quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

ELES IGNORARAM QUE NUNCA SE DEVE MATAR UM PÁSSARO IMITADOR...

Fiquei perplexo ao tomar conhecimento do assassinato do cartunista Wolinski, que tanta alegria me proporcionou num momento em que eu dela tanto necessitava.

É difícil concebermos que alguém seja capaz de fuzilar um octogenário, ainda mais sem, sequer, o conhecer.

Só mesmo bestas humanas, movidas pelo mais tacanho dos fanatismos, o religioso. 

A primeira coisa que me veio à mente foi o título original da obra-prima O sol é para todos (d. Robert Mulligan, 1962): To kill a mockingbird.

A sensível menina Scout, a certa altura, diz que nunca devemos matar um pássaro imitador, pois eles cantam para alegrar nossos corações.

Mas, existem os que matam os John Lennons e os Wolinskis. São párias da humanidade e da civilização. São nulidades inconformadas com sua insignificância, que necessitam de atos extremos para sentirem-se vivos. 

Wolinski será para sempre admirado. Eles serão para sempre execrados. E é só o que merecem.

7 comentários:

Valmir disse...

uai..a esquerda agora está fazendo o jogo dos sionistas??
demonizando os islamitas???

celsolungaretti disse...

A esquerda a que eu pertenço é aquela que quer conduzir a humanidade para um estágio superior de civilização, não devolvê-la às trevas medievais.

Jamais apoiarei fundamentalistas religiosos, estejam contra quem estiverem.

Nem Marx o faria, por sinal.

Luiz Diogenes disse...

Valmir, você fez uma provocação primária, digamos, chula. Os autores dos atentados são covardes.Assassinaram pessoas pacíficas, desarmadas, nas suas mesas de trabalho.

Se queriam fazer represália contra a ação da França no Oriente Médio, deveriam atacar, bombardear uma base militar ou qualquer outro objetivo militar dentro da França.

Se o atentado foi por causa de Alá, está provado o que disse os grandes pensadores como Bertrand Russel que as religiões só trouxeram guerras e sofrimento e guerras aos seres humanos.

O francês Michel Onfray no seu "Tratado da Ateologia" [ à venda na Livraria Cultura] expõe o que é o islamismo, judaísmo e cristianismo; as três religiões monoteístas do mundo ocidental que tanto infelicitam o homem.

Os muçulmanos, judeus,ciganos e outras minorias do leste europeu que estão na França é que vão sofrer as consequências desse atentado abominável.

Os autores desse atentado e seus mentores nem de animais podem ser chamados, pois os animais, como disse Nietzsche, tem a inocência.

Valmir disse...

não precisa explicar...eu só queria entender

Valmir disse...

Podem dizer o que quiser. Mas a solidariedade dos midiáticos para com as vitimas desse atentado especifico é somente pq são colegas.

celsolungaretti disse...

O comentário do luiz Diogenes me animou a tratar de um assunto delicado: o terrorismo.

Aproveitando uma sugestão de um jornalista carioca, os serviços de Guerra Psicológica das Forças Armadas começaram, em 1968 ou 1969, a nos qualificarem de "terroristas", para efeitos meramente propagandísticos.

Esta confusão deliberada, oportunista, foi se tornando cada vez mais frequente, principalmente depois do atentado contra o WTC. A indústria cultural começou a botar atos de resistência e terrorismo no mesmo saco, pois a ela convém desqualificar os resistentes.

"Terrorismo" é, exatamente, o que acaba de se ver na França: a intimidação pura e simples, independente de objetivos maiores.

Nós, da VPR, fizemos alguns atentados caracteristicamente terroristas em 1968 e nos arrependemos deles;

A bomba que explodimos na fachada do jornal O Estado de S. Paulo não passou de uma demonstração inócua de força. Não fez avançar nossa luta.

Como seria inócuo o carro-bomba lançado na direção do QG do 2º Exército: teríamos respondido a uma bravata do comandante daquele quartel com outra bravata, como moleques de rua.

Para piorar, um recruta surpreendentemente abandonou seu posto de sentinela e se deu mal (eu ainda não integrava a Organização quando isto ocorreu, mas
os companheiros responsáveis lamentaram muito o ocorrido, nunca pretenderam atingir um subalterno).

E o tal capitão Chandler não era, afinal, o assessor militar da repressão brasileira que se supunha.

Então, por causa destes três episódios, decidimos no Congresso de Mongaguá, em abril/1969, que não voltaríamos a atacar pessoas que a população não identificasse como inimigas, nem daríamos mais meras demonstrações de força.

Considerávamos válido expropriar bancos para financiamento de nossa luta, sequestrar diplomatas para trocá-los por presos políticos e efetuar propaganda armada (como tomar estabelecimentos comerciais e incitar a população a saqueá-los, ou sequestrar ricaços e exigir que o resgate fosse pago em víveres distribuídos para os carentes).

E todo nosso planejamento e treinamento eram no sentido de evitarmos, tanto quanto possível, que civis fossem atingidos pelo fogo cruzado. Considerávamos justificável atingir objetivos militares, mas considerávamos falha gravíssima quando civis apanhavam as sobras.

Enfim, depois de umas vaciladas iniciais, repudiamos com firmeza os atos caracteristicamente terroristas. Não queríamos paralisar o inimigo por intermédio do terror, mas sim fazer com que a população aderisse conscientemente à nossa luta.

A maioria das outras organizações que travaram a luta armada passaram por processos semelhantes. A regra foi portarmo-nos como resistentes. Os atos terroristas constituíram exceção e, geralmente, foram seguidos de autocríticas e da decisão de não os repetir.

celsolungaretti disse...

Valmir,

este é o pior dos temas para você abordar como torcedor. Não é Fla-Flu, nem Corinthians x São Paulo. Muito longe disto.

Nós não existimos para fustigar os EUA ou Israel, mas sim para fazer uma revolução que nos leve ALÉM DO CAPITALISMO.

Então, não temos absolutamente nada a ver com quem defende modelos sociais ANTERIORES AO CAPITALISMO. A História não anda para trás, nem cabe aos revolucionários apoiar retrocessos.

E o pior é que os trabalhadores dos países mais pujantes (aqueles que, segundo Marx, decidem para onde a humanidade rumará) podem nos acompanhar na luta para darmos um fim à exploração do homem pelo homem, mas JAMAIS NOS ACOMPANHARÃO SE DEFENDERMOS A BARBÁRIE E OS MEDIEVALISMOS ANACRÔNICOS.

Você citou Israel, que não passa de outro fundamentalismo, o sionista. Entre os sionistas e o Estado Islâmico, na verdade, não há diferença essencial, apenas os apoiadores diferem. Ambos corporificam a irracionalidade e a desumanidade. Ambos devem ser repudiados por nós.

Estado palestino, sim. Estado islâmico, não. Ou, pelo menos, não com nosso apoio.

Caso contrário, ficaremos identificados com atrocidades presentes e vindouras, que comprometerão terrivelmente a nossa credibilidade quando formos travar lutas justas e necessárias.

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