quinta-feira, 14 de março de 2013

NOVO PAPA É DA ESTIRPE DE PIO XII

Este foi conivente com a ditadura argentina...
Radicado há décadas no Brasil, Carlos Lungarzo, incansável defensor dos direitos humanos, é argentino de nascimento e conhecedor profundo da trajetória do jesuíta Jorge Bergoglio, agora papa Francisco, outro sumo pontífice conservador de uma Igreja que, qual avestruz, enterra cada vez mais a cabeça na areia para alhear-se dos desafios da atualidade.

Os segredos do santo padre (clique p/ abrir) é um artigo obrigatório. Nele, Lungarzo traça o perfil de um religioso que, por identificação ideológica com a ditadura argentina, oportunismo ou pusilaminidade, recusou ajuda a um membro da sua Ordem, permitindo que ele caísse nas garras dos esquadrões da morte militares; e não moveu uma palha para encontrar uma criança recém-nascida sequestrada pela repressão, indiferente às súplicas da família.

O que ele tem em comum com Pedro é já haver negado Cristo... e muito mais do que três vezes!

...e este, com o nazismo.
O paralelo mais  apropriado, contudo, é com o papa Pio XII, aquele que ficou em cima do muro enquanto grassava a barbárie nazista.

Destaco os trechos principais:

"A Argentina voltou à normalidade democrática em 1983 quando o então padre Bergoglio estava com 47 anos. Nessa época, o atual papa era reitor do (...) maior seminário de formação de sacerdotes da Argentina (...), após ter sido, entre 1973 e 1979, o principal chefe (...) da poderosa e influente ordem dos jesuítas...

Em 1983, Jorge Bergoglio, uma figura austera, silenciosa, alheia a chamar a atenção, não tinha nenhuma influ'ncia política evidente, mas acumulava muita influência invisível. Ele utilizou essa influência para tentar mostrar um rosto 'moderno' da Igreja, modificando a imagem desta como cúmplice qualificada e ativa dos genocídios e torturas generalizadas, que foram comuns na Argentina...

Como é bem conhecido, a Igreja Católica apoiou intensa e devotadamente os crimes da ditadura, não apenas encobrindo ou justificando-os, mas também dando apoio psicológico e propagandístico, colocando a seu serviço seu aparato internacional (incluída a máfia italiana e o grupo P2), abençoando as máquinas de choque e os instrumentos usados para mutilação, e até, em vários casos, aplicando tortura com suas próprias mãos.

Há pelo menos 40 livros em espanhol e pelo menos 15 em inglês, dedicados de maneira total ou parcial à cumplicidade da Igreja Católica com os crimes de Estado na Argentina nos anos 1976-1983, e milhares de páginas de Internet.

Como em muitos outros países, uma minoria de padres apoiou a causa dos direitos humanos e teve certa militância no que foi chamado 'Teologia da Libertação'.

Dois deles foram os jesuítas Orlando Dorio e Francisco Jalic que propagavam uma visão social do cristianismo em favelas e bairros populares. Estes padres foram capturados pelos esquadrões da morte dos militares e submetidos a tortura, mas conseguiram sobreviver. Enquanto Jalic se fechou num mosteiro alemão e nunca mais falou de seu passado (e possivelmente, nunca voltou a Argentina), Dorio acusou explicitamente a Bergoglio, que era a máxima autoridade de jesuítas, de ter negado proteção e haver permitido que ele fosse capturado.

Bergoglio usou por duas vezes os privilégios de não acatar as decisões da justiça, privilégio que a Argentina concede aos bispos, que têm um fórum privilegiado equivalente ao dos deputados, senadores e presidentes. Em função disso, recusou dar depoimento aos tribunais que julgaram os crimes contra a humanidade na época da ditadura.

Bergoglio aceitou, porém, comparecer a uma terceira intimação, quando a pressão dos milhares de vítimas se tornou muito intensa.

Segundo a advogada Myriam Bregman que trabalha em direitos humanos, as afirmações de Bergoglio, quando aceitou ir aos tribunais, mostram que ele e outros padres eram coniventes com os atos praticados pela ditadura. Ele, porém, não foi indiciado, também com base na 'falta' de provas.

Em 1977, a família De la Cuadra (...) teve sequestrados cinco de seus membros, dos quais apenas um reapareceu muito depois.

O padre Bergoglio se recusou a indagar onde eles estavam e até a ajudar a procurar uma criança recém nascida, filha de uma das mulheres desaparecidas.

Em algumas ocasiões, o Santo Padre não pôde refutar que a ditadura argentina tinha cometido numerosas atrocidades, mas argumentou que isso foi uma resposta provocada pela esquerda, que, segundo ele, também teria usado o terror. Este infame argumento, como todos sabem, foi fortemente repudiado em todos os países que tiveram ditaduras recentemente.

Durante o governo de Néstor Kirchner e, após, o de sua esposa, Cristina Fernández, o atual papa, mantendo seu estilo 'sutil' aproveitou para criticar muitas vezes o governo (...), acusando-o de ditatorial, de gerar o caos, de defender pessoas de vida sexual 'abominável', etc.

Com seu estilo aparentemente moderado, Bergoglio teve certo sucesso onde outros padres, que pregaram abertamente a tortura e o genocídio dos ateus e marxistas, fracassaram. Com efeito, apesar de ser unanimemente repudiado pelos defensores de direitos humanos, inclusive os católicos, ele nunca foi processado, como aconteceu com o padre Wernich, e até conseguiu forjar uma máscara de tolerância".

