quarta-feira, 27 de julho de 2011

PODVAL DÁ O SERVIÇO E DEIXA TOFFOLI EM TOGA JUSTA

Confirmado o óbvio: o criminalista Roberto Podval admitiu ao repórter Fausto Macedo, de O Estado de S. Paulo, ter sido ele quem bancou a hospedagem do ministro José Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, num nababesco hotel da ilha italiana de Capri.

Cidadãos perspicazes tiveram a certeza disto logo no primeiro momento, quando Toffoli afirmou ter pagado ele próprio as passagens aéreas, calando-se, entretanto, sobre a conta do Capri Palace Hotel (cujas diárias variam de R$ 1.400 a R$ 13,3 mil).

Como Podval, num primeiro momento, também se recusara a tocar no assunto, nada mais fácil do que depreender-se a verdade.

Para o criminalista, "não há impedimento legal" em agraciar velhos amigos e o fato de Toffoli estar relatando casos em que ele atua como advogado é irrelevante:
"Quem me conhece sabe que não faço e nem sei fazer lobby. Seria absurdo acreditar que convidei o ministro com interesse em alguma causa".
O representante da caserna no Ministério de Dilma Rousseff, o inacreditável Nelson Jobim, também saiu em defesa de Toffoli, na mesma entrevista em que trombeteou ter sido eleitor de José Serra na última eleição:
"É uma decisão pessoal. Conheço muito bem o Toffoli, ele tem absoluta independência".
Parece a ninguém ocorrer que uma atitude destas -- cabular um julgamento pelo fútil motivo de assistir a um casório -- constitui, nada mais, nada menos, um escárnio aos trabalhadores Ainda mais partindo de um ministro da mais alta corte do País.

Se ela for considerada normal e válida, a Justiça Trabalhista jamais poderá aceitar de novo que faltas injustificadas ao trabalho tenham como consequência a demissão por justa causa. A lei não é igual para todos?

E, dê ou não alguma contrapartida, um magistrado não pode, jamais, aceitar favores e agrados de quem está envolvido nos processos que ele julga. Isto é o óbvio ululante.

Ficando provado que Toffoli não favoreceu, como ministro, os interesses de Podval, ainda assim não poderá deixar de receber a mais severa admoestação, por sua conduta gritantemente antiética.

Se houver prevaricado, tem de não só sofrer processo de impeachment, como ser processado criminalmente pelo Ministério Público Federal.

"Seja, porém, o vosso falar: sim, sim; não, não. Pois todo o mais será sugerido pelo Maligno." (Mateus, 5:37)

4 comentários:

Marcelo Rodrigues disse...

Caramba, o Dr. Toffoli deixou transparecer rapidinho de que matéria é feito, deve ter batido todos os recordes de velocidade em envergonhar o "Supremo" Tribunal Federal.

Galvão disse...

Há certo exagero em seu comentário: O Ministro do STF comunicou a ausência ao presidente do tribunal e, nenhum trabalhador pode ser demitido por justa causa por faltar sem justificativa ao trabalho uma, duas, cinco, dez vezes. Para caracterizar a justa causa é preciso faltar mais de um mês, o que caracteriza abandono de emprego. Quanto ao impedimento do ministro, quero lembrar que o Gilmar Mendes tem prioridade.

celsolungaretti disse...

Galvão,

partindo de quem deve dar exemplo, é gravíssimo, sim, faltar a um julgamento para assistir a um casório de ricaços.

Quanto ao primeiro que deve sofrer impeachment, não é um, nem outro.

Cezar Peluso, como relator do Caso Battisti, decidiu dar um bico na lei e na jurisprudência quando Tarso Genro concedeu o refúgio.

Ou seja, deveria libertar o Cesare, mas não soltou apostando em que convenceria o STF a revogar o ato do Tarso.

Repetiu a aposta, como presidente do STF, quando o Lula descartou definitivamente a extradição. Foi ele quem tomou a decisão, pois o Supremo estava em recesso.

Só que os ministros desta vez o desautorizaram. Se a decisão do Lula era definitiva, quem não a cumpriu incidiu num gritante abuso de autoridade.

Então, o Peluso foi pessoalmente responsável por 5 meses e uma semana de prisão ilegal e arbitrária do Cesare. Isto o faz o mais merecedor de impeachment, dentre os três.

Um abração!

Galvão disse...

Tinha esquecido do desempenho do Peluso no caso Battisti. Concordo com você, e passo o Gilmar para o 2º da lista.

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