quinta-feira, 4 de junho de 2015

QUE MORAL O PSOL SEGUE, A NOSSA OU A DELES?

Foi assim em 2006. Estará sendo produzido um remake?
O companheiro Eduardo Rodrigues Vianna pede a minha opinião a respeito do comportamento do PSOL, que outrora ia às ruas repudiar a chamada cláusula de barreira e agora, dando uma guinada de 180º, alinhou-se com as forças políticas majoritárias.

Na primeira votação na Câmara Federal, os quatros deputados psolistas (Chico Alencar, Edmilson Rodrigues, Ivan Valente e Jean Wyllys) surpreendentemente concordaram com a pretensão de se privar, tanto do tempo de televisão quanto dos recursos do fundo partidário, os partidos sem nenhum representante no Congresso Nacional. 

Tratando-se de uma proposta de emenda à Constituição, haverá ainda uma segunda votação na Câmara e duas no Senado --três chances de se rechaçar a também conhecida como cláusula de exclusão. E o STF poderá novamente considerá-la inconstitucional, como o fez, por unanimidade, em 2006.

Em termos práticos, os quatro votos da bancada do PSOL não decidiram nada, já que o placar foi de 369 a 39. Prevalecendo tal tendência, pouco importará se o PSOL mantiver sua nova postura ou voltar à antiga.
Por que mudou, mudou por quê?

Portanto, a questão é sobretudo de princípios.

Se o PSOL ainda pretende seguir a nossa moral (a moral revolucionária), estará traindo os seus valores ao esfaquear pelas costas o PCB, o PCO e o PSTU, agremiações do campo da esquerda que definharão de vez caso sejam submetidas a tais restrições.

Se agora adota a moral deles (a moral burguesa), não temos mais o que conversar. 

Francamente, meu ceticismo é total quanto à possibilidade de que o Parlamento deles venha a ter qualquer utilidade para a nossa causa. Nem acredito que as fugazes mensagens dos nanicos de esquerda veiculadas no horário eleitoral consigam penetrar em cabeças marteladas e mesmerizadas dia e noite pela indústria cultural.

Mas, para o que realmente conta --a revolução de verdade, nas escolas, nas ruas, campos e construções, não a revolução sem povo, essa ilusão daninha de que se possa tomar o Estado por dentro, a partir de infiltrações nos três Poderes--, a esquerda precisará estar unida como nunca esteve nas últimas décadas. 

O PSOL, agindo assim, em nada está contribuindo para a gestação de uma mais do que necessária frente de esquerda --e isto num momento em que o quadro político favorece em muito tal iniciativa, pois os militantes fiéis aos ideais históricos do PT, indignados com a opção pelo neoliberalismo, tendem a sair do partido governista em busca de ar puro.

A falta de humildade, a eterna aspiração à hegemonia, a mesquinhez de pequenos comerciantes obcecados em alavancar seus próprios negócios tomando espaço dos concorrentes, esses resquícios da mentalidade deles que teimam em perdurar no nosso meio têm grande peso no apequenamento da esquerda brasileira desde a redemocratização.

Saímos da ditadura com enorme prestígio e aura de martírio. Dilapidamos praticamente todo o capital político que havíamos acumulado na heroica resistência ao arbítrio. E, se não reencontramos o caminho da unidade revolucionária, acabaremos reduzidos à irrelevância.

15 comentários:

lucas campelo pereira disse...

Não confio no PSOL. Eles apoiaram o marco civil da internet que é quase a legalização do fascismo do brasil, apoiaram voto crítico em dilma e acho que somente esses quatros partidos politicos da imagem não tem representantes no congresso,ou seja, eles esfaquearam principalmente partidos de esquerda.

celsolungaretti disse...

O Plínio de Arruda Sampaio está fazendo muita falta. Com ele vivo, duvido que tivessem procedido de forma tão aberrante.

Mas, a ânsia em conquistar poder no quadro das instituições burguesas já existia em 2012, quando fui candidato a vereador de São Paulo.

Eu havia sido convidado pela facção do Carlos Giannazi, que contava com uma meia-dúzia de bons nomes. Sabia que, eleito, poderia exercer um mandato agressivo e contundente, mas não ignorava que a chance de me eleger sem apoio do partido era nenhuma. Confiei em promessas que não foram honradas.

Quando as pesquisas revelaram que o partido elegeria um único vereador, as duas facções, a do Giannazi e a do Ivan Valente, concentraram recursos e disponibilizaram facilidades, esmagadoramente, para os candidatos que decidiram privilegiar: o Professor Toninho e o Toninho Vespoli, respectivamente.

