sábado, 31 de julho de 2010

BAIXARIA COLLORIDA

Fernando Collor continua metido a galo de briga.

Na campanha de 1989, teimou em fazer sua campanha presidencial num subúrbio do Rio de Janeiro onde o brizolismo imperava.

Durante a passeata, mostrava o punho fechado para os manifestantes adversários que o vaiavam e lhe faziam ameaças.

Os ricaços adoraram. Ainda estavam em dúvidas sobre a quem apoiar, mas aí vislumbraram em Collor coragem para enfrentar as forças populares. Não se deram ao trabalho de ler as demais especificações do produto...


Então, não é surpresa que agora tenha reagido como reagiu à publicação de uma notícia sobre a impugnação de sua candidatura ao governo de Alagoas.

"Quando eu lhe encontrar, vai ser para enfiar a mão na sua cara, seu filho da p...", trovejou o senador da República ao jornalista Hugo Marques, da IstoÉ, por telefone.

A Associação Nacional de Jornais divulgou a nota de repúdio de praxe.

É claro que acabará dando em nada.

Também nada acrescenta ao perfil que já tínhamos de Collor. O sinhôzinho do engenho ainda não amadureceu, continua com rompantes de menino mimado.

Então, só me resta recomendar aos colegas mais jovens uma postura alternativa à que eles costumam adotar nesses casos.

Quando fazia revistas de música, no início da década de 1980, li num jornalão que determinado crítico fora entrevistar certo cantor/compositor no quarto de hotel em que estava hospedado.

O dito cujo ficou furibundo com uma pergunta, agarrou o jornalista pelo pescoço, arrastou-o até a porta e o expulsou com um chute no traseiro.

A única reação do fulano, que não aparentava ser mais fraco do que o agressor, foi relatar o episódio numa matéria que ficou ridícula para ambos.

"Olha como o músico é bruto!", esperava ele que os leitores concluíssem.

"Olha como o jornalista é bunda-mole", foi a conclusão seguinte de outros leitores, inclusive eu.

Nunca enfrentara uma situação dessas. Mas, ao ler aquele texto, decidi que o meu papel de jornalista terminaria sempre quando acabasse o respeito.

Tratado como jornalista, responderia como jornalista.

Destratado como homem, reagiria como homem, na mesmíssima altura do insulto ou da agressão.

Nunca me arrependi.

P.S. - A bem da verdade, vale ressalvar que o pontapé no traseiro não saiu no jornal. Quem me contou foi o assessor de imprensa da gravadora que acertara a entrevista...

2 comentários:

Anônimo disse...

Leu o artigo do maierovitch na carta capital? Bela justificativa para os atos das farc, pela ótica esquerdista. Ai eu pergunto: qual a diferença entre a itália dos anos de chumbo e a atual Colômbia?
Será que se o battisti fosse acusado de tráfico de drogas e extorsão mediante sequestro não teria na dupla mino-walter dois ferrenhos defensores pela sua libertação?
Onde anda a coerência da esquerda?

celsolungaretti disse...

Sou seletivo nas minhas leituras. Desisti de acompanhar o trabalho do Maierovitch desde que fugiu de uma polêmica que começamos a travar no site "Conversa Afiada".

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