A fina ironia de Guilherme Boulos no artigo Sugestões para o Ministério de Dilma (vide aqui) foi respondida por Reinaldo Azevedo com uma avalanche de ad hominem e baixarias, tanto na Folha de S. Paulo (aqui) quanto no blogue da nunca veja (aqui).
Sem querer ele provou que uma sugestão do Boulos era equivocada: um sujeito tão limitado intelectualmente não serviria de jeito nenhum para ministro da Cultura, nem mesmo para suceder à nada brilhante Marta Suplicy.
RA precisaria de uma professora que o botasse de castigo, obrigando-o a copiar cem vezes a frase: ironia se responde com ironia, sarcasmo com sarcasmo, quem parte logo para a agressão não passa de um desordeiro de botequim.
Pessoalmente desaprovo a utilização da orientação sexual (real ou suposta) de algum desafeto como trunfo para sua desqualificação. Mas, não consigo deixar de rir quando a coisa é feita de forma tão espirituosa como num artigo que o Fernando Collor lançou para detonar o Itamar Franco, por quem se considerava traído.
Não afirmou uma única vez que o dito cujo era gay, mas cada frase continha uma sugestão velada nesta direção. O ghost writer dele caprichou, conseguindo condensar, num espaço reduzido, uma verdadeira coleção de duplos sentidos homofóbicos. Meu lado de escritor foi conquistado pela verve do sujeito...
Da mesma forma, Boulos bateu no RA com luvas de pelica, ao justificar, dirigindo-se a Dilma, sua indicação para a Pasta da Cultura:
"Ele vive falando mal da senhora, mas acho que no fundo é tudo ressentimento. Uma ligação e ele se abre que nem uma flor. Vai por mim, até um rottweiler precisa de carinho. É isso que ele deve estar esperando há anos".
A reação do RA foi a mais banal possível, igualzinha a uma que eu tive aos 18 anos, quando era líder secundarista e, numa reunião com estudantes que tentávamos recrutar, uma participante disse que os defensores da luta armada eram homossexuais enrustidos querendo aparentar virilidade. Inexperiente, sem jogo de cintura, só me ocorreu retrucar com uma grosseria:
"Se você quiser, podemos tirar a prova agora mesmo, na frente de todo mundo!".
Aos 53 anos, o RA só foi capaz de sair por idêntica tangente:
"Não sei se notam a sugestão, nada sutil, de que sou um veadinho, 'que se abre que nem uma flor'. (...) Ele poderia tentar me ganhar, sem o apoio de seus bate-paus e incendiários, para sentir o perfume, hehe".
Sendo Boulos professor de psicanálise, talvez treplique com um lugar-comum freudiano: negações muito enfáticas costumam equivaler a afirmações às avessas. Mas, com certeza, ele deve ter conquistas melhores das quais se ocupar. Nem como veadinho (uso a terminologia dele) o RA seria atraente.
Já esta suposição do colunista mais reacionário da revista mais reaça do Brasil está mais para chute na virilha, daqueles que brigões de rua desferem quando estão levando uma surra:
"Esse rapaz foi molestado na infância e acabou ficando assim?"
Desde quando ter sido vítima de um crime sexual em plena infância é algo de que alguém deva se envergonhar e que possa servir de munição contra ele?! Como pode um jornalista ter uma cabecinha tão pequena? Que conceitos aberrantes povoam a mente desse formador de opinião!
O RA parece um pugilista que está nocauteado em pé e continua lançando os braços mecanicamente para a frente. Por caridade, o Boulos deveria mandá-lo logo para a lona.
O RA parece um pugilista que está nocauteado em pé e continua lançando os braços mecanicamente para a frente. Por caridade, o Boulos deveria mandá-lo logo para a lona.
Um comentário:
Eu gostei da posição do MTST em relação a esse artigo do Azevedo: mandar ele à merda, mas sem dar muita atenção.
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