...é o que dizíamos, quando eu era criança, em situações como a da fajutíssima luta do século das artes marciais mistas, entre o brasileiro Anderson Silva e o estadunidense Chael Sonnen, na noite deste sábado (7), em Las Vegas.
Pois, na verdade, era uma disputa das mais desequilibradas: evidentemente superior e com cartel muito melhor, o lutador corinthiano apenas fez a lição de casa, derrotando um azarão que, em 2010, o surpreendera em má jornada e castigara um pouco, acabando, contudo, por ser finalizado.
Pois, na verdade, era uma disputa das mais desequilibradas: evidentemente superior e com cartel muito melhor, o lutador corinthiano apenas fez a lição de casa, derrotando um azarão que, em 2010, o surpreendera em má jornada e castigara um pouco, acabando, contudo, por ser finalizado.
Assim, depois do Barcelona 1x0 Villareal de dois anos e meio atrás, tivemos agora um 5x0. Isto lá é um clássico?!
Luta do século foi Muhammad Ali x George Foreman, opondo a técnica refinadíssima de um pugilista cujas forças declinavam aos 32 anos à contundência de um gigante de 25 anos. Pela forma como Foreman havia massacrado Joe Frazier, derrubando-o seis vezes em dois rounds, muitos temiam que Ali não saísse vivo do ringue.
Já Silva x Sonnen foi fabricada inteirinha pelo esquema de comunicação, com destaque para as ameaças e ofensas promocionais que andaram trocando, havendo 99% de possibilidade de terem sido todas sopradas pelos assessores espertinhos. O que se viu no frigir dos ovos foi apenas dois profissionais exercendo seu ofício, não um duelo mortal entre inimigos irreconciliáveis.
Eu hesitaria até em chamar o MMA de esporte. Exibições organizadas a bel-prazer por um mandachuva, sem entidade que fixe normas e fiscalize seu cumprimento, estão mais próximas dos espetáculos circenses. Dana White é descendente de P. T. Barnum, o autor daquela frase antológica: "Nasce um otário a cada minuto".
A forma como a imprensa cúmplice bajula o patrão White é simplesmente repulsiva. Ele manda e desmanda, definindo quem enfrenta quem segundo o critério único da receita que poderá auferir com cada emparceiramento. Jornalistas de verdade questionariam este "o mundo é seu" que mais parece copiado do filme Scarface...
Por último, o vale-tudo é um péssimo exemplo, açulando os piores instintos de suas platéias. Fico enojado sempre que vejo um lutador caído, grogue e indefeso, e o outro sobre ele desfechando uma saraivada de golpes até que o árbitro ponha fim à agressão covarde.
A abertura de contagem protetora quando um dos contendores está abalado, praticada no boxe, é a linha divisória entre a competição e a mera bestialidade.
Não dá nem para se dizer que o MMA esteja mais para as brigas de rua: pelo menos na minha meninice, não espancávamos o moleque prostrado no chão. Esperávamos que ele levantasse.
Se retrocedermos mais, voltaremos às cavernas. Com plim-plim da Globo.
Luta do século foi Muhammad Ali x George Foreman, opondo a técnica refinadíssima de um pugilista cujas forças declinavam aos 32 anos à contundência de um gigante de 25 anos. Pela forma como Foreman havia massacrado Joe Frazier, derrubando-o seis vezes em dois rounds, muitos temiam que Ali não saísse vivo do ringue.
Já Silva x Sonnen foi fabricada inteirinha pelo esquema de comunicação, com destaque para as ameaças e ofensas promocionais que andaram trocando, havendo 99% de possibilidade de terem sido todas sopradas pelos assessores espertinhos. O que se viu no frigir dos ovos foi apenas dois profissionais exercendo seu ofício, não um duelo mortal entre inimigos irreconciliáveis.
É ESTE o exemplo que deve ser dado às novas gerações?! |
A forma como a imprensa cúmplice bajula o patrão White é simplesmente repulsiva. Ele manda e desmanda, definindo quem enfrenta quem segundo o critério único da receita que poderá auferir com cada emparceiramento. Jornalistas de verdade questionariam este "o mundo é seu" que mais parece copiado do filme Scarface...
Por último, o vale-tudo é um péssimo exemplo, açulando os piores instintos de suas platéias. Fico enojado sempre que vejo um lutador caído, grogue e indefeso, e o outro sobre ele desfechando uma saraivada de golpes até que o árbitro ponha fim à agressão covarde.
A abertura de contagem protetora quando um dos contendores está abalado, praticada no boxe, é a linha divisória entre a competição e a mera bestialidade.
Não dá nem para se dizer que o MMA esteja mais para as brigas de rua: pelo menos na minha meninice, não espancávamos o moleque prostrado no chão. Esperávamos que ele levantasse.
Se retrocedermos mais, voltaremos às cavernas. Com plim-plim da Globo.
4 comentários:
Existem numerosos estudos demonstrando que a longo prazo o MMA é muito menos nocivo pra saúde do atleta do que o Boxe exatamente por não abrir contagem e dar ao árbitro o poder de decretar o nocaute, até por isso o MMA tem um número baixo de nocautes, com perda da consciência do atleta. As luvas mais pesadas do boxe fazem com que os lutadores fiquem expostos a receber um número e volume bem maiores de golpes na cabeça, podendo causar sérias lesões. Além disso, ao abrir contagem, o tempo de 10 segundos é suficiente para um atleta recobrar a consciência e voltar a lutar, recebendo mais
golpes e agravando possíveis lesões.
