domingo, 8 de julho de 2012

FEDERER: ÉPICO!

Roger Federer é um esportista tão especial que conseguiu neste domingo (8) um feito quase impossível: uma vitória, ainda que momentânea, sobre  a marcha inexorável do tempo.

Depois de dominar inteiramente o tênis mundial a partir de 2004, passou a ter um antagonista à altura no segundo semestre de 2008, quando Rafael Nadal o desalojou da posição de nº 1.

No entanto, o esforço despendido na empreitada foi excessivo para o espanhol, que pagou o preço habitual: contusões.

O suíço, que não havia esmorecido,  voltou ao topo em 2009. Mas, uma semana antes de igualar o recorde de semanas atravessadas como o primeiro do ranking, foi novamente ultrapassado por Nadal.

Pior: Novak Djokovic deu uma arrancada e superou a ambos. Federer chegou até a perder o terceiro lugar para Andy Murray, por algum tempo.

Parecia o fim da linha: veterano que está com a vida feita e não consegue mais encarar os jovens talentosos, geralmente se resigna à aposentadoria.

E que aposentadoria ele poderia ter! As estatísticas já o colocavam com o melhor de todos os tempos, está podre de rico, é respeitadíssimo e tem ótima vida familiar, sendo o feliz pai  coruja  de duas gêmeas.

Mesmo assim, não pendurou a raquete. Resolveu ir atrás de um novo apogeu, mostrando uma fibra incrível. Trocou de técnico, adequou seu jogo às novas circunstâncias, melhorou o saque, fortaleceu seu espírito depois de haver fraquejado em alguns momentos decisivos.

Como resultado, desde o fim de 2011 veio reduzindo, pouco a pouco, a distância que o separava dos líderes, até chegar ao torneio de Wimbledon ainda como o terceiro do ranking, mas dependendo só de si para reconquistar a liderança: bastaria ser campeão.

E o foi, derrotando o nº 1 (Djokovic) na semifinal e o nº 4 (Murray) na final --as duas partidas em que voltou a mostrar seu melhor tênis. Venceu a ambos por 3x1 e com muita autoridade.

Chamou a atenção, na longa batalha de agora há pouco (4/6, 7/5, 6/3 e 6/4, em 3h24min), como Federer se mantinha imperturbável enquanto o jogador da casa se desmanchava game a game, alternando expressões de frustração e sofrimento. Não era preciso nem olhar o placar para saber quem estava ganhando

Seria temerário apostar em que, prestes a completar 31 anos, ele venha a manter, em médio prazo, a hegemonia reconquistada. Mas, como Michael Schumacher quando largou pela primeira vez a F-1, Federer já é o senhor absoluto dos recordes, tendo estabelecido marcas que nenhum dos atuais tenistas de ponta parece apto a superar.

Sua maior proeza, no entanto, foi mesmo ter obtido um êxito improvável na batalha contra o tempo --aquela que todo esportista inexoravelmente perde. Mas, só os gigantes dão uma canseira dessas no adversário antes de, afinal, entregarem os pontos.

Um comentário:

Ricardo disse...

Foi uma partida sensacional e errou quem apostou que a semi contra o "Djoko" seria uma final antecipada. Gostei muito da atitude de Federer e da de Murray também ao demonstrar o verdadeiro espírito esportivo em suas declarações. Deu gosto de ver.

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