Postar "The end", dos Doors, no rescaldo do vexame histórico da seleção brasileira, foi sacanagem.
Mas, convenhamos, é melhor levarmos a humilhação na esportiva do que passarmos o resto da vida remoendo mágoas, como fez a geração do meu pai depois do maracanazo.
E se tratou de uma oportunidade para eu destacar uma das maiores obras-primas que a era do rock produziu, fruto da rica bagagem poética do letrista e vocalista Jim Morrison, cujos delírios sombrios remontavam a Baudelaire e Rimbaud.
Eis uma pequena evocação do momento em que surgiu a canção, copiada deste site aqui:
"Talvez a mais intrigante composição dos Doors, 'The End', tenha sido originalmente concebida para ser uma simples 'canção de adeus', apenas com o primeiro verso e o refrão, mas aos poucos foi sendo expandida ao sabor da guitarra etérea de Robby [Krieger] e das novas imagens criadas por Jim na letra.
Naquela última noite no Whiskey-a-Go-Go, Jim - que não havia se apresentado na primeira entrada por estar totalmente alucinado de ácido - decidiu subir na segunda e encerrou-a com 'The end'. Foi a primeira vez que ele deu à canção o seu formato final, recitando seu famigerado trecho edipiano:
O assassino acordou antes do amanhecer
Calçou as botas
Tirou um rosto da antiga galeria
E caminhou pelo corredor
Foi até o quarto onde sua irmã vivia
E depois visitou o seu irmão
E depois caminhou pelo corredor
E chegou até a porta
E olhou para dentro
Pai?
Sim, filho
Quero ...
Mãe, quero...
Em seguida a essa parte, Jim acrescentou um portentoso "Aaaahhhhhh!!!!", agregado a um cataclisma sonoro detonado pelos instrumentos, que então retornavam a sua melodia original até a conclusão do barítono cavernoso de Jim proclamando: 'This is the end'.
Mas este não foi o fim, pois logo nos primeiros dias de setembro de 1966 o grupo estaria no estúdio Sunset Sound (...) para iniciar as sessões de gravação de seu disco de estréia. As portas da glória começariam a se escancarar para Jim, Ray [Manzarek], Robby e John [Densmore]".
Nenhum comentário:
Postar um comentário