terça-feira, 21 de dezembro de 2010

EXPOSTO JOGO DUPLO DO FATAH: PEDIU A ISRAEL QUE ATACASSE O HAMAS

Em terra de cego, quem tem um olho, os outros arrancam.

Cansei de ser hostilizado pelos  politicamente corretos  em episódios nos quais meu único pecado era o de enxergar bem mais longe do que eles.

P. ex., embora tivesse imediatamente me posicionado contra o golpe em Honduras, fui também dos primeiros a advertir que Manuel Zelaya não estava à altura do desafio: quem se deixa escorraçar do país em pijamas mostra o que dele poderá esperar-se sempre que a barra pesar.

Não deu outra: voltou ao território hondurenho em carreata e depois clandestinamente mas, nas duas vezes, não ousou deixar-se prender para forçar dramaticamente OEA, ONU e aliados regionais a tomarem uma atitude.

Como dizia Charles Gordon (o herói de Cartum), às vezes a vida é o último trunfo que resta a um combatente para tentar reverter uma situação perdida. O pusilâmine Zelaya, contudo, nunca teve fibra para jogar uma cartada dessas.

Também disseram cobras e lagartos sobre a minha posição em relação a árabes e israelenses, expressa em dois artigos que até hoje considero irretocáveis: A tragédia do Oriente Médio e Temos de desmontar a máquina de matar.

O que havia de tão escabroso na minha posição? Leiam (com alguma paciência) e avaliem:
"...discordo dos motivos (principalmente religiosos) alegados para a implantação de Israel onde está, mas não vejo como reverter o fato consumado sem um banho de sangue que não deve ser desejado por nenhum ser humano digno deste nome.

Então, o melhor caminho seria mesmo o recuo de Israel às fronteiras iniciais (de maio/1948), o estabelecimento de um estado palestino e um esforço sincero de todas as partes envolvidas para dar um fim à beligerância na região.

Se, entretanto, Israel mantiver sua intransigência quanto à devolução dos territórios de que apossou-se  manu militari  a partir da guerra árabe-israelense de 1948, e os árabes continuarem não admitindo a existência de Israel, o mínimo de sensatez manda que se descarte, de uma vez por todas, a estratégia sanguinária de exporem-se as populações civis a massacres, em iniciativas sem perspectiva nenhuma de êxito.

Vou explicar melhor. Nem coligados os países árabes conseguiram até agora derrotar Israel, então salta aos olhos e clama aos céus que nenhuma dessas nações obterá êxito isoladamente.

Teriam de combater o estado judeu todas juntas, sob um comando único e respeitado (as divergências entre elas são tão profundas que nunca seguiram verdadeiramente uma estratégia conjunta, apenas enfrentaram Israel ao mesmo tempo, mas como se lutasse cada uma por si).

O que impede uma  guerra santa  dessas? O fato de os mandatários das nações árabes temerem muito mais revoluções em seus próprios paises do que odeiam Israel. São e representam privilegiados que empenham-se, acima de tudo, em manter seus privilégios.

Daí quererem mesmo é evitar qualquer possibilidade de que a mobilização contra Israel acabe se voltando contra eles; povo armado é povo perigoso. Daí virem sabotando-a e até reprimindo-a através dos tempos, embora mantenham a retórica antiisraelense da boca pra fora.

Movimentos fundamentalistas tentam virar o jogo com agressões insensatas a Israel, para provocar retaliações. Sonham com uma situação na qual os judeus provoquem tamanha indignação que os dirigentes das nações árabes, mesmo a contragosto, sejam obrigados a lançar uma nova  jihad.

Isso nunca acontece. E o que essa gente faz é atrair desgraças para seu povo. Velhos, mulheres e crianças são dizimados por conta disso.

Então, a esquerda mundial deveria negar qualquer apoio a essa estratégia de provocações irresponsáveis.

O grande vilão pode ser Israel, mas quem impede o êxito de qualquer campanha militar contra o estado judeu são os dirigentes das nações árabes, com seu jogo duplo".
Pesado? Não. Verdadeiro: o jogo duplo acaba de ser escancarado pelos documentos diplomáticos estadunidenses que o WikiLeaks está tornando públicos.

Então, agora todos ficamos sabendo que o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, pediu a Israel que atacasse o Hamas em 2007, quando do conflito que resultou na tomada de Gaza pelo movimento de orientação islâmica, deixando o laico Fatah restrito à Cisjordânia.

Desesperado em evitar tal desfecho, Abbas não hesitou em suplicar a intervenção do  bicho papão...

Inclusive, segundo um relato de julho/2007 da embaixada dos EUA em Tel Aviv, a inteligência palestina repassava à sua congênere israelense "quase toda a informação" que coletava.

Enquanto persistir tal mentalidade, Israel continuará deitando e rolando no Oriente Médio.

3 comentários:

AF Sturt Silva disse...

E os EUA com ele!

P. P. P. disse...

Caro Celso,

parabens pelo seu trabalho.

Gostaria de saber se procede a informação de que o Brejnev, na guerra do yom kipur, teria avisado a Israel do ataque do Egito e Síria, anulando a vantagem da surpresa.

Agindo tambem, como um duas caras.

abraços.

celsolungaretti disse...

Companheiro, tudo é possível, mas eu não tenho elementos para confirmar tal versão.

Um abração!

Related Posts with Thumbnails