quinta-feira, 3 de junho de 2010

NÃO AOS IMUNDOS ARAPONGAS E SEUS DOSSIÊS INFAMES!!!


Encontrei num saldão de DVD's, a preço de banana, O Julgamento de Nuremberg (d. Stanley Kramer, 1961)

Revê-lo depois de muito tempo me deixou melancólico: como retrocedemos desde o tempo em que se lançavam libelos cinematográficos contra o realismo político, em nome da moral e da justiça!

Não se trata de um filme sobre o julgamento principal, aquele do Göering e outros chefões nazistas. Os réus são quatro juízes que sintonizaram suas sentenças com os interesses do Estado.


Em nome dos valores superiores da civilização, a corte resiste às pressões dos militares estadunidenses para ser magnânima com esses pilares da comunidade, já que o enfoque dado à Alemanha mudara: estava sendo vista não mais como a vilã da II Guerra Mundial, mas sim como uma aliada na contenção do comunismo, à qual convinha agradar.


O réu mais digno e pesaroso (Burt Lancaster), considera justa a sentença de prisão perpétua que acaba recebendo. Mas, ainda não consegue compreender como as coisas saíram de controle, foram tão longe e terminaram tão mal.


Num último encontro com o juiz que o julgou (Spencer Tracy) expressa sua estupefação: "Onde toda essa loucura começou, afinal?".


A resposta é antológica: "Começou quando o primeiro juiz condenou o primeiro réu que sabia ser inocente".


Isto veio-me à lembrança ao ver divulgado na internet o conteúdo de um dossiê sobre a filha de José Serra.


Exorto os companheiros de esquerda a não participarem dessa guerra de lama, pois nosso compromisso é com uma sociedade igualitária, livre e justa.


Vitórias eleitorais são, quanto muito, objetivos táticos. Para conquistá-las, não podemos conspurcar a meta maior, o verdadeiro motivo pelo qual lutamos.


Não esqueçamos a velha dialética hegeliana, que aprendemos no começo da trajetória; os fins justificam os meios para os utilitaristas, não para nós.


Acreditamos, pelo contrário, que fins e meios estão em permanente interação. Quem adota um meio sórdido para atingir seu fim, impregna de sordidez também o objetivo final.


Trocando em miúdos, se queremos criar as condições para que os homens se relacionem de forma solidária e ética, não podemos apelar para golpes sujos contra adversários políticos. Nós os combatemos por suas posições e pelo que representam, mas as esferas da individualidade e da vida familiar devem ser respeitadas.


Se recorrermos aos imundos arapongas, espionando candidatos e seus parentes, estaremos nos igualando a Fernando Collor, que transformou a filha não reconhecida de Lula em arma eleitoral. Essa trajetória negativa acaba invariavelmente no mesmo lugar: o esgoto.


A sociedade que estamos tentando construir não será, então, mais aquela com a qual sonhamos. Tomará seu lugar uma sociedade que admite a infâmia como arma política e cultua a vitória a qualquer preço.


Ou seja, mais do mesmo que já temos.



3 comentários:

lucia disse...

Fala sério ! essa história de dossiê esta muito manjada! Ninguem mais acredita nisso. Porque Dilma faria dossiê sobre as supostas falcatruas da filha de Serra? Dilma subindo firmemente nas pesquisas?

Essa oposição além da falta de projetos, está com falta criatividade !!! Faça-me um favor!

celsolungaretti disse...

Lúcia,

meu problema não é com o blablablá na imprensa, mas sim com um e-mail de cidadão dito de esquerda que recebi, divulgando isto aqui: http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/2010/06/o-dossie-da-filha-de-jose-serra-ambev.html

Melhor ajuda ao inimigo, impossível.

Abs.

Anônimo disse...

Dossiê com matérias públicas que estão na internet e até em livro, essa não!
flávio

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