sábado, 28 de agosto de 2010

AS MONTANHAS CONTINUAM DESABANDO E HÁ CADA VEZ MAIS ABUTRES

A vida repete novamente a arte.

O filme a que o Chile e o mundo assistem, de 33 mineiros aprisionados há mais de três semanas por um desabamento, é um  remake  de A Montanha dos Sete Abutres (1951), do genial Billy Wilder.

Aumentou o número de vítimas, mas o motivo do infortúnio é o mesmo: a ganância, mola mestra do capitalismo.

Na arte, o vilão é um jornalista (Kirk Douglas) que descobre como chegar ao trabalhador soterrado mas prefere não resgatá-lo imediatamente, mantendo-o mais um pouco onde está para capitalizar ao máximo a repercussão sensacionalista do caso.

Resultado: o mineiro morre e ele sente enorme remorso, que o acaba levando também à destruição.

Na vida, a vilã é a empresa de mineração, cujos chefões não mostram nenhum remorso.

Dois meses atrás haviam sido constatadas irregularidades no local, como a falta de fortificação dos tetos e de sinais alertando sobre zonas de risco, além da ausência de comitês paritários para investigar as causas de acidentes e doenças profissionais.

Pior: em 2007 já ocorrera uma morte na mina, obrigando a suspensão das atividades por um ano.

Foi, portanto, a chamada tragédia anunciada -- que, por pouco, não causou a morte estúpida de 33 humildes trabalhadores.

Por culpa da ganância e da insensibilidade capitalistas.

Um comentário:

The Light Son of Janus disse...

Celso,

E depois se acha que as condições hoje são muito melhores do que nos tempos de Marx e Engels. Claro, muitos direitos foram conquistados, mas há um fato: o capitalismo é cada vez mais selvagem. E acho que ainda pode piorar. Com sindicatos perdendo força e a ameaça da flexibilização dos direitos trabalhistas, mais tragédias podem acontecer. Nos resta lutar... e torcer... Muito.

Abraço,
Ivan

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