quinta-feira, 17 de novembro de 2011

SANSÃO E DALILA

Da história de Sansão e Dalila...
Quando Nelson Piquet ainda corria e despertava maior interesse da mídia, se algum repórter aparecia de sopetão em sua casa para tentar obter uma entrevista não marcada, era atendido no portão.

O grande campeão de automobilismo não permitia que devassassem a intimidade do seu lar com fotos e filmagens. O que pertencia à rua era tratado na rua.

Sou uma pessoa à antiga: acredito que haja esferas de nossa existência que devam ser preservadas da bisbilhotice alheia.

Por dinheiro nenhum do mundo eu ficaria num aquário como o do Big Brother Brasil, cercado de câmaras por todos os lados. "Há um mínimo de dignidade que não se pode negociar..." (*).

E considero bizarro que alguém escreva e que alguém leia esse cricri megalomaníaco de microblog. Nunca teclei uma palavra -- minha esposa abriu uma conta em meu nome no twitter e andou postando o título dos artigos novos, não sei se ainda o faz -- e jamais tive a menor curiosidade em ler o que qualquer outro haja escrito. 

Para mim, linguagem telegráfica só tem a ver com assuntos formais. Minhas emoções não são minimalistas.

BANHO E TOSA

Muita gente faz restrições ao ex-presidente Lula pelos motivos mais variados, reais ou imaginários.

...o que eu quero rever é o final.
Em termos gerais, eu admiro sua trajetória e considero que, se fez a felicidade dos bancos e não foi sempre um homem de esquerda no governo, isto se deve às suas características pessoais, intransferíveis e imutáveis de político intuítivo.

Isto sabiam todos os esquerdistas que, nos primórdios de sua carreira política, ajudaram-no a decolar. Acreditar que, uma vez lançado, ele se comportasse como político ideológico, nadando contra a corrente do grande capital, foi suprema ingenuidade de alguns.

A outros, mais perspicazes e menos idealistas, não incomodava que a nau petista ancorasse no reformismo, desde que o porto fosse Brasília (simbolicamente, claro, pois não ignoro que lá inexiste mar, salvo os de lama...).

Enfim, embora discordando de várias políticas e atitudes de Lula -- e houve sapos duros de engolir, como sua postura em relação à anistia autoconcedida pelos carrascos da ditadura --, tenho escrito sobre ele com respeito. Não se trata de nenhum Serra, que começou presidindo a UNE e acabou ordenando invasões fardadas da USP.

Mas, com toda sinceridade, chocaram-me e agrediram-me as imagens de Lula submetendo-se alegremente à tosa, mais o resultado final.

O que o distinto público tem a ver com isto, afinal? Não bastaria reaparecer em público só com bigode e um boné?

Sou mais o Piquet. Mil vezes mais o Piquet.

* fala de uma peça teatral antiga sobre Galileu Galilei

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