Chegaram ao cúmulo de não me fornecerem a listagem de endereços (de e-mails e residenciais) dos filiados paulistanos, para eu poder mandar minhas mensagens mensagens. Enrolaram, enrolaram e me deixaram na mão.

Ou seja, tudo fizeram para inflar esses dois e desinflar os outros promissores que havia. Nem pensaram que, num jogo limpo, talvez uma boa arrancada final aumentasse o número de eleitos. Como jogaram um balde de água fria no entusiasmo da moçada, a conta fechou mesmo em um. Venceu o Vespoli do Ivan.

Tanta pequenez, tamanha hostilidade para com os adversários pertencentes ao próprio partido (até deixando em segundo plano o combate ao inimigo verdadeiro, o inimigo de classe), me horrorizaram, de forma que me afastei definitivamente da política oficial.

Nunca almejei o poder, mas tudo que aprendi nas lutas políticas e no jornalismo me qualificavam para investigar e denunciar os escândalos da administração municipal, criando embaraços para os poderosos. O papel que eu poderia cumprir, ninguém está cumprindo.

Anônimo disse...

Quanto mais isolado mais radical o sujeito fica...

Não é possível mudar a sociedade contra ela, sem consentimento dela ou da maioria dos cidadãos. Daí é fundamental encontrar um ponto de inserção na realidade para começar a atuação política.

Convenhamos, realismo não é o ponto forte de Lunga, é só ler os textos para verificar os julgamentos morais substituindo juízos de realidade, o anseio de querer ser mais justo que todos, mais certo que todos.

Toda boa análise política começa por um levantamento das próprias forças para depois o das forças do adversário para daí se estabelecer os objetivos, que devem ser compatíveis com as forças que se dispõe.

Lunga fez uma campanha para vereador sem fazer um orçamento, sem saber quanto se gasta para se eleger um vereador na Cidade de São Paulo, sem fazer um levantamento para saber onde estão os votos e como se ganha votos, e o mais importante, sem saber que não se ganha uma eleição na época da campanha, a não ser comprando votos ou sendo uma subcelebridade.

Realismo não é papo para "seu" Lunga...

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

É, Celso. Quando a gente diz por aí que a reconstrução da esquerda no Brasil demandará um esforço de muitos e muitos e muitos e muitos e muitos e muitos anos, tão grande e grave é o problema, nêgo acha que tamos exagerando.

O que me deixou chocado em relação a essa postura do PSOL foi a verdadeira traição que fizeram ao PSTU, e não tou aqui fazendo apologia a esse partido, pois sigo um pensamento político muito diferente. Mas a verdade é que, um dia desses, o PSOL elegeu alguns "quadros", se é que existe isso no PSOL, graças à belíssima vitória eleitoral de Amanda Gurgel em Natal, uma das poucas VITÓRIAS ELEITORAIS DA CLASSE TRABALHADORA que temos visto nos últimos anos, com tudo o que pode significar uma vitória eleitoral dos trabalhadores: politização, enfrentamento político no Parlamento ainda que este possa ir somente até certo ponto, enfim, a coisa certa. Em troca, o PSOL trabalha no Congresso da burguesia para que o PSTU e os demais partidos pequenos de esquerda entrem numa espécie de clandestinidade. Isso aí tem nome.

É impressionante! O PSOL realmente já era. Eles conseguiram degenerar sem nem mesmo chegarem a exercerem poder político de verdade. Nós deveríamos, neste momento, estar engajados em lutas imensas, lutas democráticas de muito fôlego e muito compromisso, em continuidade ao junho de 2013, tendo em vista a luta futura, revolucionária. Mas é algo simplesmente impossível.

Mais extraordinário que o PSOL votando pela Cláusula de barreira, só mesmo o PC do B votando pelo Distritão! Plínio de Arruda Sampaio, assim como Osvaldão, Gabrois, Pomar e Petit, não teriam do que se orgulhar.

celsolungaretti disse...

O anônimo das 22h06 não levou em conta algo que escrevi: não pretendia me candidatar a nada, pois não estava disposto a caçar votos nos moldes dos candidatos convencionais.

Quando fui convidado por um assessor do Giannazi e conversei com o próprio, entendi que o partido me ajudaria a ser eleito, pois eu era alguém capaz de travar lutas e levantar bandeiras que colocariam o PSOL no noticiário. Afinal, acabara de desempenhar papel importante nos esforços para impedir a extradição de Cesare Battisti, uma vitória extraordinária da esquerda brasileira contra um inimigo infinitamente mais poderoso do que nós.

O velho PCB era assim: o partido é que escolhia os candidatos que melhor o representariam e tratava de fazer com que ganhassem a eleição, fossem ou não bons de urna.

