terça-feira, 31 de janeiro de 2012

UM BOM GOVERNO REAGE À IDEALIZAÇÃO DA FORÇA. E O NOSSO?

Alguém consegue imaginar Mitterrand...
O filósofo Vladimir Safatle estava inspirado ao escrever sua coluna desta 3ª feira, 31 (íntegra aqui):
"Na semana passada, esta Folha [de S. Paulo] divulgou pesquisa mostrando como a grande maioria dos entrevistados apoia ações truculentas como a internação forçada para dependentes de drogas e intervenções policiais espetaculares como as que vimos na cracolândia.

Se houvesse pesquisa sobre o acolhimento de imigrantes haitianos e sobre a posição da população em relação à ditadura militar, certamente veríamos alguns resultados vergonhosos.

Tais pesquisas demonstram como a idealização da força é uma fantasia fundamental que parece guiar populações marcadas por uma cultura contínua do medo.

É preferível acreditar que há uma força capaz de 'colocar tudo em ordem', mesmo que por meio da violência cega, do que admitir que a vida social não comporta paraísos de condomínio fechado.

Sobre qual atitude tomar diante de tais dados, talvez valha a pena lembrar de uma posição do antigo presidente francês François Mitterrand (1916-1996).
...se prestando a ISTO?
Quando foi eleito pela primeira vez, em 1981, Mitterrand prometera abolir a pena de morte na França. Todas as pesquisas de opinião demonstravam, no entanto, que a grande maioria dos franceses era contrária à abolição.
Mitterrand ignorou as pesquisas. Como se dissesse que, muitas vezes, o governo deve levar a sociedade a ir lá aonde ela não quer ir, lá aonde ela ainda não é capaz de ir. Hoje, a pena de morte é rejeitada pela maioria absoluta da população francesa.
Tal exemplo demonstra como o bom governo é aquele capaz de reconhecer a existência de um potencial autoritário nas sociedades de democracia liberal e a necessidade de não se deixar aprisionar por tal potencial".
Então, como não dá para ressuscitarmos o inesquecível François, o jeito é cobrarmos de Dilma e Lula a mesma coragem política de Mitterrand: que honrem as bandeiras em nome das quais lhes outorgamos três mandatos. 

Começando por não trocarem mais sorrisos e afagos com os representantes do Opus Dei que encabeçam o projeto de fascistização do País.

2 comentários:

Eduardo Lima disse...

Isso foi esperteza de Alckmin, querendo queimar Lula com o eleitorado mais pobre.

Anônimo disse...

Agora só há financistas e contadores. rsrsrs

Chinchonero

Related Posts with Thumbnails