas, ficamos totalmente indefesos ao sermos presos. A repressão tudo podia. O que companheiros como o Bacuri e o Devanir sofreram foi uma abominação!
Então, mais cuidado com o andor, que o santo é de barro. E não vale a pena transgredirmos princípios civilizados apenas para livrar a cara de governos como o de Maduro --que muitos tratam como se fosse de esquerda, mas cujas práticas são parecidíssimas com as dos lúmpens desordeiros dos primórdios do nazismo e do fascismo.
Quantas vezes terei de repetir que Marx sempre colocou que a revolução deveria nos conduzir a um estágio superior de civilização, não fazer-nos involuir à barbárie?!
Tô com o Cezar!
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