terça-feira, 10 de junho de 2014

"NÃO HÁ GRANDE EVENTO QUE CONSIGA ESCONDER O DESENCANTO DE UM POVO"

Fazia muito tempo que eu não concordava tão irrestritamente e que não admirava tanto um texto alheio! Não teve Copa (leia-o na íntegra clicando aqui), do professor de filosofia Vladimir Safatle, é um arraso.  

Para não ficar exposto às medidas legais com que os blogueiros somos ameaçados pelos donos do conteúdo, publico abaixo os dois parágrafos cuja reprodução por terceiros é por eles consentida. 

A frase do título deste post aparece no penúltimo parágrafo, que ficou de fora. Paciência.

...Houve jogos, um campeão, estádios em Brasília, Cuiabá e Manaus, mas não houve Copa. Não apenas porque apareceu uma outra imagem do país: essa da nação que se estagnou em um ponto no qual o desenvolvimento não consegue se transformar mais em qualidade efetiva de vida. Ponto no qual operários são mortos em construção como algo que, nas palavras de Pelé, 'é normal, pode acontecer', quase como uma lei da natureza. Na verdade, não houve Copa do Mundo porque o povo brasileiro saiu do lugar.

Ele tinha um lugar previamente definido. Sua função era celebrar e aclamar. Com casas pintadas de verde e amarelo e, como se diz, com 'alegria contagiante', o povo brasileiro deveria abraçar seu novo lugar no mundo. Mas algo saiu definitivamente do lugar. O enorme aparato policial-militar montado para impedir que o povo saia da coreografia da felicidade imposta e a brutalidade governamental contra grevistas, como vemos mais uma vez em São Paulo, tudo está aí para não deixar negar. Não, o povo brasileiro não está feliz, pois se sente como alguém que teve sua paixão usada por outros.

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