sexta-feira, 2 de julho de 2010

A VOLTA DE QUEM NÃO FOI

Primeiro passo para sairmos do fundo do poço: livrarmo-nos de Ricardo Teixeira
Ruim não é perder, coisa do esporte.

Ruim é perder fora de suas características, abdicando do que se tem de melhor... para nada.

O futebol brasileiro nunca foi calculista, fingindo-se de morto para dar o bote de repente. Quem joga assim é a Itália.

Nós somos exuberantes, fazemos malabarismos, damos show, criamos um sem-número de chances de gol, convertemos algumas e aplicamos olé. É este o verdadeiro Brasil.

Que não esteve presente na África do Sul. Havia uns impostores em campo, com uniforme azul como o da Itália, jogando um futebol mesquinho como o da Itália. Para vencer sem convencer e ganhar a taça sem merecer.

Parecia que ia dar certo contra uma seleção da Holanda que, apesar dos 100% de aproveitamento até agora, é imensamente inferior à
laranjinha de 1974, à de 1978 e até àquela que despachamos numa partida dramática em 1994.

No 1º tempo, o Brasil marcou um gol, faria um segundo se não houvesse impedimento, criou mais três chances e teve belos lampejos de Robinho.

Mas, nunca nos notabilizamos por defesas, e sim por ataques. Por esquecermos disto, naufragamos no 2º tempo.

A confiança exagerada em Júlio Cesar, Maicon, Lúcio, Jean e Gilberto Silva (Michel Bastos nunca mereceu nenhuma) deu lugar ao desespero quando sofremos um gol bobo, em falta alçada para a área que acabou entrando em meio à confusão de defensores e atacantes.

O segundo gol holandês foi o que há de mais óbvio no futebol: escanteio cobrado no primeiro pau, com um cabeceando para trás e outro concluindo.

Dunga sacou o pior da Seleção em todos os jogos, Michel Bastos, antes que recebesse o cartão vermelho.

Felipe Melo, que surpreendera os brasileiros com o lançamento perfeito para Robinho marcar o primeiro gol, não surpreendeu ninguém ao ser estupidamente expulso. Isto era o que todos esperavam dele.

Dunga insistiu com Kaká, que continua em busca do futebol perdido e não o encontrou também na África. Ele é que deveria ter saído para a entrada de Nilmar, não Luís Fabiano, de quem sempre se poderia esperar um lance de oportunismo.

E, enquanto o Brasil atacava de forma destrambelhada, a Holanda desperdiçava sucessivas chances de dar números mais categóricos à sua vitória.

Muito se vociferou contra os extraordinários talentos que tiveram a desventura de não conquistar a Copa que mereciam, em 1982.

Mas lutaram como leões, até o fim, tentando reverter o destino traiçoeiro. No apagar das luzes Oscar ainda obrigava Dino Zoft a extraordinária defesa.

Já o Brasil de Dunga não era sólido e se desmanchou no ar, como quem entende de futebol alertava desde a convocação e não foi ouvido.

Por último: vamos culpar a pessoa certa, uma vez na vida.

Não os jogadores limitados, destemperados e/ou fora de forma, porque já se sabia que o eram. Simplesmente, não deveriam estar lá.

Nem o técnico carente de experiência, equilíbrio e mentalidade para honrar as melhores tradições futebolísticas do Brasil. Simplesmente, não deveria estar lá.

Mas a CBF e o inqualificável Ricardo Teixeira, que nos cobriu de ridículo por fazer média com os o primarismo dos torcedores.

Estes pediam chicote e cara feia, depois do último fracasso em Mundiais.

Ricardo Teixeira respondeu com a cara feia do Dunga, fornecendo-lhe, ademais, o chicote e carta branca para tratar jogadores, torcedores e jornalistas a pontapés, além de enclausurar marmanjos como se fossem garotinhos de internato (o que deve ter contribuído para o degringola emocional de hoje, quando mais a serenidade se fazia necessária).

Dunga já está fora, crucificá-lo agora só serve como catarse mesquinha. Vamos respeitar sua dor.

Ricardo Teixeira está dentro e pode afundar nosso barco também em 2014.

Já é mais do que tempo de nos livrarmos dele e moralizarmos a CBF, corroída por escândalos e desmandos.

3 comentários:

Nino Coutinho disse...

E deixou! Fico aguardando ansioso sua próxima análise, enquanto nos consolamos de que finalmente o esperado aconteceu: alguém finalmente passou por cima do Brasil!! Não que quiséssemos isso...

GUERRILHEIROS VIRTU@IS disse...

Celso, o nosso modelo de "Confederação" - PRIVADA - pois sempre querem que tudo estaja na PRIVADA - é que ainda é herança maldita da dita(não branda)dura.
Além de bons jogadores, o Brasil se caracterizou por exportr tb corruptos, como denuncia o repórter investigativo que coloca Havelange como o iniciador da corrupção na FIFA e Teixeira pela expecialização...
É tempo de repensarmos estas entidades. Temos copa 2014 e Jogos Olímpicos em 2016.
A atual estrutura esportiva não pode continuar, senão o Brasil será lembrado como o berço das corrupções espotivas...
Saroba

Anônimo disse...

Curiosamente vejo neste texto, enviado para mim por um amigo, o que venho dizendo para amigos há muito: o Brasil era a itália-verde-amarela (não exatamente a Itália de agora, bem dito), enquanto Espanha e Argentina são os "brasis" desta Copa. E por isto mesmo a nossa seleção poderia ter chegado na final, sim, mas acabou perdendo para uma seleção, que, junto com Alemanha, são o meio-termo entre os brasis e as itálias... não por acaso, a provável finalíssima é Holanda x Alemanha.

Mas não é verdade que a Holanda seja tão inferior assim, até porque não se pode comparar futebol de épocas diferentes, embora a mesmice da imprensa sempre tente. E o segundo gol da Holanda até pode ser jogada-manjada, mas é de difícil execução e de mais difícil ainda marcação, quando é executada perfeitamente.

Dunga é homem do futebol atual, cultuador do futebol-de-resultados... mas quem é muito diferente dele, hoje-em-dia?!

Luís

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