sábado, 21 de dezembro de 2013

A AMBIÇÃO DELIRANTE DE AGUIRRE E O REICH DE MIL ANOS DE HITLER

Aguirre, a cólera dos deuses (1972) -disponibilizado, completo e legendado, na janelinha abaixo- é a obra máxima do diretor alemão Werner Herzog, que começou no dito cinema de arte e marcou forte presença nas décadas de 1970 e 1980. 

Desde então, contudo, sua carreira decaiu miseravelmente. Mas, não deve ser julgado por equívocos como a refilmagem piorada de Vício frenético (levou uma goleada do Abel Ferrara!) e O sobrevivente. Ele chegou a ser muito grande. Deveria ter encerrado a carreira quando não lhe ofereciam mais projetos com os quais tivesse afinidade ou que estivessem à altura do seu talento.

Aguirre continua sendo, até hoje, um dos filmes que melhor flagram a apatia e passividade com que o povo alemão se submete a líderes autoritários imbuídos de ambições desmedidas e destrutivas, acompanhando-os até o mais amargo fim. O paralelo com Hitler e seu Reich de mil anos é mais do que evidente.

Destaque também para a inesquecível atuação do carismático Klaus Kinski, que parece ter nascido para representar o papel de Don Lope de Aguirre -o aventureiro que, quando o fracasso de uma expedição em busca de Eldorado se evidencia, não se conforma com a decisão de Don Pedro de Urzúa (nosso velho conhecido Ruy Guerra), o qual, sensatamente, ordena o retorno. Assume o comando pela força e arrasta a todos para o âmago da selva amazônica, que os tragará.

Os  cenários naturais são majestosos, a ganância ensandecida de Aguirre impacta fortemente os espectadores e o filme é lembrado também pela convivência difícil entre Kinski e Herzog, que o diretor depois esmiuçaria no documentário Meu melhor inimigo (1999). 

3 comentários:

Fernando Romano Menezes disse...

Sabe que nunca tinha reparado no filme com esse paralelo do Reich de Hitler? Pode ter certeza que agora assistirei de novo, com outro olhar. Muito interessante!

celsolungaretti disse...

Companheiro,

sei lá se eu teria chegado a essa conclusão sozinho, foi uma análise que li quando o filme estreou no Brasil.

Como tinha tudo a ver, passei a ver o AGUIRRE sob tal prisma.

Abs.

Arthur disse...

"...sua carreira decaiu miseravelmente."
Uma das maiores bobagens que já li na vida.

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