6 comentários:

Anônimo disse...

Celso, você poderia esclarecer o meu questionamento? Caso não tenha informações poderia solicitar ao Lungarzo, visto que ele possui um grande conhecimento do período.

Em 1977, durante a ditadura militar argentina, Rodolfo Walsh, um dos líderes dos montoneros, jornalista e escritor, desapareceu. Com certeza sequestrado, torturado e assassinado.

Em 1978, durante a ditadura militar argentina, Horacio Verbitsky, um dos líderes dos montoneros, jornalista e escritor, foi contratado pela força aérea. Recebeu do governo militar para auxiliar o brigadeiro reformado Juan Jose Güiraldez, que não possuia nenhuma ligação com a repressão, a escrever o livro El poder aéreo de los argentinos.

Em dezembro de 1978, Elena Holmberg, cunha do brigadeiro Güiraldes foi assassinada pela ditadura. Porém neste período Verbitsky circulava públicamente por Buenos Aires sem ser incomodado.

Como um conhecido líder montonero conseguiu isto?

celsolungaretti disse...

Não vejo grande interesse para nós, brasileiros, em sabermos se o tal Verbitsky se tornou amiguinho dos militares argentinos, mas transmiti o recado ao Lungarzo que, se julgar válido, responderá por aqui.

celsolungaretti disse...

EIS A RESPOSTA DO LUNGARZO:

Acho muito pertinente a pergunta do leitor, e fico feliz de encontrar pessoas tão corretamente informadas sobre os anos de chumbo Argentino, algo que às vezes é tratado com superficialidade.

Verbitsky, tanto como outras figuras importantes em Montoneros, está longe de ter uma imagem transparente. Houve pessoas como Rodolfo Walsh e muitas outras que realmente estavam contra a ditadura e foram assassinadas por isso.

Mas o caso de Verbitsky é diferente. Houve pessoas em Montoneros que apoiavam "o setor negociador" que eles chamavam, das FFAA, embora todas as FFAA foram extremamente nazistas. Um exemplo foi o banqueiro Graiver, outro, que não estava em Montoneros, mas paquerava com eles até que foi sequestrado, foi o muito influente Timmermam.

O genocídio de Argentina foi difícil de combater, diferentemente ao caso de Chile, porque Montoneros não era a única, mas sim, a maior massa, e todos sabiam que era um movimento dirigido por pessoas que eram quase profissionais da Vilolência: Firmenich, Galimberti, Arrostito, Maguid, e outros.

Quando a esquerda jovem foi praticamente pulverizada em 1973 pelo próprio Perón, esses meninos passaram aos Montoneros e lhe deram seu posterior caráter de esquerda. Mas, inicialmente, o grupo era nacionalista, católico, corporativista e tinha boas relações com os militares nacionalistas que, obviamente, foram tão cruéis e sádicos como os outros.

É um assunto longo, e a história completa nunca foi escrita. Os liberais, ou a esquerda muito tradicional, são extremamente severos com os Montoneros, e os consideram fascistas. Os que, sem muita reflexão, enaltecem a qualquer um que foi vítima da ditadura, os veneram. Obviamente, TODA PESSOA VÍTIMA DA DITADURA merece o máximo de solidariedade, o que não significa que ter sofrido faça sua causa mais justa.
Como anarco-marxista definido, sofria várias vezes a perseguição dos montos antes de sair da Argentina. Quando estava no ACNUR no Brasil, uma vez dei refúgio a vários montoneros (aliás, muitas vezes) e lhes disse que, eles, se tivessem vencido, me teriam fuzilado.

Voltando a Verbitzky: eu não compraria dele um carro usado, como dizem os gringos, mas suas investigações costumam ser boas, e o livro EL SILENCIO, sobre o atual Papa, é extremamente bem documentado, aliás, com documentos que você pode confrontar nos arquivos do Tribunal Federal 5 da Argentina.

Ao usar alguns dados deles para mostrar a verdadeira personalidade do Papa, e também cruzo seus dados com o de Mignone que foi um católico ultratradicional, e encontro coincidências.

Por favor, qualquer coisa que eu poder esclarecer, não hesite em me escrever a meu e-mail carlos.lungarzo@gmail.com

Agradeço muito seu interesse

Carlos

Anônimo disse...

Obrigado Celso. Obrigado Carlos.

Celso você como esquerdista renitente e eu como direitista militante temos um ponto em comum. Acredito que seja o ódio ao Estado (seus poderes próprios e a superestrutura que o mantém) se colocar acima do indivíduo, com direito de vida e morte.

Identifico-me como direitista por me chamarem assim. Na falta de um rótulo que descreva melhor... Isto é devido ao pavor que nutro o verdadeiro sentido da esquerda organizada. Uma corruptela do fascimo: Tudo para o partido, nada contr o partido, nada fora do partido.

Anônimo disse...

Obrigado Celso.
Obrigado Carlos.

Sou um notório desconhecido. Para os poucos que me conhecem sou um extremista de direita. Assumi o rótulo.

Entre Bergoglio e Verbitsky, estou mais para Timerman.

Não que tenha pendores esquerdistas, muito longe disto, mas em relação ao indivíduo, podem me considerar algum tipo de libertário.

Pero nada pueden bombas... donde sobra corazón...

RAFAEL MARCOS GARCIA disse...

PARABENS AO PAPA JORGE (FRANCISCO)

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