sexta-feira, 20 de março de 2015

MARIN APONTA PARA FELIPÃO E PARREIRA O DEDO QUE TEVE EXECRÁVEL PAPEL NO ASSASSINATO DE VLADIMIR HERZOG

Em 1975, ele apontou este dedo para a TV Cultura.
José Maria Marin é um cidadão que subiu na carreira política fazendo-se apadrinhar pelo regime militar e a ele servindo fielmente na Assembléia Legislativa de São Paulo. Uma conduta, diga-se de passagem, coerente, já que começara como vereador num partido nanico fundado pelo integralista Plínio Salgado.

Os episódios mais marcantes de sua trajetória como deputado foram o elogio que proferiu na tribuna ao delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos mais notórios torturadores e assassinos da repressão ditatorial, tocaieiro de Carlos Marighella; e sua denúncia, também pública, da infiltração comunista no Departamento de Jornalismo da TV Cultura, pouco antes de o DOI-Codi torturar até a morte o diretor de tal departamento, Vladimir Herzog.

E como esportista, a medalha que surrupiou de um campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2012.

Quando a presidência da Confederação Brasileira de Futebol lhe caiu no colo porque Ricardo Teixeira teve de ser afastado por corrupção, correu a entregar o comando da Seleção Brasileira ao ultrapassado técnico Luiz Felipe Scolari, que vinha de fracasso em fracasso desde a conquista do Mundial da Fifa de 2002, culminando com uma desastrosa passagem pelo Palmeiras, quando colocou este grande de São Paulo no rumo da 2ª divisão do Campeonato Nacional.
Com outro dedo, fisgou uma medalha em 2012.

Os esportistas mais lúcidos e os jornalistas especializados preferiam Tite, que fizera de um time mediano do Corinthians o campeão das Américas e do mundo, mas Marin quis porque quis o Felipão. É justo, portanto, que lhe concedamos o demérito de principal responsável pela pior derrota do selecionado brasileiro em mais de 100 anos de história e mais de mil partidas disputadas, pois foi o timoneiro por ele (pessimamente) escolhido e mantido a despeito de todas as críticas quem fez naufragar nosso Titanic.

Como dignidade é para quem tem, Marin tenta agora isentar-se de suas responsabilidades, atirando-as todas nas costas do Felipão e do coordenador técnico Carlos Alberto Parreira:
"Quando fizemos 2x0 contra a Colômbia, (...) a providência imediata naquele momento, naquele instante, seria a substituição do Neymar, que não tinha se machucado ainda, e do Thiago Silva. Por que? Porque ambos tinham cartão amarelo...

"Eu acho que houve omissão da comissão técnica. Alguém da comissão deveria ter percebido esse detalhe muito importante. Numa Copa do Mundo, em cada partida realizada você sabe, e tem que saber, a situação dos jogadores, principalmente no que diz respeito a cartão amarelo. O Thiago Silva acabou fazendo uma falta no goleiro e o Neymar teve aquela contusão seríssima".
E agora os alvos do seu dedo são Felipão e Parreira.
Ou seja, o problema do Felipão não era estar flagrantemente ultrapassado, já que permaneceu alheio à enorme evolução tática do futebol europeu depois de 2002 e se tornara freguês de caderneta dos clubes brasileiros um pouco mais próximos da modernidade, como o Corinthians e o Fluminense; não, o pecado dele foi não possuir uma bola de cristal que lhe antecipasse a lesão de Neymar e a suspensão de Thiago Silva.

A versão conveniente de Marin atropela a verdade. Primeiramente, porque o Brasil só ampliou o placar aos 23' do 2º tempo, cinco minutos depois de Thiago Silva haver recebido o cartão amarelo que o deixou de fora da partida contra a Alemanha. 

Mesmo assim, os 2x0 se revelaram um placar perigoso, pois a Colômbia diminuiu aos 34' e nosso escrete tomou sufoco nos minutos finais, quando esteve próximo de ceder o empate.

Se, depois de o melhor atacante e o melhor zagueiro serem substituídos por precaução, o Brasil tivesse sido eliminado na prorrogação (o que poderia muito bem ter ocorrido!), como Marin justificaria agora a derrota? 

É bem provável que estivesse, da mesma forma, inculpando o Felipão e o Parreira. Porque, como diziam os antigos, um leopardo não perde as pintas.



Observação: recomendo aos leitores que acessem aqui o contundente comentário de Juca Kfouri sobre o mesmo assunto. O título do áudio (aperte na seta branca para iniciar) é Ele se chama Marin. Mas pode chamá-lo de Judas.

3 comentários:

Anônimo disse...

ele sempre foi desonesto,o caso da medalha è sò uma consequencia disso,eu particularmente torço muito,para que o brasil perca e fique fora de umas duas copas,quem sabe ai possamos fazer algo com seriedade em relaçao ao futebol como um todo

Anônimo disse...

tenho acompanhado muito a respeito dos crimes da ditadura,apesar da CNV ter um papel irrisorio em relaçao a publicar oque estava escondido,ou seja,nada de novo.pelo que sei no caso da tv cultura Herzog nao foi o unico a ser torturado e ser preso,como existia tanta tortura, morte , ocultaçao e mentiras.qual o real motivo do caso herzog ter causado tanta comoçao e mobilizaçao da sociedade,ja que nao foi o unico e sabia-se oque ocorria nos dops?

celsolungaretti disse...

Prezado anônimo das 4h13, creio que todas as suas perguntas estejam respondidas neste post:
http://naufrago-da-utopia.blogspot.com.br/2010/10/ha-35-anos-era-assassinado-vladimir.html

Quanto ao relatório final da CNV, foi mesmo decepcionante. Fiz tudo que podia para pressionar a Dilma, no sentido de que indicasse um dos resistentes que pegaram em armas contra a ditadura para integrar o colegiado. Sabia que seria necessário alguém com disposição de luta lá dentro, capaz de ir atrás da verdade ao invés de ficar mandando ofícios para os quartéis.

Ninguém me escutou e nada de muito relevante foi acrescentado ao que já se sabia.

Eu, pelo menos, tenho a consciência tranquila: fiz tudo que podia. Mas, não sou um homem de poder. Só disponho de autoridade moral.

Abs.

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