segunda-feira, 22 de agosto de 2011

FIM DE UMA TIRANIA

O povo líbio em festa: contra imagens não há argumentos
No jogo de xadrez, as peças menores são sacrificadas em nome da vitória final. É comum a partida acabar sem que reste um peão sequer no tabuleiro.

Na vida, isto é inconcebível e inaceitável. Se não priorizarmos a existência humana como valor supremo, propiciaremos o advento da barbárie.

Para os revolucionários, mais ainda. Existimos para defender os peões, não os reis ameaçados.

Então, é simplesmente grotesco e indefensável o alinhamento de qualquer esquerdista com déspotas como o que está sendo derrubado na Líbia e o que precisa ser derrubado na Síria.

Devemos, sim, fazer tudo que pudermos para evitar que sejam substituídos por outros tiranos e/ou joguetes dos EUA e de Israel.

Pode um revolucionário identificar-se com ISTO?!
Mas, estendermo-lhes as mãos significa trairmos nossa missão, conforme foi brilhantemente enunciada por Marx.

Cabe-nos conduzir a humanidade a um estágio superior de civilização, sentenciou, com máxima clareza, o velho barbudo. Não acumpliciarmo-nos com retrocessos históricos. Jamais!

Absolutismo, feudalismo, estados teocráticos, tiranias pessoais, tudo isso foi merecidamente para a lixeira da História. E é lá que deve permanecer.

Nosso compromisso é com a construção de uma sociedade que concretize, simultaneamente, as duas maiores aspirações dos homens através dos tempos: a justiça social e a liberdade.

Muammar Gaddafi e Bashar al-Assad, brutais genocidas, não nos aproximaram dessa sociedade um milímetro sequer. São carniceiros comparáveis a Átila e Gengis Khan.

Todos deveríamos manter deles a mesma distância que mantivemos de Pol Pot a partir do momento em que ficaram comprovadas, sem sombra de dúvida, as características monstruosas do regime do Khmer Vermelho.

10 comentários:

Anônimo disse...

Tá, o Kadaffi é um tirano e um déspota, um fdp, sem dúvida. Agora, o consórcio neo-colonial anglo-franco-americano vai instalar o seu déspota, o seu (deles) fdp, para fazer o saque colonial do petróleo líbio. Muita coisa vai mudar, não é mesmo???
Pelo menos o Kadaffi não deixou os impérios saquearem a Líbia, o que agora vai acontecer com certeza. A coisa vai piorar, com certeza. Podem me cobrar depois....

Cappacete disse...

Essa festa toda é em Trípoli mesmo? Fim de uma tirania, e agora, haverá democracia na Líbia? Acaso vc não sabe quem está por trás desse "levante"? Dez anos de ocupação do Iraque, mais de um milhão de mortos. Será que há mesmo motivos para comemorar a queda de Kaddafi?

celsolungaretti disse...

Aquela multidão enorme só pode ter ido à praça por um motivo: não suportava mais a ditadura do Gaddafi.

Eu vivi sob uma ditadura e lutei contra ela. Quase morri, conservo uma lesão até hoje e perdi uns 20 companheiros e amigos queridos (arredondo porque, de alguns, até hoje não conheço o destino).

Então, sei do que estou falando e sei o que os líbios devem estar sentindo: um enorme alívio.

Quando saí da prisão, estava decidido a nunca mais apoiar ditadura nenhuma, fosse de que lado fosse. Tudo que eu vivi e tomei conhecimento depois só fez robustecer minha decisão.

Anônimo disse...

Meu caro Lungaretti:
Também detesto as ditaduras.
Mas, quando vejo EUA, OTAN e outros países ou entidades tão democráticas quanto patrocinando alguma causa fico com um pé atrás.
É possível que Kadafi tenha caído a esta altura. Preparemo-nos, pois a nova ditadura líbia vem aí.
Dentro de alguns dias estaremos protestando contra ela, certo?

Galvão disse...

No ritmo que vai, logo, logo seus amigos Obama, berlusconi e sarkozi arrancam uma resolução da ONU contra o pré sal; e não vai adiantar você espernear quando 4ª frota fundear na Baia de Guanabara.

Anônimo disse...

Vamos ver o preço que será cobrado pelo condomínio EUA-Reino Unido-França após a queda do tirano Khadaffi. Afinal de contas, não foi por motivos humanitários que esse conluio moveu todas as forças e mobilizou a OTAN!

Érico Cordeiro disse...

Lungaretti,
Seu raciocínio é irrepreensível.
Não é apoiando ditaduras corruptas e sanguinárias que a esquerda caminhará no sentido da necessária transformação.
Kadaffi e Al-Assad são farinha do mesmo saco. Tão bárbaros e corruptos quanto os ditadores depostos do Egito e da Tunísia.
Como você bem disse, impõe-se agora evitar que a Líbia e a Síria não substitua esses déspotas "por outros tiranos e/ou joguetes dos EUA e de Israel".
As eventuais posições anti-ocidental de Líbia e Síria podem até seduzir um ou outro ingênuo, mas não desmentem o fato de que esses países vivem sob o tacão da violência e da brutalidade estatais. Os povos desses países - e de outros do mundo árabe, como a Arábia Saudita e o Iêmen - estão despertando e exigindo o elementar: respeito. Como vem ocorrendo no Chile, na Grécia e na Espanha.
Que esses levantes sejam um sinal de tempos mais democráticos.

Anônimo disse...

Os fins não se justificam os meios
Desse esquema de OTAN, EUA, Israel tô fora
Os libios sairam do espeto e cairam na brasa

Paulo

celsolungaretti disse...

Nada a ver com fins e meios, companheiros. Quem está submetido a uma ditadura bestial, quer mais é que ela acabe. O que virá depois é uma possibilidade em aberto.

Se a Otan resolvesse chutar o Médici, teria sido um enorme alívio para nós. No dia seguinte, provavelmente, já estaríamos na oposição ao novo regime. Mas, para quem estava numa situação insuportável, já seria um ganho.

Caso do povo líbio, que expressa flagrantemente sua satisfação com a derrubada do tirano.

Anônimo disse...

"Tripoli em festa: contra imagens não há argumentos"

babaca
não é Trípoli
é Bengasi

pedro cavalcante

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