Gaddafi faz lembrar a frase sobre Jânio Quadros: é mais feio ainda por dentro do que por fora... |
Concordo em gênero, número e grau com a avaliação que o veterano jornalista Clóvis Rossi faz de Muammar Gaddafi (uma abominação que jamais poderia ser defendida por homens de esquerda, pois nada tem a ver com nossa missão de conduzirmos o mundo a um estágio superior de civilização, personificando, pelo contrário, a regressão à barbárie):
"O que está havendo na Líbia é o uso desmedido da força bruta por um tirano ensandecido que, de resto, a utiliza contra seu próprio povo faz 42 anos e que, em certa época, utilizou-a também contra terceiros (atentados contra um avião da PanAm sobre os céus da Escócia e contra uma discoteca de Berlim).
Qualquer pessoa dotada de um mínimo de senso comum saberia que um governante desse calibre só entende a linguagem da força".
No entanto, também compreendo a posição do Itamaraty, que absteve-se na ONU para não coonestar a abertura de um precedente perigosíssimo.
Se os efeitos de tal decisão se limitassem ao episódio presente, não há dúvida nenhuma de que a intervenção militar internacional se faz necessária para deter um genocídio dos mais bestiais.
Um revolucionário pode defender ISTO? |
Ou seja, entre o mal presente e a possibilidade de males futuros, o Brasil optou por nenhum.
É compreensível, repito. Mas eu, pelo menos, não consigo ficar indiferente à sina dos que estão sendo massacrados pelo déspota, hoje e agora.
Então, apoiaria a intervenção militar neste momento dramático, deixando para o futuro os problemas futuros.
Afinal, quando iniciativas congêneres -- mas menos nobres -- forem propostas, o Brasil sempre poderá lutar contra elas.
6 comentários:
Prezado Lungaretti:
Ao contrário de você, toda vez que vejo EUA, Inglaterra, França e o séquito habitual se unindo contra "alguém", fico do lado desse "alguém" (sorry, é a minha natureza, não consigo mudá-la), ainda que o fato de eu ter esta ou aquela opinião não tenha a mínima importância.
E as escrotíssimas, sanguinárias e retrógadas ditaduras dos países árabes, travestidas de monarquias? Agora mesmo há pessoas sendo perseguidas, torturadas e mortas por lá. Alguma dúvida quanto a isso?
A ONU, uma sigla desprovida de sentido, tomará alguma providência nesses casos?
Celso, o caso Líbia nos coloca nesse "bico de sinuca":
- Quem são os rebeldes ? sabemos que a CIA patrocina Uma Frente Nacional de " Libertação". O antigo rei destronado ,em 69, se veste de "oposisão".
- Com a crise energetica pelo receio do mundo com as usinas nucleares o petroleo passa a ser mais valorizado como recurso .
Então,uma intervençao militar na Líbia em nome da democracia ou da defesa do povo encabeçada pelo EUA e outros imperialistas...é dificil... isso sem falar de Israel, dos monarcas árabes que vivem presenteando jogadores de futebol com carros de luxo enquanto seu povo vegeta na miséria e na ignorancia.
Meu chapa, como diria raulzito, "se vc correu ,correu ,coreu tanto e não chegou a lugar nenhum ...bem vindo ao século XXI ".
Numa situação como esta, temos de buscar o que há de mais profundo na opção que fizemos: somos revolucionários, defendemos o povo e lutamos pela liberdade; Gaddafi é um genocida que oprime seu povo e lhe impõe uma brutal tirania; portanto, Gaddafi deve ser derrubado e o povo, libertado.
TODO O RESTO É SECUNDÁRIO.
São nossos princípios que nos definem, não nossos inimigos. Pouco importa com quem EUA, Israel, França, Inglaterra, Rússia, China, etc., estejam. Não são demônios. São países que defendem seus interesses. Haverá situações em que sua ação poderá ser positiva, mesmo que por mero acaso.
Outra verdade simples, a mais simples de todas: se nos mancomunarmos com carrascos como Gaddafi, deixaremos de personificar, aos olhos dos cidadãos comuns, a esperança numa sociedade mais humana, justa, mais livre e mais solidária. Passaremos a ser parte da podridão sanguinolenta que está aí.
Falamos em nome de ideais, não de algo que já exista. Oferecemos ao povo nossos sonhos, nossas esperanças. Então, temos como único patrimônio a credibilidade. Se a perdermos, nada restará.
Se associarmos a nossa imagem à de um Gaddafi, quem continuará acreditando em nós?
E se nos mancomunarmos com carrascos como Sarcozy, Obama e tantos outros que já deram mostras que não são confiáveis, os típicos democratas burgueses estadunidenses e europeus? Não estou me referindo aos povos estadunidense ou europeu, Lungaretti, sei que não são demônios, mas sei que quem os comanda não são lá muito confiáveis.
O mesmo que se diz hoje do Gadafi, foi dito sobre o Sadam; e no entanto, quando as notícias começaram a chegar, soubemos de saques, destruição, mortes e estupros, inclusive de crianças (de crianças!).
Eu sei que isso não vai terminar bem, que vai, infelizmente, ficar pior do que está. E vai ficar pior justamente para as pessoas sem nemhuma culpa nisso tudo, jovens, mulheres e crianças. A ofensiva militar, com as bombas, não vai resolver nada, só vai limpar o caminho para que novos opressores assumam o comando.
Caro Celso,
Desta vez eu vou discordar de você. Não Gostei da intervenção autorizada pelas nações unidas. No final das contas, estes ataques vão vitimar a população civil, que não poderá se proteger dos potentes mísseis americanos ou das bombas jogadas de aviões franceses.
Engraçado como certas pessoas acham a tal "intervenção" na Libia uma coisa boa feita pelo escritorio americano a ONU , mas não fazem o mesmo juizo de valores no caso do Iêmem ou do Barhem , sem falar do holocausto promovido por Israel contra o povo Palestino.
A libia não é o Egito.
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