E eu contava com um trunfo importante: meus textos. Já ganhara muitas batalhas graças a eles.

Bem, o PSOL não fez por mim o que se comprometera a fazer e quebrou as minhas pernas ao não me fornecer a listagem de endereços, principalmente os de e-mail. Eu poderia ter, no meu mailing, uns 100 endereços, o PSOL tinha uns 30 mil.

Se houve algum irrealismo da minha parte, foi o de confiar em quem me parecia sério. E em ignorar o peso a briga de facções continuava tendo na atuação da esquerda. Essa mesquinharia toda me enoja. Passei a vida lutando contra o verdadeiro inimigo e procurando ficar bem longe de disputas personalistas que nos deviam do objetivo principal.

Anônimo disse...

Desculpe Lungaretti, mas de disputa eleitoral você não sabia nada. Não existe caçar votos nos moldes dos candidatos tradicionais ou não. A verdade é que supõe-se que quem se candidata conhece um pouco da luta política eleitoral e sabe de antemão como se ganha votos. Elementar meu caro...

Caso contrário, ou é um jovem novato, totalmente desinformado e mal assessorado, ou ignorante de como se ganha votos e disputa eleições. Só na última hipótese você se encaixa.

Você acredita que poderia ganhar a eleição com mala direta para os e-mail's. Lunga, desculpe a sinceridade mas faltou conhecimento de sua parte e aí fez um levantamento super estimado de seus ativos.

Para começar você estava com um pé dentro e outro fora da disputa, não estava por inteiro. Esta é a melhor maneira de de fracassar. Todo mundo sabe que a melhor maneira de fracassar em uma empreitada é fazê-la pela metade.

Não vou nem comentar a menção ao PCB.

Desculpe, mas de política prática você dista anos-luzes; sua experiência é mínima e limitou-se ao movimento estudantil e à luta armada, coisa do final dos anos sessenta.

Daniel Oliveira disse...

Foi um erro tremendo da bancada do Psol, mas votaram na primeira pelo medo de passar uma cláusula ainda pior. Discordo também. Mas no meio de tanto ultra conservadorismo no parlamento é compreensível para mim cometer esses erros capitais, assim como o pc do b fez com o distritão. A verdade é que a esquerda está perdida, tanto a esquerda social quanto a partidária, toda a sociedade brasileira pagará pelos erros do PT. Mas para mim o Psol é uma grande alternativa, e o único partido de esquerda, aqui não vou contar pt e pcdob, que consegue penetrar ligeiramente nas massaa. Abraços!

celsolungaretti disse...

Como eu te disse, anônimo das 8h51, jamais participaria de uma eleição como um candidato qualquer. Não tinha saco para isso. Assim como o Glauber Rocha mostrou no TERRA EM TRANSE, uma campanha eleitoral é um verdadeiro festival de horrores e baixarias. Eu, p. ex., jamais faria acordos podres em troca de doações de campanha, apoio de determinados segmentos, etc. Fui íntegro até agora e pretendo morrer íntegro.

Sabia que era, de todos os candidatos do PSOL, o que mais poderia encostar o prefeito na parede. Pensei que o partido tivesse consciência disto e que as promessas a mim feitas seriam cumpridas.

Se o partido me apoiasse, teria um mandato combativo. Não apoiou, quase ninguém sabe quem é o vereador do PSOL. Não fez nada de contundente até agora.

De resto, é pena que os militantes de esquerda atuais não tenham o desapego e a disciplina dos dos quadros do velho partidão. Muitos intelectuais ligados ao PCB foram eleitos porque a direção mandou votar neles. E acabaram tendo desempenho infinitamente superior ao que teriam os esforçados mas limitados líderes populares.

Foi dentro do PSOL que eu percebi que o partido não tinha força suficiente para eleger ninguém, precisou laçar uns 100 candidatos para, da somatória de esforços de todos eles, conseguir eleger um.

Deveria, pelo menos, ter jogado limpo, porque todos nós carregamos piano e, salvo os dois Toninhos, levamos um enorme chapéu, sentindo-nos depois verdadeiros otários.

Marco disse...

Francamente, coligação em proporcionais e falta de clausula de desempenho só favorece siglas de aluguel nanicas, pequenas e médias. O STF vetou a clausula em 2006 por estabelecer apenas funcionamento parlamentar diferenciado, o que acabaria por definir parlamentar de primeira e de segunda classe, o que é inconstitucional. Se a clausula fosse mais radical, impedindo o aceso ao parlamento de partido que não tenha o mínimo de votos na sociedade, ela não teria sido vetada. Os achacadores do congresso se valem desta fragmentação para capturar governos neste presidencialismo de coalizão. Não estaríamos vivendo esta crise de mensalão/petrolão se não fosse este sistema, portanto é necessário que se faça uma reforma política e ela passa pela moralização do sistema eleitoral com voto distrital misto, fim de coligações na lista proporcional e clausula de desempenho de 2% de votos nacionais. Partidos nanicos de extrema esquerda não servem pra nada, até porque partido revolucionário de verdade não depende do sistema burguês pra sobreviver.