Assista essa disputa de cinturão aqui, que tinha a "contagem protetora":
Parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=Dc-G4KMOllU
Parte 2: http://www.youtube.com/watch?v=FuZZ6BlOBpY&feature=relmfu
"McClellan terminou e a luta dele passou a ser pela vida. O americano ficou com danos cerebrais permanentes. Ele voltou para casa completamente cego,
apesar de ter os olhos sadios – a ligação entre o cérebro e os olhos entrou em curto circuito. O cérebro dele também passou a ter problemas para identificar sons. A lesão causou perda de memória recente (a memória de longo tempo segue em dia, o ex-lutador lembra de tudo o que aconteceu até antes da luta) e ele hoje não consegue sequer se cuidar sozinho."
Companheiro,
infelizmente hoje o dinheiro dos personagens sinistros e nocivos como Dana White compra tudo, então eu prefiro confiar no senso comum do que em "numerosos estudos" do tipo daqueles que, sob encomenda da indústria automobilística, tentam provar que não existe efeito-estufa, que o aquecimento global e as alterações climáticas são bobagens, etc.
Basta usarmos nossa comezinha capacidade de reflexão para chegarmos à conclusão de que um único murro desferido com toda força, de cima para baixo, pode matar; quiçá os dez que os lutadores de vale-tudo conseguem disparar antes de serem contidos pelos árbitros, numa cena grotesca (lembra domadores contendo feras).
A contagem protetora talvez não seja o ideal, mas o sistema do MMA, muito menos.
E há o aspecto do exemplo extremamente negativo que se passa aos espectadores, incluindo jovens influenciáveis: o de bestas-feras massacrando indefesos.
Essas arenas de gladiadores fascinam alguma pessoas, que até se põem a defendê-las fanaticamente. Mas, representam a espetacularização dos nossos piores instintos. Enfim, o retrocesso e a barbárie.
*Quanto aos traumas provocados em lutas de MMA, o principal trabalho
científico feito até hoje para analisar os riscos desse esporte o
classificou como menos traumático para o cérebro do que boxe. Gregory H. Bledsoe, Edbert B. Hsu, Jurek Grabownski, Guohua Li e Justin D. Brill produziram um estudo para a The Johns Hopkins University School of Medicine's na qual pesquisaram os traumas provocados em lutas de MMA entre
março de 2002 e setembro de 2007.*
*Eles observaram que em 635 lutas de MMA sancionadas por comissões
atléticas, 300 dos 1.270 lutadores acabaram com algum tipo de lesão, o que dá uma média de 23,6 atletas lesionados a cada 100. Traumas severos foram constatados apenas em 15,4 de cada mil lutadores pesquisados, o que significa que apenas 3% das lutas terminam em contusões graves. Nenhuma luta regulamentada terminou em morte durante o período abrangido pelo
estudo.*
*Desde 1993, quando o MMA fincou raízes nos Estados Unidos e passou a ser um esporte reconhecido no mundo, apenas dois lutadores morreram em combates de MMA. Douglas Dedge acabou morto em 18/03/1998 numa luta sem regras e não regulamentado ocorrida na Ucrânia. Em novembro do ano passado, dois meses depois de concluído o estudo da equipe do The Johns Hopkins University
School, Sam Vasquez morreu alguns dias depois de lutar em Houston, Estados Unidos.*
*Contra o boxe pesa ao menos 71 mortes provocadas desde 93 e documentadas pelo The Journal of Combative Sport. Um estudo publicado na British Journal
of Sports Medicine, realizado com lutadores de boxe australianos entre agosto de 1986 e agosto de 2001, concluiu que de 427 atletas pesquisados, 107 apresentaram alguma tipo de lesão, sendo que em 89,8% dos casos as contusões eram na região do pescoço ou na cabeça. 15,9% das lesões foram consideradas graves.*
*Não vale, portanto, dizer, como fez Todd, que o MMA é um esporte perigoso. Não mais do que o boxe, ou do que outros esportes tão populares nos EUA, como o futebol americano, por exemplo. Entre 1931 e 2006 o Centro Nacional de Investigação Catastrófica Sport Injury registrou 1002 mortes provocadas em partidas de futebol americano. Uma média de mais de 13 mortes por ano, apesar da última delas ter ocorrido em 2006.*
*O MMA é um esporte violento, mas o fato de a luta correr tanto em pé
quanto no solo evita que um lutador receba muitas pancadas na cabeça e o protege de contusões mais severas. Inúmeros combates terminam com golpes de solo, como torções no braço ou no pé, e algumas delas não passam de um
minuto de combate, o que também é benéfico para lutador.*
*Entendo a preocupação de Todd com o aumento do prestígio do MMA, que pode significar o fim dos dias de glória do boxe como o esporte de luta mais popular do mundo. Mas ele deveria aprender que golpe baixo não vale. Se quiser fazer críticas que pelo menos passe a se valer de argumentos sólidos e coerentes e não do simples achismo. *
*Fonte:
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3358597-EI12509,00-Boxe+vs+MMA+uma+briga+pela+audiencia.html
*
Companheiro,
este nem de longe é o meu foco principal, nem vejo motivo nenhum para perder meu tempo compilando dados e estudos.
A experiência de uma vida inteira me ensinou que os poderosos compram qualquer coisa, inclusive estudos desse tipo.
Acho lamentável alguém defender a bestialidade. Arenas de gladiadores eram uma aberração na Roma antiga e o são muito mais agora, quando já deveríamos ter adquirido mais respeito pelo ser humano.
Você pode trazer aqui mil estudos encomendados por quem quer defender o "direito" a ganhar dinheiro sangrento, que não mudará o fato fundamental: um brutamontes em pé espancando alguém grogue é um exemplo horrível a se dar aos jovens.
O UFC está no lugar certo: a Globo.
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