sábado, 28 de março de 2015

A MÁ NOTÍCIA É QUE O PIB ESTAGNOU EM 2014. A PIOR NOTÍCIA É QUE 2015 COMEÇA COM "FORTE DESACELERADA".

Pouco importa se o PIB brasileiro cresceu 0,1% em 2014, como sustenta o IBGE, ou recuou isto ou mais, como percebem as ruas. 

O certo é que, no caso de um país pobre como o nosso, não crescer no mínimo 4% já equivale a encolher, à medida que novos contingentes chegam ao mercado de trabalho e não encontram empregos à sua espera.

As pressões sociais aumentam em progressão geométrica e, se o quadro negativo perdura por alguns anos, as ruas explodem. É simples assim.

Admissão oficial e manipulação de dados à parte, a verdade nua e crua é que o Brasil está em recessão desde o ano passado. E a coisa, infelizmente, vai piorar.

Não porque o derrotista que vos escreve esteja sempre torcendo pelo pior, mas porque o próprio Chicago boy incumbido da gestão da economia no governo de Dilma Thatcher (ou será Margaret Rousseff?) admite explicitamente que estamos passando por uma "forte desacelerada" neste começo de ano. 

Cara de uma...
No burocratês típico dos que não querem ser bem compreendidos pelo cidadão comum, Joaquim Levy atribui o agravamento da recessão ora à existência de "uma série de questões" pendentes no final de 2014, ora à "incerteza que havia na virada do ano". Os dois eufemismos apontam na mesma direção: estava pendente a substituição do morto-vivo Guido Mantega e a incerteza do mercado era quanto ao perfil do seu substituto. 

Bem, para dar fim à era da incerteza, Dilma procurou, procurou, procurou, até encontrar um sacerdote do culto neoliberal disposto a assumir o Ministério da Fazenda. Teve de se contentar com um do baixo clero. Antes, outro mais ilustre respondera ao convite dando a entender que mais valia ocupar uma posição de destaque no Bradesco (trata-se, aliás, de uma avaliação corrente nas altas rodas). 

Quando lhe caiu a ficha de que não conseguiria aliciar um discípulo de Milton Friedman mais categorizado, Dilma bateu o martelo: "Vai Levy mesmo!".   

...focinho da outra.
Agora temos um ministro no qual os exploradores confiam plenamente e do qual os explorados desconfiam totalmente. Então, é de supor-se que, doravante, os investimentos produtivos sejam retomados e a geração de empregos recomece a crescer, para em breve sairmos da recessão. É o que se depreende da mal disfarçada ode a si mesmo do Levy.

Se a pajelança ortodoxa não resultar, o tranco que tomaremos será muito maior do que tenta nos fazer crer a vã retórica do Joaquim.

Eu apostaria em que logo toparemos com filas quilométricas em locais de distribuição da sopa dos pobres, como acontecia durante a grande depressão dos anos 30.

Um comentário:

Antonio Paulo Santos disse...

Nas últimas eleições presidenciais, no segundo turno, tenho votado no candidato do PT. Como milhões de eleitores, voto no mal menor.

No passado, levava bandeiras do partido em passseatas; muitas vezes feitas em casa. Não mais.

Quando ouço figurões do PT falando sobre os militantes do partido lembro-me da "fábula" de Millor Fernandes "O pescador e a relíquia":

"Um pescador, no seu barco atravessando um rio, transportava para um templo uma preciosa relíquia.

Deixando a relíquia cair no rio de águas profundas o pescador não teve dúvidas: com uma faca marcou no casco do barco o local onde caiu a preciosidade.

Assim fez o PT ao atravessar as águas turbulentas da política.

Pouco antes de tomar a posse na presidência, marcou no casco do partido onde deixou cair a militância.

Atualmente, do barco ancorado, apodrecido pela prática política, os figurões mergulham no ponto marcado do casco tentando encontrar a militância perdida.

Ao contrário da fábula de Millor, não ocorrerá o milagre de encontrá-la.

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