quinta-feira, 12 de setembro de 2013

RESGATE FANTÁSTICO: SERÁ QUE EU VIAJEI NA MAIONESE?

A informação de que o Ministério das Relações Exteriores já tirou o diplomata Eduardo Sabóia da geladeira, autorizando seu retorno ao trabalho, me deixou com a pulga atrás da orelha.

Eu o defendi na suposição de que realmente agira por iniciativa própria ao resgatar o senador Roger Pinto Molina; acreditei que ele tivesse querido solucionar, de forma voluntarista, uma situação de absoluto desrespeito do governo boliviano pela instituição do asilo político e de inapetência do governo brasileiro para fazer prevalecerem as leis e práticas civilizadas.

No entanto, depois de Sabóia haver sido duramente criticado pela presidenta Dilma Rousseff e de o Itamaraty haver anunciado uma rigorosa sindicância para investigar sua atuação, eis que ele retoma sua rotina, belo e lampeiro, como se nada houvesse acontecido.

Foi aí que eu me lembrei do complexo esquema armado para a evasão de Molina, incluindo a participação de um senador brasileiro e até de nossos militares, aparentemente incumbidos de garantir a segurança do fugitivo.

Sabóia: apenas um funcionário obediente?
E me ocorreu que Sabóia, não sendo nenhum James Bond, dificilmente teria conseguido armar todo esse circo sozinho. Ao contrário do que se vê nos filmecos de Hollywood, amadores nunca dão conta dessas situações.

Na web, os apressadinhos correram a levantar suspeitas sobre o dedo da CIA, do agronegócio, da tucanada, etc.

Noves fora, o mais plausível é que a paciência das autoridades brasileiras haja chegado ao limite e, temerosas do dano à nossa imagem se o (na prática) cativeiro de Molina terminasse mal, elas mesmas tenham tramado e executado o  resgate fantástico.

Uma vez alcançado o objetivo, é óbvio que teriam de jogar a culpa em cima do Sabóia,  da forma mais enfática possível, para não deixarem transparecer que haviam feito o Evo Morales de bobo.

O pior é que, se minhas deduções estiverem corretas --e tudo leva a crer que estão--, eu também fui feito de bobo.

Em boa companhia: o Prêmio Nobel da Paz de 1996, José Ramos-Horta, acaba de elogiar a "coragem" de Sabóia,  qualificando-o de "mártir".

Enfim, mesmo se houver cumprido ordens ao invés de as desobedecer, o seu papel no episódio terá sido louvável; algum risco sempre há e quem o assume por motivos justos é um bom ser humano.

Mas, claro, Sabóia não precisava da minha bem-intencionada defesa, já que sua carreira não estaria ameaçada, muito pelo contrário...

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