quinta-feira, 21 de outubro de 2010

SOBRE O IMPERATIVO DE CRAVARMOS A ESTACA NO CORAÇÃO DO VAMPIRO

A pesquisa do Ibope confirmou o que eu intuíra: a eleição presidencial está definida. A  tempestade de som e fúria  da mídia golpista e da propaganda eleitoral, significando nada, foi incapaz de alterar o veredicto já dado pelo eleitorado no 1º turno.

O PIG ainda vai produzir uns tantos factóides, mas não passarão de  mais do mesmo. Tudo isso já saturou. No fundo, o que o cidadão comum quer é se ver logo livre dessa  overdose  de política.

Eu também, aliás.

Não vejo solução para os grandes problemas do povo brasileiro e da própria humanidade no âmbito da política oficial. Esta se conforma à hegemonia capitalista, não a transcende.

Então, para determos a marcha insensata rumo à vingança da natureza contra nós e para colocarmos o que foi criado pelo homem a serviço do homem, teremos de nos organizar fora do sistema e contra o sistema -- que hoje é um universo fechado em si mesmo e na sua lógica inumana.

De imediato, entretanto, não podemos cruzar os braços diante da fascistização da sociedade -- uma comprovação de que os sistemas econômicos, quando esgotam sua função histórica, tornam-se cada vez mais perniciosos e autodestrutivos.

O quadro atual é bem parecido com o da decadência de Roma: a revolução necessária (a dos gladiadores, que poderia dar fim à escravidão) foi impedida e a sociedade, sem ter como avançar para o estágio evolutivo seguinte, passou a ser regida pela entropia, a ser corroída por dentro, tornando-se presa fácil dos bárbaros.

O que o capitalismo vai produzir, doravante e cada vez mais, será veneno. Cabe-nos prover antídotos, enquanto não conseguirmos eliminar a besta peçonhenta.

A campanha de José Serra foi, desde o início, uma mistura indigesta do tímido reformismo tucano com as piores forças conservadoras e reacionárias (do DEM, herdeiro daquela Arena que endossava as piores arbitrariedades e atrocidades nos  anos de chumbo, às viúvas da ditadura responsáveis pela campanha virtual de calúnias e falácias contra Dilma Rousseff).

Este traço acentuou-se à medida que, com ideário civilizado, a candidatura demotucana não conseguia empolgar o eleitorado.

Por falta de alternativa, Serra não só apelou para as promessas populistas mais mirabolantes, como passou a repetir a retórica que os inimigos usavam contra ele quando presidia a UNE: o espantalho das Farc e do estado policial (naquele tempo era a  conspiração comunista internacional...), o medievalismo na questão do aborto, etc.

Acertou na mosca a charge de Angeli que o apresentou como militante da TFP, com o estandarte numa mão e o megafone  na outra.

Sob os aplausos do ex-Gabeira, ele se tornou o ex-Serra. A guinada à direita que se prenunciava quando ele autorizou a invasão do campus da USP pelos brucutus da PM e endossou a posição italiana no Caso Battisti, chegou ao desfecho natural.

Seria provavelmente exagerado atribuir-lhe intenções golpistas, no sentido real da palavra. Sonha com a faixa presidencial, então não faria sentido ele estar desde já pretendendo usar o mandato para uma virada de mesa.

Mas, como outro que começou na esquerda e foi  endireitando  cada vez mais, ele poderá repetir o  corvo  Carlos Lacerda, que voou para os quartéis quando suas expectativas se frustraram.

Deve-se levar ainda em conta que, ao lado de Serra, encontram-se muitos que querem, acima de tudo, o retrocesso e tentariam o tempo todo direcionar os acontecimentos no pior sentido.

Tudo isso, para mim, é o chamado  óbvio ululante. Fico pasmo com as interpelações, até iradas, de pessoas de esquerda que acabaram erigindo o lulismo, ao invés do capitalismo, em seu principal inimigo.

Alegam que há figurinhas carimbadas da direita também no campo petista, mas fingem não perceber que são apenas os fisiológicos manjados de sempre, invariavelmente alinhados com o governo, qualquer que seja o governo.

Já os direitistas ideológicos estão todos ao lado de Serra, o que torna temerários não só os contorcionismos retóricos para justificar o apoio a um candidato do campo inimigo, como até a pregação do voto nulo. Não se brinca com fogo.

A dinâmica da política é imprevisível e os cenários mudam com rapidez. Há muitas hipóteses em que uma presidência demotucana poderia abrir caminho para o inconcebível: uma recaída no totalitarismo extirpado em 1985.

A mais óbvia delas, claro, sendo qualquer impedimento do titular que propiciasse a subida do vice ao poder.

Um comentário:

J.Eduardo R. de C disse...

Pois é! Todo mundo já está de saco cheio dessa campanha que já virou baderna. E a culpa é do Serra e dessa mídia encarquilhada que não se toca! Bem que eu queria fosse amanhã a votação para matarmos de vez a fatura. Mais uma semana desse tormento ninguém aguenta mais! E 13 é o número que enterrará os tucanos para sempre!
Um abraço!

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