Quando fui visitar o cidadão da foto em 2009, só tinha certeza de que fora condenado num julgamento de cartas marcadas; saltavam aos olhos as aberrações jurídicas cometidas, em tudo e por tudo semelhantes às dos quatro processos a que respondi em auditorias militares, durante a ditadura brasileira.
Mas, se não havia provas reais de sua culpa, também não existia como eu ter certeza absoluta da sua inocência.
Então, eu me empenhava em salvá-lo em nome do príncipio fundamental de que é a culpa que tem de ser provada, não a inocência. Nenhuma corte verdadeiramente comprometida com a Justiça o condenaria com base naquela peça de acusação inquisitorial e farsesca.
Bastou eu conversar uns dez minutos com ele para dissipar quaisquer dúvidas: lembrando-me de homens duros do nosso lado que eu conheci (não vai aqui nenhuma crítica: eles tinham todos os motivos para o serem...), eu percebi claramente que se tratava de ave de outra plumagem. E costumo acreditar nas minhas intuições, pois elas dificilmente me traem.
Minha filhinha concorda inteiramente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário