A coluna desta 5a. feira de Rogério Gentile na Folha de S. Paulo, Injustiça brasileira, expõe um caso semelhante ao da Escola Base --aquela acusação igualmente precipitada e bombástica (assédio sexual) que, em 1994, um delegado ávido por holofotes fez aos proprietários de uma escola para crianças em São Paulo.
A mídia sensacionalista açulou a turba e os coitados tiveram a escola depredada, além de quase serem linchados. Depois, ficou provado que eram inocentes.
A mídia sensacionalista açulou a turba e os coitados tiveram a escola depredada, além de quase serem linchados. Depois, ficou provado que eram inocentes.
É revoltante ao extremo. Transcrevo-a na íntegra.
Daniela Toledo do Prado tinha 21 anos quando foi acusada por uma médica, em uma sala de emergência, de cometer um crime pavoroso: matar a própria filha, uma criança de um ano e três meses, com uma overdose de cocaína.
Em estado de choque, sem conseguir dizer quase nada em sua defesa, foi presa e levada pelos policiais, sob gritos de "vagabunda", para a cadeia, onde foi espancada.
Seu rosto ficou desfigurado. Teve a clavícula e a mandíbula quebradas. Perdeu a audição do lado direito -uma das detentas enfiou e quebrou uma caneta em seu ouvido. Apesar dos gritos, ninguém a socorreu e, somente após duas horas, foi levada, em coma, para o hospital.
Trinta e sete dias depois, porém, foi solta quando um laudo provou que não era cocaína o pó branco achado na mamadeira e na boca da menina. Mesmo assim, a Justiça só a absolveu em 2008, dois anos após perder a filha e, como ela costuma dizer, a sua própria vida.
Desempregada, evita até hoje sair de casa sozinha por medo de apanhar em razão da repercussão do caso -era chamada de "monstro da mamadeira". Toma antidepressivos, assim como seu filho de oito anos; diz sofrer dores fortes na cabeça e convulsões. "Não me esqueço do delegado. Dizia ter aberto o corpo de minha filha, que estava cheio de cocaína."
Embora terrível, o caso de Daniela não é uma exceção no Brasil. Cerca de 205,5 mil pessoas, ou 40% do total, estão encarceradas, muitas há anos, sem julgamento. São os chamados "presos provisórios", confinados frequentemente nas mesmas celas de criminosos condenados.
Quantos, de fato, são culpados e deveriam mesmo estar presos? Impossível saber. Os que um dia conseguirem provar sua inocência poderão recorrer à própria Justiça em busca de indenização. Daniela, após tanto sofrimento, conseguiu. Ganhará módicos R$ 25 mil e uma pensão mensal vitalícia de R$ 414. Isso, claro, se o governo Alckmin, que nega culpa do Estado no episódio, não conseguir reverter a decisão.
P.S.: pesquisando o caso para esclarecer a dúvida de um leitor, descobri que ele é pior ainda do que parece. Tratou-se de uma ARMAÇÃO para desqualificar Daniela, que havia denunciado um quintanista de medicina por ESTUPRO. Há um extenso relato aqui. Minhas sinceras desculpas por ter fornecido informação incompleta.
P.S.: pesquisando o caso para esclarecer a dúvida de um leitor, descobri que ele é pior ainda do que parece. Tratou-se de uma ARMAÇÃO para desqualificar Daniela, que havia denunciado um quintanista de medicina por ESTUPRO. Há um extenso relato aqui. Minhas sinceras desculpas por ter fornecido informação incompleta.
10 comentários:
Uma das maiores barbaridades que já vi em minha vida. Me lembro de quando esse caso veio à mídia. Praticamente, cruxificarem essa mulher. Só agora, sei que ela é inocente...Parece coisa de filme...
quem era o delegado? é delegado ainda? onde?
a médica se chama Erica Serrano Skamarakas. Continua clinicando e desfrutando do status da profissão como se nada tivesse acontecido.
me refiro ao delegado do caso da mamadeira mesmo. Segundo a vítima, o delegado afirmou que havia aberto o corpo da filha e encontrado cocaína. Procedimento típico de tortura psicológica, forçando uma confissão. Acontece muito isso em deegacia. É quase um procedimento padrão, podemos assim dizer.
Paulo Roberto Rodrigues, da Delegacia de Investigações Gerais de Taubaté,
Pesquisando o assunto, descobri que o caso é pior ainda do que o Gentile relatou: a Daniele havia denunciado um quintanista de medicina QUE A ESTUPROU e foi tudo uma ARMAÇÃO para a desqualificar.
Estou colocando uma observação no texto.
Esse caso é mesmo muito revoltante. Lembro como se fosse hoje do tratamento sensacionalista que a mídia e os "agentes da lei" deram ao caso. Fizeram uma condenação antecipada,mas quando a verdade apareceu só divulgaram uma notinha sobre o assunto. Destruíram a vida dessa mulher.
Fico indignado em saber que ela só vai receber a mísera pensão vitalícia e os R$ 25 mil de indenização (isso não compra nem um carro popular 0km).
Também causa raiva o fato de todos os responsáveis saírem bem na história.
Quem acusou e condenou a moça deveria ser processado e até mesmo expulso do serviço público.
Os veículos de imprensa deveriam indenizá-la também.
Não é de hoje que isso acontece no Brasil. Existe também o "caso do Bar Bodega", um outro grande erro da Polícia paulista e da imprensa.
Chamar um caso como esse de revoltante é eufemismo.
Quem sabe não seja este o verdadeiro milênio das trevas...
Que coisa revoltante...
Bando de mostros ... país da injustiça.
Os verdadeiros monstros da mamadeira Caio Eduardo Abrao Sasdeli e Érica Serrano Skamarakas. Continuam a clínicando depois de destruírem a vida da mãe da criança.
A Justiceira
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