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

Pois é, Celso, vê se aprende.
Pra fazer política, você tem que ser esperto, morou? Nada desse papo de querer
lealdade entre companheiros e transparência quanto à linha política,
cê tá pensando o quê, meu filho?
E ó, essa tua experiência de luta armada não vale nada aqui, tá?
Correto mesmo é puxar tapete de quem tá construindo projeto político
contigo, porque assim você GANHA, porra!

Ó, meu velho, falando sério agora. Quando a gente entra nesses assuntos,
a atual esquerda revela toda a sua decadência. E vá alguém dizer, assim, desse
jeito, em meio a esse estado de coisas, à nova geração que gosta de luta e não
aceita pouca vergonha que organização política, de verdade e pra valer,
é um negócio pra lá de necessário, fundamental.

É isso, o que nos resta são os muitos e muitos anos pela frente, só assim.
Manja aquela do Maiakovski? "É preciso arrancar alegria lá do futuro..."

Anônimo disse...

Falar bobagem não custa nada, fazer bobagem é outra coisa. Se dependesse de vocês nordestinos estavam morrendo de sede e de fome, não tinha sido construídas 18 universidades federais nem mais de 400 escolas técnicas, o salário mínimo não teria aumento real...

Vejam se aprendem a arte política para depois ensinarem. Ou então continuem a dar aulas de niilismo.

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

As 18 universidades federais, as 400 escolas técnicas e o aumento do salário mínimo pertencem a uma ciscunstância anterior. Na circunstância atual, temos os bem descritos ataques aos trabalhadores e à sociedade de um modo geral, mais patronais e mais reacionários que qualquer coisa que se tenha feito durante os anos 1990, ao ponto de darmos a metade do PIB aos banqueiros "nacionais", para pagar os juros da dívida pública. Comparemos as duas. Chegaremos a uma conclusão bastante evidente. Qualquer um, por exemplo um crítico do "niilismo" anônimo pela internet (pois é...), pode dizer o que quiser a nosso respeito, ou sobre o grau de esperteza necessário para se fazer política. O que quer que se faça daqui para frente, na vida real das classes sociais, dependerá da reoganização dos trabalhadores e da juventude sob condições extremamente difíceis. O resto é mentira, ou papagaiada, ou ilusão.

Anônimo disse...

Eduardo Rodrigues Vianna você como todo ignorante é especialista em generalidades. Por exemplo, só tipos semi-letrados podem achar que não se paga dívida, que o credor não tem garantias e que o devedor não sofre retaliações.

Outro detalhe, é correto dever e não pagar? Em sua ética "revolucionária" comprar e não pagar, tomar emprestado e não devolver fazem parte da esperteza revolucionária, ou não?

Você é do tipo que nega quaisquer conquistas aos governos do PT. É gente como você que vende como sendo ações do PT o que é feito pela bancada reacionária, majoritária, da atual legislatura.

Para resumir, é gente como você com esta inteligência e esta ética toda que quer mudar o Brasil.

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

Anônimo, vai te catar.
Quando você for homem o bastante pra xingar os outros botando a tua cara e o teu nome, a gente conversa.

celsolungaretti disse...

Prezados,

primeiramente, um esclarecimento: alguns não conseguem identificar-se de acordo com a sistemática do Blogger, mas nada impede de postarem como anônimos e, no final do comentário, acrescentarem seu nome.

Evidentemente, não se trata de uma condição sine qua non na internet. Mas, eu também considero esquisito debater com incógnitos. A companheira Neusah Cerveira, p. ex., certa vez teve a certeza de que seu contendor era ninguém menos do que o Brilhante Ustra.

De resto, aqui não é uma disputa de artes marciais, que só acaba com o nocaute ou a desistência de um dos contendores. Este espaço serve para a apresentação de abordagens que enriqueçam a discussão do tema em debate, seja concordando, seja discordando do enfoque do autor do post.

No caso presente, já estão bem claras a argumentação e as linhas de raciocínio do anônimo e do Eduardo, de forma que a tendência é doravante ficarem se repetindo. Então, não vejo motivo para dar continuidade a um debate que começa a azedar. É melhor pararmos por aqui.

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